1967 – A estreia oficial de Damas (e José Moraes)

12 de Fevereiro de 1967. O Sporting era o detentor do título nacional, mas apesar disso a dupla técnica campeã, composta por Otto Glória e Juca foi desmembrada, tendo sido contratado o espanhol Fernando Argila (ex-técnico do Espanyol de Barcelona) que havia eliminado os leões na Taça das Cidades com Feira da época anterior.

A época futebolística começou muito mal, e nunca mais se recompôs. Depois da derrocada em Budapeste para a Taça dos Campeões Europeus, o Sporting andou a maior parte do Campeonato Nacional na 2ª metade da tabela, só “levantando cabeça” na parte final quando Armando Ferreira chamou a si a responsabilidade de dirigir a equipa.

À 15ª ronda, um momento para recordar. Vítor Damas, que já há muito dava nas vistas nos escalões mais jovens, foi chamado à titularidade para o grande clássico em Alvalade com o FC Porto. Também o brasileiro José Moraes se estreou na equipa nessa tarde. Perante cerca de 25.000 espetadores o Sporting jogou com: Damas; Morais, Armando Manhiça, José Carlos e Hilário; Gonçalves, José Moraes e Sitoe; Carlitos, Manuel Duarte e Peres.

O Sporting ia a 12 pontos dos líderes, Benfica e Académica, e a 9 do FC Porto, por isso os azuis e brancos eram favoritos à partida, mas algum excesso de confiança  e inexperiência acabou por fazê-los perder os 2 pontos da vitória que chegou a parecer certa. Apesar de tudo, Manuel Duarte (a aquisição mais sonante dos sportinguistas para esta temporada, vindo do Leixões depois de ter sido um dos “Magriços” na magnífica campanha do Mundial de 1966 em Inglaterra) teve uma excelente oportunidade para abrir o ativo logo no 1º minuto, mas desperdiçou-a.

Aos 18 minutos os portistas inauguraram o marcador por Bernardo da Velha, na recarga a uma defesa de Damas após remate de Djalma. Seguiu-se um período de claro domínio portista, mas a partir da meia-hora o Sporting começou a aparecer mais acabando este 1º tempo por cima do adversário e com uma jogada muito duvidosa na área nortenha entre Américo e Carlitos.

O intervalo chegou com 0-1, mas logo no início da 2ª parte os azuis e brancos encarregaram-se de cimentar a vantagem. Em contra-ataque, Djalma (muito rápido) bateu Armando, e embora ainda longe da área, perante a saída de Damas, rematou potente e colocado, tendo a bola batido no poste e ressaltado para o fundo das malhas.

Pior ficaram ainda as coisas para o Sporting quando aos 54 minutos Carlitos foi expulso após ter cometido duas faltas bem duras, 1º sobre Valdemar e depois sobre Nóbrega. Apesar de tudo, aos 67 minutos, num livre frontal à grande-área portista, José Moraes arrancou um poderoso remate a meia altura – a bola passou a barreira e não deu quaisquer hipóteses a Américo. A um quarto-de-hora do fim os leões chegaram à igualdade. Gonçalves, na extrema direita, centrou por alto, para José Moraes se elevar melhor que todos e fazer um golão de cabeça.

A partida acabou por terminar com um empate 2-2 que não satisfez ninguém… No final, o estreante brasileiro estava moderadamente satisfeito. Afinal sempre marcara 2 golos, só que os leões não venceram. “Fiquei radiante por ter marcado os 2 golos que deram o empate ao Sporting, mas quanto ao resto da minha exibição sinceramente não gostei. Senti-me sem velocidade e muito preso de movimentos, o que penso ser natural dado que ainda não tinha jogado esta época. Posso fazer muito melhor nos próximos jogos”.

O outro debutante, Vítor Damas, apesar de a equipa do FC Porto ter dado grandes problemas e ter estado tão perto da vitória, não teve praticamente nada que fazer. Ainda assim teve de ir buscar duas bolas ao fundo da baliza. Ainda por cima, foram-lhe atribuídas algumas culpas no 1º golo, pois a sua sapatada na bola, para a frente, não foi nada feliz… O (ainda) técnico leonino Fernando Argila entendeu que “Na 2ª parte, embora muito difícil, foi brilhante a recuperação do Sporting, que teve de lutar contra 2 golos de desvantagem e a ausência de Carlitos, cuja expulsão considero muito rigorosa. Para isso, vários jogadores do FC Porto também deviam ter levado o cartão vermelho. Ao José Moraes faltou rotina de jogo, mas já não é nada mau ter marcado os nossos 2 golos…”

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