1962 – 15º título nacional de Futebol, na última jornada frente ao Benfica

27 de Maio de 1962. Depois de alguns (naturais) percalços, mas sem nunca perder a liderança da prova, chegou-se à última jornada do Campeonato Nacional de Futebol para um escaldante Sporting-Benfica. Escaldante porque Sporting e FC Porto possuiam os mesmos pontos. No entanto, como os leões tinham vantagem direta sobre o seu adversário, “bastava-lhes” vencer o Benfica para garantir o título, 4 anos depois. Para esse desafio decisivo entraram em campo: Libânio; Lino e Hilário; Peridis, Lúcio e Mendes; Hugo, Figueiredo, Diego, Géo e Morais.

O Sporting entrou na firme disposição de marcar o mais cedo possível e conseguiu-o, abrindo o ativo aos 20 minutos. Mendes captou a bola, avançou uns metros e endossou-a a Morais que galgou terreno pelo seu flanco, internou-se e disparou, já com pouco ângulo, cruzado e rasteiro, sem hipóteses para Costa Pereira.

Apenas 6 minutos passaram e os leões aumentaram a contagem. Foi uma brilhante jogada pela esquerda do ataque sportinguista, com toques curtos e tabelinhas que abriram por completo a defesa encarnada. Figueiredo recebeu a bola no centro do terreno e atirou muito bem, mas a bola bateu no poste, ressaltando para Hugo – que concluiu com um ”tiro” forte e certeiro.

O jogo estava na sua fase mais “quente”, e 3 minutos depois os benfiquistas responderam. Num livre perto da área de Libânio, depois de receber um pequeno toque, Eusébio atirou em habilidade enganando o guardião leonino.

Faltavam apenas 5 minutos para o intervalo, numa 1ª parte alucinante, quando Morais marcou um canto para a confusão da defesa benfiquista e ataque verde-e-branco. A bola acabou por entrar impelida por uma má intervenção do guarda-redes Costa Pereira.

O Sporting foi uma equipa com mais garra, com mais ritmo, que não se deixou impressionar por estar a defrontar os campeões europeus. Chegou a intervalo com uma vantagem de 2 golos, que traduziu aquilo que se passou no terreno.

Na 2ª parte os leões fizeram da solidez defensiva o seu principal trunfo embora o ataque não deixasse de funcionar e criar grandes dificuldades ao antagonista. Lúcio foi a pedra base da equipa. Anulou completamente Águas e apoiou bem o seu meio-campo e ataque, mostrando à saciedade toda a sua técnica de futebolista de grande categoria. Péridis, Géo e Mendes foram o trio mais importante no futebol organizado e consistente da equipa.

Terminada a partida (com 3-1 para os leões) a euforia foi tanta que até alguns jogadores benfiquistas andaram em ombros, e o próprio Eusébio saiu do terreno de jogo sem camisola. No final a “cara” dos heróis foi Juca, de apenas 33 anos (o mais jovem treinador campeão de sempre). Ganhava 5 contos por mês e também treinava os juniores. No final referiu: “Sinto-me felicíssimo com o feito destes bravos rapazes que conseguiram hoje obter o justo prémio do seu trabalho, aplicação e dedicação. Amigos, camaradas, fomos uma grande família e pudemos assim viver todos juntos esta alegria. O Benfica jogou completo, bateu-se bem, foi o adversário difícil de sempre. Sinceramente, só nos últimos momentos senti o campeonato ganho”.

Soaram foguetes, correram-se serpentinas. Balões subiram ao céu, de um verde que já não era de esperança, mas da firme certeza de mais uma alegria, o Sporting campeão. Era a hora da consagração.

Fernando Mendes, o capitão, sublinhou o ambiente da “cabina”, onde jorrava o champanhe e só a custo se sustinham as lágrimas: “Afinal os treinadores portugueses também ganham campeonatos!”

Juca quase asfixiava nos braços de todos aqueles que o queriam felicitar. De realçar ainda o desportivismo de Eusébio, Simões, Cavém e José Augusto, que se dirigiram ao balneário do Sporting, e em nome de todo o grupo de trabalho felicitaram o seu adversário na “passagem de testemunho”. Já agora diga-se que nessa mesma tarde o FC Porto, ainda em busca do título, perdeu em Guimarães com o Vitória por 1-0.

Na foto, da esquerda para a direita e de cima para baixo: Carvalho, Lúcio, Mário Lino, Fernando Mendes, Pérides, Hilário, Libâno, Manuel Marques (massagista) e Juca (treinador); Hugo, Figueiredo, Diego, Géo e Morais.

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2 Comments

  1. Não. Tanto Fernando como Faustino já não estavam no Sporting em 1961/62. A sua última época no clube tinha sido a anterior.
    Esse quinteto atacante de que fala foi o mais utilizado em 1959/60. Obrigado.

  2. Se não me falha a memória faltam nesta foto Fernando e Faustino, ambos brasileiros, ou estou errado? Me lembro que a linha avançada era composta de Hugo, Faustino(pelé branco) Fernando, Diego e Morais ou Seminário. De qualquer forma esta equipe me deu muitas alegrias.

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