Eduardo Lopes – Um cavalheiro no Ciclismo e na vida

Nasceu a 22 de Dezembro de 1917, na freguesia de Socorro – Lisboa. Em 1937 iniciou a sua carreira de ciclista na CUF, como amador. Logo nesse ano venceu o “Circuito da Boca do Inferno”, o “Grande Prémio de Outono” e o “Campeonato Nacional de Fundo para Amadores”. No ano seguinte manteve-se na mesma equipa, triunfando no “Circuito Preparação” e no Campeonato Distrital de Velocidade.

Em 1939 passou a profissional, representando o Unidos do Barreiro (ex-CUF). Renovou o título de Campeão Distrital de Velocidade, obteve o 9º lugar final na Volta a Portugal (que não era a sua especialidade, nem a sua prova favorita – era claramente talhado para clássicas de um dia e chegadas ao sprint), para além de triunfar nos “166km Clássicos de Lisboa” e nas “Duas Horas à Americana” no Lumiar.

Após 2 anos bem sucedidos no Benfica (com 1 título nacional e 1 título distrital de velocidade, uma vitória na clássica “Lisboa-Santarém-Lisboa” e diversos triunfos em etapas na Volta a Portugal), rumou em 1942 à Iluminante, o clube que mais marcou a sua carreira e onde permaneceu 5 temporadas.

Em 1947 chegou ao Sporting, clube no qual concluiu a sua carreira em 2 bons anos de verde e branco. Nesse período venceu os “166km Clássicos”, o “Circuito de Torres Vedras” e obteve o 1º lugar no Prólogo da 1ª etapa da Volta a Portugal, na pista do Estádio José Alvalade. De verde e branco o seu título mais marcante foi, no entanto, o Campeonato Distrital de Velocidade, prova que conquistou em 1947.

De 1937 a 1948 Eduardo Lopes obteve 42 vitórias em circuitos famosos na época, como o da Bairrada, Mealhada, Torres Vedras, Malveira e Volta a Lisboa, destacando-se o seu triunfo na clássica “Porto-Lisboa”, em 1942, realizada numa única etapa, com a duração aproximada de 10 horas, num percurso de cerca de 330Km. Essa era na altura a clássica mais importante e popular em Portugal, o 2º mais longo percurso velocipédico mundial – a seguir ao Bordeaux-Paris (560 Km) e por isso mesmo muito prestigiado aquém e além fronteiras. Eduardo Lopes fez o tempo de 10h25m12s, retirando quase 3 horas ao tempo do vencedor da edição anterior (o sportinguista Francisco Inácio). O seu tempo recorde manteve-se durante mais 6 edições da prova sendo somente batido em 1956 (14 anos depois) em alguns segundos, por Fernando Henriques Silva.

Ao longo da sua carreira realizou várias competições em Espanha, desde o “Madrid-Lisboa” em 1939, até provas de pista em Barcelona, Volta à Catalunha e teve mesmo uma participação na Volta à Espanha em 1945, integrando a primeira equipa de ciclistas portugueses a participar na “Vuelta” desde sempre!

Mais tarde foi o treinador pessoal de Américo Raposo (de 1948 a 1953), a quem ensinou todos os “truques” inerentes à melhor maneira de correr, tendo contribuído duma forma preponderante para o êxito alcançado por aquele na sua carreira de campeão, principalmente em corridas de pista.

Durante toda a sua vida foi notado pela sua conduta calma e ordeira, um cavalheiro que deixou muito boas recordações a quem com ele se cruzou. Morreu em 22 de Agosto de 1997, vítima de acidente vascular cerebral, com 79 anos de idade.

Nota: Agradecemos a Eduardo Lopes (sobrinho do antigo ciclista com o mesmo nome), pela fundamental colaboração.

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1 Comment

  1. Eu é que agradeço ao Sporting Canal a publicação deste artigo, em memória do meu tio, Eduardo Lopes, que inexplicavelmente andava um pouco arredado da história do ciclismo nacional.
    O meu obrigado.
    Bem Haja!

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