1956 – Walter e Travassos em foco num triunfo “em homenagem a Scopelli”

22 de Abril de 1956. Uma semana antes Alejandro Scopelli despedira-se de técnico da equipa de futebol do Sporting com um empate em Coimbra a uma bola. Abel Picabêa seria o novo treinador, mas entretanto era o técnico dos juniores – Anselmo Pisa, que orientaria a equipa na receção ao FC Porto (travava um luta tremenda, que viria a vencer, com o Benfica pela conquista do título nacional).

Muito entusiasmados, os portistas “invadiram” Lisboa alugando um avião e partindo de Campanhã em diversos combóios rumo à capital. Com tiques “futuristas” o irrascível treinador brasileiro dos portistas – Yustrich, proibiu os seus jogadores de falar aos jornalistas. Para o Sporting a partida era mais uma questão de honra, pois a luta pela vitória no Campeonato Nacional estava completamente afastada. A equipa: Carlos Gomes; Caldeira, Passos e Joaquim Pacheco; Walter e Juca; Rocha, Vasques, Miltinho, Travassos e Martins.

Logo aos 5 minutos, após boa escapada de Martins pela esquerda, Vasques, sem preparação, atirou ao poste. 10 minutos depois, a canto de Travassos, Walter (foto de arquivo) cabeceou imparavelmente para o fundo das redes -estava feito o golo solitário do encontro.

À passagem da meia-hora, talvez a melhor jogada da partida. Rocha teve uma ótima iniciativa pela direita e centrou, Martins rececionou bem e disparou com “selo de golo”, mas a bola bateu no poste. O intervalo chegou assim com 1-0, muito curto para o volume de jogo produzido pelas equipas.

Logo no início da 2ª parte os portistas tiveram a sua 1ª jogada de perigo de todo o jogo. Numa confusão na área leonina a bola acabou por bater na mão de Walter, segundo o próprio “sem qualquer intenção”. No minuto seguinte Martins superou no choque 2 defesas contrários e endossou a bola a Miltinho. O brasileiro fintou Pinto e, já sem ângulo, rematou de costas e de calcanhar para a baliza. A bola entrou, mas o árbitro anulou por fora de jogo (muito duvidoso). A 10 minutos do fim Carlos Gomes saiu da baliza para conjurar o perigo mas foi batido por Gastão que rematou para as redes. No entanto, na proteção à sua baliza estava Walter, que salvou sobre o risco fatal o golo do empate. No último minutos Gastão ainda viu um golo ser-lhe invalidado (bem) por fora-de-jogo.

O final chegou com o resultado de 1-0, natural face àquilo que ambas as equipas realizaram nos 90 minutos. O constante movimento e o excelente sentido de antecipação terão sido as grandes armas dos leões para vencerem este jogo, numa equipa em que Travassos foi o melhor em campo, enchendo-o da sua classe. O argentino Anselmo Pisa, treinador dos juniores dos leões (seriam campeões nacionais) e interino da equipa principal, afirmou: “Foi um jogo bem disputado no qual o Sporting atuou bem e mereceu inteiramente a vitória. Foi um jogo de sofrimento a duplicar, pois estava no Jamor com o pensamento na Covilhã (à mesma hora jogavam os juniores) onde os meus miúdos se batiam com o Sporting local. Só à tarde quando cheguei a casa e liguei o rádio é que soube do resultado deles (vitória por 2-1). Também não vou poder ir ao seu próximo jogo em Évora, mas pela semana adiante desenvolverei trabalho intensivo pois apesar do treino dos consagrados não quero de forma alguma descurar a preparação dos mais jovens. De manhã treinarei a equipa principal e a reserva, e à tarde aspirantes e juniores”. Pedido a comentar o perfil do argentino Picabêa, que já se sabia ir ser o novo técnico leonino, Pisa referiu: “O novo técnico é um estudioso profundo e muito competente a quem me liga uma boa amizade por intermédio do meu pai, que foi seu companheiro de equipa”.

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