1936 – Leões ultrapassam águias com o 1º tri no Regional de Futebol

12 de Fevereiro de 1936. Apesar de terem iniciado o Regional Lisboeta pessimamente, ao perderem no terreno do Benfica por 4-0, e de não terem conseguido “vingar” esse resultado na 2ª volta (1-2), os sportinguistas, fruto do facto de terem triunfado em todos os outros jogos e das “escorregadelas” encarnadas, conseguiram chegar ao final da prova em igualdade pontual com o seu arqui-rival. Foi então necessário recorrer a uma partida de desempate para encontrar o Campeão.

O jogo disputou-se nas Salésias e, apesar de ser dia de trabalho, o campo encheu-se duma multidão colossal, tendo o Sporting (orientado por Wilhelm Possak) se apresentado com: Dyson; João Jurado e Vianinha; Abelhinha, Rui Araújo e Raúl Siva; Mourão, Pireza, Soeiro, Rui Carneiro e Francisco Lopes.

Nos primeiros 10 minutos de jogo houve um maior domínio por parte do Benfica, mas o Sporting reagiu de pronto lançando-se abertamente ao ataque. Entretanto, alguma violência ía surgindo entre os jogadores. A ânsia pelo golo deu-lhes um grande nervosismo, pois era objetivo supremo de ambos os contendores alcançar este ceptro lisboeta (ambas as equipas tinham 9 títulos até à altura).

Finalmente, aos 29 minutos, o Sporting inaugurou o marcador por Soeiro, em grande estilo (tal como documenta a foto), a centro de Mourão. Choveram aplausos da entusiasmadíssima claque sportinguista, e apesar de algumas oportunidades de golo terem surgido de parte a parte, o intervalo chegou com a vantagem mínima dos leões.

No início da 2ª parte o Benfica voltou a entrar como na 1ª, conseguindo alguma prevalência, mas Dyson dava confiança aos leões com intervenções seguras. A partir de certa altura o jogo ficou ainda mais tenso, o ambiente tornou-se gélido, com grande expetativa, perante a árdua luta que se fazia sentir. De súbito o público voltou a reagir e a fazer-se ouvir. Para isso muito contribuiu a troca de socos entre Dyson e Vítor Silva, após a qual o árbitro não interveio, talvez por não ter visto…

Aos 66 minutos Soeiro fez uma magnífica tabela longa com Mourão e este solicitou Francisco Lopes, que desviou para as redes fazendo o 2-0. O Sporting ficava muito perto do tri, que nunca havia conseguido.

Os verdes animaram-se ainda mais, mas inesperadamente, e contra todas as previsões, os benfiquistas reduziram aos 71 minutos por Vítor Silva. Com esta “dádiva dos deuses”, que os fizera voltar ao jogo, os encarnados ganharam ânimo, depressa destroçado por uma emenda de Rui Carneiro a centro do fantástico Mourão, que, praticamente, sentenciou a partida. Este tento foi considerado pelo jornal “O Século” como “um golo muito bonito pela prontidão, direção e violência do remate”.

Já na parte final, ainda houve tempo para, a passe de Soeiro, Francisco Lopes aumentar para 4-1 com um pontapé enviesado. O Sporting acabou o jogo em ritmo ofensivo, com um futebol vistoso e alegre que deixou a todos convencidos. O seu trio defensivo teve uma tarde magnífica, enquanto os homens do ataque estiveram também em bom nível. Os leões conquistavam assim o seu 1º tricampeonato lisboeta (já o Carcavelos por uma vez e o Benfica por duas o tinham conseguido), mas, mais importante do que isso, passavam para a liderança dos vencedores, com 10 vitórias, contra 9 do Benfica.

No final do desafio, na cabina do Sporting (onde reinava grande entusiasmo) o capitão Rui de Araújo em declarações ao jornal “Os Sports” afirmou: “O resultado foi justo. Jogámos com mais vontade e conseguimos limpar a face depois dos 0-4 do 1º jogo da época oficial. Foi um desafio duro, uma verdadeira final de Campeonato. O Benfica foi um bom adversário, mas eu e todos os meus companheiros tudo fizemos para ganhar”.

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