Recuperação heróica no reacender da luta pelo título de 1946

20 de Janeiro de 1946. Depois de ter perdido o Campeonato de Lisboa para o Belenenses, o Sporting entrou no Campeonato Nacional da pior forma, comprometendo logo de início algumas das hipóteses que tinha de chegar ao título. Neste dia do 1º mês do ano, grande jogo com a receção ao Benfica.

Orientado por Abrantes Mendes, o Sporting alinhou com: Azevedo; Álvaro Cardoso e Manecas; Canário, Octávio Barrosa e Lourenço; Armando Ferreira, Cordeiro, Peyroteo, António Marques e Albano.

Esta foi a 5ª vitória consecutiva do Sporting contra o Benfica, que ainda não tinha perdido para o Campeonato, mas o jogo teve uma história interessantíssima. Aos 10, 21 e 22 minutos os encarnados fizeram 3 golos por Rogério e Espírito Santo (2) e a sorte do encontro parecia traçada. O jogo até tinha começado morno, em estudo mútuo, e só à passagem da meia-hora o Sporting deu o 1º sinal de vida com António Marques a rematar ao poste. A bola depois subiu e bateu na trave. Os leões reclamaram golo mas o árbitro, Carlos Canuto, não atendeu. 3 minutos depois, na sequência dum canto, e após tremenda confusão na área benfiquista, Octávio Barrosa desferiu um potentíssimo remate de longe que bateu inapelavelmente Martins, só que Carlos Canuto anulou o tento alegando que Barrosa empurrara 2 adversários para ganhar posição…

O Sporting sentiu-se injustiçado e mais energia ganhou. A 3 minutos do intervalo os leões conseguiram 2 golos seguidos, de raiva, que restabeleceram a emoção. De canto direto, Albano reduziu para 1-3 (com a colaboração de Martins, que ainda tocou na bola). Logo a seguir, a passe de Cordeiro, Peyroteo (possante como sempre) conseguiu esgueirar-se e rematou forte e rasteiro sem hipóteses para Martins.

Na bancada dos leões, à saída para o intervalo, as manifestações eram contraditórias. Se uns vitoriavam a equipa outros apupavam fortemente o árbitro.

Para a 2ª parte o Sporting entrou fortíssimo, e aos 56 minutos chegou ao empate. António Marques centrou da ponta esquerda, Gaspar tocou de cabeça sem conseguir despachar convenientemente e o imparável Peyroteo apossou-se dela, galgou terreno e disparou um verdadeiro tiro com os resultados habituais.

Tudo tinha então voltado ao princípio, mas era o Sporting que tinha o aspeto psicológico a seu favor. A superioridade leonina era evidente a não tardou o 4-3, aos 68 minutos. Armando Ferreira centrou, António Marques rematou, Jacinto defendeu de cabeça para perto e o mesmo António Marques fuzilou autenticamente.

Até chegarem os 90 minutos os encarnados ainda criaram uma boa hipótese para empatar por entre um vendaval de futebol leonino, pelo que, no final, todos concordaram na justeza da vitória sportinguista. Octávio Barrosa (foto de arquivo), António Marques e Peyroteo foram, por esta ordem, as grandes figuras da tarde na equipa do Sporting, que se conseguia assim reerguer na luta pelo Campeonato.

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