Anselmo Fernández Rodríguez nasceu a 21 de Agosto de 1918 em Lisboa. Era filho de pais espanhóis. Iniciou o seu percurso futebolístico nas camadas jovens do Sporting, com 16 anos, mas nunca se conseguiu impor no clube. 9 anos depois abandonou definitivamente o “desporto rei” (apesar de mais tarde ainda ter sido árbitro) para se dedicar ao Râguebi.

Arquiteto de profissão, foi dele (e de Sá da Costa) o projeto do Estádio Alvalade 2ª geração (pelo qual não aceitou qualquer tipo de remuneração), do Hotel Tivoli e da Reitoria da Universidade das Faculdades de Letras e Direito de Lisboa.

Era um homem de personalidade forte, muito discreto e quando chegou a técnico adorava causar o efeito surpresa no adversário, “inventando” o mais que podia, mas muitas das vezes com bons resultados. Dizia ele: “Julgo nunca ter atuado mais de 20 minutos seguidos com a mesma tática.”

Tinha um estilo de treino muito próprio, e foi o 1º treinador em Portugal a recorrer ao vídeo para que os seus jogadores pudessem conhecer melhor as equipas adversárias. Apesar de algo austero tinha um curioso espírito liberal, permitindo, por exemplo, que os jogadores depois das refeições bebessem um pouco de uísque para ajudar à digestão.

Na temporada 1963/64 substituiu o brasileiro Gentil Cardoso (de quem já era Secretário Técnico) no comando técnico da equipa do Sporting, que fazia uma época fraca. Contra todas as expetativas conseguiu a maior proeza que alguma vez um treinador logrou alcançar ao serviço dos leões, ao conquistar a Taça das Taças. No decorrer dessa época nunca aceitou 1 escudo que fosse de remuneração.

Na temporada seguinte voltou a ser líder da equipa (coadjuvado por Juca) por um curto período

Duas temporadas depois (1965/66) foi-lhe proposto um contrato de 15 contos mensais a que acedeu, mas após uma vitória em Bordéus por 4-0 para a Taça UEFA renunciou ao cargo, pois o vice-presidente Pereira Silva decidiu enviar aos emigrantes em França uma carta de captação de simpatias com as assinaturas de 11 jogadores. O dirigente leu a carta ao almoço e perguntou a opinião ao arquiteto. Ele respondeu-lhe que a ideia era engraçada mas que achava que, por enquanto, ainda era ele o treinador, não percebendo por isso porque estavam lá aqueles 11 nomes e não outros. Após a vitória rotunda, e chegados a Lisboa, Fernández demitiu-se e nunca mais voltou ao Sporting, que chegaria ao título nesse ano.

Mais tarde passou como treinador pela CUF, mas um grave acidente de viação terminou-lhe a carreira.

Em 1964 ganhou o Prémio Stromp (categoria de Técnico profissional).

Morreu a 19 de Janeiro de 2000 em Madrid.

ANSELMO FERNÁNDEZ como treinador do SPORTING
ÉPOCA J V E D GM GS % TÍTULOS
1963/64 14 4 7 3 18 14 53,6 TT
1964/65 8 5 2 1 15 11 75
1965/66 3 2 1 0 10 3 83,3 CN
TOTAL 25 11 10 4 43 28 64 1TT – 1CN

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