Fernando Ferreira bisou, Cipriano e Martinho brilharam no derby eterno

19 de Janeiro de 1930. No Campo Grande, o Sporting recebeu o Benfica em jogo do Regional. Ambas as equipas necessitavam imperiosamente da vitória – os leões para continuarem a ameaçar a liderança e as águias para a manterem (o Belenenses corria por fora).

Sob o comando de Charles Bell, os sportinguistas alinharam com: Cipriano; Martinho e Jorge Vieira; Varela, Serra e Moura e Matias; Abrantes Mendes, Fernando Ferreira, Oliveira Martins, Abelhinha e Mourão.

Nos primeiros 20 minutos os benfiquistas estiveram mais fortes, e logo aos 3 o árbitro marcou um penalty muito forçado de Martinho sobre Guedes. Cipriano defendeu o remate de Aníbal José mantendo o nulo.

Serra e Moura, em má tarde, sentia dificuldades para assumir o controlo do meio campo e Cipriano ia salvando a baliza leonina por diversas vezes.

À passagem dos 20 minutos Mourão fugiu pela ponta esquerda centrando comprido para um pontapé imparável de Fernando Ferreira (foto), sem defesa possível – um golo primoroso e inesquecível. 15 minutos depois, e com os benfiquistas momentaneamente reduzidos a 10 por lesão de Vítor Silva (em choque com Martinho), após bela jogada de Abrantes Mendes, Fernando Ferreira voltou a “faturar”, se bem que desta vez Dyson pudesse ter feito algo mais.

O descanso chegou com 2-0 para os leões, mas, de novo com 11 jogadores, o Benfica entrou bem na 2ª parte e logo de início conseguiu reduzir por Oliveira II, sem hipóteses para Cipriano. O público agitou-se, o Sporting sentiu o “chão fugir-lhe debaixo dos pés” e o Benfica procurou a todo o transe o empate, tendo sido a sua maior oportunidade um remate de Guedes ao poste, já com o guardião leonino batido… Nesta fase de sofrimento Martinho de Oliveira foi o grande esteio da equipa leonina, tratando-se, segundo o jornal “Os Sports”, de “um jogador com qualidades excecionais do ponto de vista defensivo”.

Num contra-ataque isolado, aos 77 minutos, Abrantes Mendes “acabou” com o jogo fazendo o 3-1 após uma bela jogada. Ambas as equipas sentiram então que o resultado estava feito. Apesar disso, a 2 minutos do fim, Guedes ainda falhou um penalty por mão de Varela na área sportinguista.

Cipriano e Martinho de Oliveira foram as grandes figuras dos leões numa partida em que o médio centro (Serra e Moura) e o avançado centro (Oliveira Martins) estiveram quase “ausentes”. Para “Os Sports”: “Foi a energia e a força da luta empregues no terreno de jogo que construíram uma vitória muito saborosa para os leões”.

Nessa temporada o Sporting acabou por não conseguir o título lisboeta (falhou-o na última jornada), mas restou-lhe a consolação de ter batido de ambas as vezes o Benfica, primeiro nas Amoreiras por 3-2 (logo na abertura da temporada) e depois na partida que acabámos de referir. Quem beneficiou também com estes resultados foi o Belenenses, que acabou por se sagrar campeão.

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