Bons jogos na época festiva

3 de Janeiro de 1932. Aproveitando a época de Natal e fim de ano (de 1931 para 1932) o Sporting procurou trazer a Lisboa valorosas equipas estrangeiras, o que não conseguiu. Sendo assim, os leões convidaram para vir ao seu campo de jogos algumas das melhores equipas portuguesas de fora de Lisboa.

Primeiro foi o campeão de Setúbal, o Vitória, que proporcionou “um dos melhores jogos dos últimos tempos”, tendo-se verificado um empate a uma bola. Depois foi o Olhanense, a equipa mais prestigiada do Algarve, que saiu batida sem apelo por 4-0. Finalmente, ao 3º dia de Janeiro, foi o FC Porto, campeão da sua região, a equipa convidada.

A partida era aguardada com grande expetativa, pois se por um lado 3 meses antes o Sporting havia saído do Porto com uma derrota por 6-0 (!), por outro os portistas ainda só tinham ganho esta temporada. Para os verde e brancos era uma aposta de risco, ainda por cima porque a equipa (orientada pelo britânico Arthur John) estava longe de demonstrar padrões satisfatórios de jogo.

Os leões alinharam com: Dyson; Jurado e Jorge Vieira; Carlos Rodrigues, Varela e António Faustino; Abrantes Mendes, Octávio, Mourão, Eduardo Mourinha e Valadas.

O público acorreu em massa para este confronto entre campeões do Porto e de Lisboa mas o jogo não correspondeu às melhores expetativas em termos técnicos. No que diz respeito ao empenho e fogosidade, eles não faltaram de ambos os lados. O Sporting entrou com grande ímpeto e os portistas com mais calma fazendo uso da sua técnica superior. Notava-se que era um confronto entre uma equipa em construção e outra equipa já “feita” e a viver um período de grande confiança.

Logo aos 6 minutos os leões abriram o ativo com um tiro “seco” desferido por Valadas, da ponta-esquerda. O Sporting animou-se, mas foram os portistas a empatar, aos 18 minutos, com um remate muito forte, de longe, de Waldemar. Logo a seguir Acácio Mesquita colocou os portuenses em vantagem após bela assistência do mesmo Waldemar.

O Sporting reagiu com “raça” e aos 37 minutos chegou ao empate. Abrantes Mendes fugiu e centrou pela direita, Mourinha assistiu por alto Mourão e este com um toque subtil de cabeça bateu Siska.

A 2ª parte foi monótona. Muita bola por alto, muito individualismo e poucos remates. À passagem dos 72 minutos Faustino atirou muito forte na conversão dum livre direto, Siska defendeu, Mourão recargou, gerou-se grande confusão e a bola acabou na baliza portista. Era o 3-2. Os portistas reclamaram imenso, dirigiram-se mesmo para as cabinas, mas a intervenção dos dirigentes de ambos os clubes fez a partida prosseguir cerca de 10 minutos depois. Até final Mourão e Abrantes Mendes ainda estiveram perto de aumentar a contagem.

O cronista de “Os Sports” presente no Campo Grande afirmou: “O resultado aceita-se, se bem que os portistas pudessem ter saído de Lisboa com outro score. A defesa leonina esteve toda bem, o meio-campo praticamente só sabe defender e o ataque lutou como pôde. Esta é uma equipa de forte compleição física que joga com entusiasmo mas que tem ainda de evoluir muito para ter sucesso”.

Essa evolução chegou rapidamente, bem mais cedo do que muitos esperavam.

Foto (arquivo): Mourão

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