1927 – 15 minutos em grande chegaram para ganhar o derby

23 de Janeiro de 1927. A equipa de futebol do Sporting teve uma presença discreta no Campeonato Regional de 1926/27. Pese embora contasse com um ótimo técnico, profissional e com provas dadas (Augusto Sabbo), o futebol leonino carecia de organização e empenho. Aliás, o treinador do Sporting seria despedido em Janeiro (ainda antes do derby a que nos referimos agora), pois a Direção do clube julgou-se incapaz de lhe pagar 1.000$ mensais (de facto, uma exorbitância para a época). Segundo Jorge Vieira, capitão-geral da turma verde e branca, “O Sporting ficou muito longe dos seus resultados habituais devido à deficiente assiduidade da maioria dos jogadores aos treinos (um estado de espírito lamentavel que urge remediar) e à irregularidade na composição das equipas (que resultou, a maioria das vezes, de impossibilidade física ou social dos componentes dos grupos)”. Apesar de todos os problemas, a receção ao Benfica veio dar alguns motivos de regojizo aos apaniguados leoninos. O Benfica era favorito pois os leões faziam um mau campeonato e as águias seguiam com ambições (acabariam por terminar a prova atrás do Sporting). O jogo confirmou as expectativas, mas o resultado contrariou-as. A equipa verde e branca: Cipriano; António Rodrigues e Jorge Vieira; João Francisco, Serra e Moura e Martinho; Abrantes Mendes, Jaime Gonçalves, Filipe dos Santos, Cervantes e José Manuel Martins. Logo aos 11 minutos Antunes inaugurou o marcador para os benfiquistas aproveitando a lentidão de Jorge Vieira no alívio duma jogada de aflição na sua área. Durante todo o 1º tempo foram os encarnados a controlar o jogo, e o resultado até era curto ao intervalo, apesar de Cervantes ter desperdiçado uma...

Fernando Ferreira bisou, Cipriano e Martinho brilharam no derby eterno

19 de Janeiro de 1930. No Campo Grande, o Sporting recebeu o Benfica em jogo do Regional. Ambas as equipas necessitavam imperiosamente da vitória – os leões para continuarem a ameaçar a liderança e as águias para a manterem (o Belenenses corria por fora). Sob o comando de Charles Bell, os sportinguistas alinharam com: Cipriano; Martinho e Jorge Vieira; Varela, Serra e Moura e Matias; Abrantes Mendes, Fernando Ferreira, Oliveira Martins, Abelhinha e Mourão. Nos primeiros 20 minutos os benfiquistas estiveram mais fortes, e logo aos 3 o árbitro marcou um penalty muito forçado de Martinho sobre Guedes. Cipriano defendeu o remate de Aníbal José mantendo o nulo. Serra e Moura, em má tarde, sentia dificuldades para assumir o controlo do meio campo e Cipriano ia salvando a baliza leonina por diversas vezes. À passagem dos 20 minutos Mourão fugiu pela ponta esquerda centrando comprido para um pontapé imparável de Fernando Ferreira (foto), sem defesa possível – um golo primoroso e inesquecível. 15 minutos depois, e com os benfiquistas momentaneamente reduzidos a 10 por lesão de Vítor Silva (em choque com Martinho), após bela jogada de Abrantes Mendes, Fernando Ferreira voltou a “faturar”, se bem que desta vez Dyson pudesse ter feito algo mais. O descanso chegou com 2-0 para os leões, mas, de novo com 11 jogadores, o Benfica entrou bem na 2ª parte e logo de início conseguiu reduzir por Oliveira II, sem hipóteses para Cipriano. O público agitou-se, o Sporting sentiu o “chão fugir-lhe debaixo dos pés” e o Benfica procurou a todo o transe o empate, tendo sido a sua maior oportunidade um remate de Guedes ao...

O último jogo no Regional de 1915/16, frente ao Benfica

16 de Janeiro de 1916. O Sporting fez o seu último jogo no Campeonato de Lisboa dessa época (devido a problemas surgidos com a AFL – que levaram à desistência na competição), frente ao Benfica. Depois duma bem sucedida digressão a Madrid os leões eram tidos como uma extraordinária equipa, que vencera claramente, os jogos até aí disputados – 6-0 ao Império, 5-0 ao Lisboa FC e 7-0 ao CIF. O Benfica vinha também de boas exibições no Torneio Internacional de Sete Rios. O jogo disputou-se no campo do Stadium. Os camarotes eram a 2 e 3$, os “fauteuils” a 60 e 50 centavos, as bancadas a 40 centavos e o peão a 15 centavos. O Sporting alinhou com: Paiva Simões (na foto); Amadeu Cruz e Jorge Vieira; Marcelino, Artur José Pereira e Boaventura da Silva; António Stromp, Jaime Gonçalves, Perdigão, Francisco Stromp e Armour. Raúl Barros estava magoado com uma fratura contraída em Madrid, constituindo uma baixa importante nos sportinguistas. Mais de 7.000 pessoas assistiram ao jogo, numa partida que despertava grande entusiasmo. Apesar de todo o interesse gerado o desafio não teve o brilho que seria de esperar. As equipas, apesar de muito enérgicas, estiveram demasiado ansiosas e agressivas, com um futebol precipitado. O Sporting carregou muito na 1ª parte mas não conseguiu concretizar, acabando por ser o Benfica a marcar o 1º golo. Nos primeiros 20 minutos da 2ª parte os leões continuaram a dominar e chegaram ao empate por António Stromp num belo remate. O árbitro, Luciano Simões, esteve muito bem apesar da grande luta, que no entanto nunca excedeu o razoável. Segundo o “Diário de Notícias”:...

1937 – Pentacampeões de Lisboa em Futebol

23 de Dezembro de 1937. Foi impressionante o desempenho do Sporting no Campeonato Regional de Lisboa. Em 10 partidas os comandados de Jozef Szabo cederam apenas um empate! O último desafio foi neste dia, nas Salésias, de onde os leões sairam com uma vitória por 4-2. Este foi um jogo de repetição depois de o Sporting já ter batido o Belenenses por 5-4 mas com um último golo irregular, facto assumido pelo árbitro, o que causou o deferimento do protesto ao jogo dos azuis. Os leões já eram campeões desde o empate na partida anterior com o Benfica nas Amoreiras a duas bolas, mas este foi o jogo da consagração. A equipa: Azevedo, Jurado e Mário Galvão; Rui de Araújo, Paciência e Manecas; Joel, Pireza, Peyroteo, Heitor e João Cruz. Preto inaugurou o marcador logo nos primeiros minutos a passe de Perfeito, mas o Sporting respondeu de pronto e fez um golo (bem anulado por falta de Peyroteo). Num livre de Manecas, Peyroteo recolheu a bola e assistiu para trás Paciência, que com a bola no ar aplicou um petardo que Dyson só a viu no fundo das redes (era o 1º golo em jogos oficiais deste jovem médio leonino). Não demorou até o Sporting ganhar vantagem, por Pireza, em remate de volei a assistência de João Cruz. Antes do intervalo Peyroteo ainda atirou uma bola à trave, para além de várias outras boas oportunidades de golo desperdiçadas pelas duas equipas. O Belenenses entrou a atacar para a 2ª parte mas foi o Sporting a ampliar a vantagem por Peyroteo após uma excelente jogada coletiva que envolveu também Heitor, João...

1938 – Hexacampeões regionais de Futebol – um recorde extraordinário

18 de Dezembro de 1938. Jogou-se no Lumiar a partida decisiva do Campeonato de Lisboa no qual o Sporting obteve a sua 13ª vitória e alcançou uma recorde de 6 títulos consecutivos que nunca viria a ser igualado Este terá sido o mais equilibrado Regional de sempre. A prova só se decidiu na última jornada, mas nas 3 derradeiras rondas os leões não deixaram margem para dúvidas goleando confortavelmente todos os adversários, alguns ainda na luta pelo título. O último e decisivo jogo disputou-se frente ao Carcavelinhos, tendo o Sporting (sob a orientação de Jozef Szabo) alinhado com: Azevedo; Jurado e Mário Galvão; António Figueiredo, Paciência e Manecas; Rui de Araújo, Soeiro, Peyroteo, Canário e João Cruz. Num terreno encharcadíssimo e sob chuva forte, os leões entraram no jogo com tudo para resolver o mais depressa possível a questão do título. Logo aos 7 minutos Quirino lançou as duas mãos à bola dentro da sua grande área. No penalty respetivo João Cruz inaugurou o marcador. 4 minutos depois, a passe de Peyroteo, Soeiro fez o 2-0. Aos 18 minutos, após assistência de cabeça de Peyroteo, Canário aumentou a conta para 3-0, e passados 7 minutos Rui de Araújo estabeleceu o 4-0 em remate cruzado. À meia-hora, a centro de Cruz, Peyroteo fez em força (como era seu hábito) o 5-0. Assim, com 30 minutos de jogo, todos os avançados leoninos já tinham “assinado o ponto”. A novo centro de Cruz, Peyroteo fez pouco depois o 6-0 com que chegou o intervalo. Os leões entraram algo cansados na 2ª parte depois de um 1º período de jogo altamente fatigante. Por...

1941 – 15º Campeonato Regional de Futebol com 5-0 ao Benfica

14 de Dezembro de 1941. O Benfica-Sporting, no Campo Grande (novo estádio dos encarnados inaugurado havia pouco tempo), era a partida decisiva para atribuição do título lisboeta. Sob o comando de Jozef Szabo, o Sporting apresentou-se com: Azevedo; Rui de Araújo e Álvaro Cardoso; Gregório, Daniel e Manecas; Mourão, Soeiro, Peyroteo, Canário e João Cruz. Segundo a imprensa da época assistiu-se a um belo espetáculo, sobretudo na 1ª parte, período no qual os leões se exibiram com inegável brilhantismo. O Sporting foi superior desde o início, e só no 1º quarto-de-hora do 2º tempo (numa altura em que já perdiam por 2-0) os benfiquistas esboçaram uma reação, mas Azevedo, com 3 excelentes intervenções, negou-lhes qualquer proveito. Aos 17 minutos o Sporting abriu o marcador. Soeiro, da meia esquerda, lançou um remate violento e rasteiro, difícil de conter. Aos 33 surgiu o 2-0. Passes consecutivos de Daniel, Cruz, Canário e novamente Cruz, que rematou para defesa incompleta de Martins, surgindo Peyroteo, fulgurante, a fazer o golo. O 3-0 apareceu aos 75 minutos. Gregório deu a bola a Soeiro, este desviou-a para a esquerda e João Cruz , desmarcado, rematou colocado. Peyroteo fez o 4-0 aos 81 minutos. Foi na sequência dum trabalho perfeito de Manecas, Mourão e Cruz, que lateralizou para o avançado-centro que rematou para o melhor sítio. O último golo da tarde foi de João Cruz, já 30 segundos depois da hora. O ponta avançou com a bola, isolou-se, fintou o guarda-redes e marcou. Numa análise à partida, de realçar que o entendimento entre Cardoso e Manecas na asa esquerda leonina foi perfeito. O ataque, atuando com grande rapidez, com jogadas largas (às...

1942 – 16º título regional de Futebol com triunfo na Tapadinha

13 de Dezembro de 1942. Depois de na semana anterior ter derrotado o Benfica num derby “escaldante” e quase decisivo, ao Sporting bastava empatar na Tapadinha frente ao Atlético CP para conquistar mais um título regional A equipa orientada por Jozef Szabo fazia uma bela prova, tendo perdido pontos apenas nas deslocações ao Belenenses (empate) e Benfica (derrota), mas tinha-se encarregado de derrotar os rivais na 2ª volta. A equipa: Azevedo; Manecas e Álvaro Cardoso; Paciência, João Nogueira e Canário; Mourão, Soeiro, Peyroteo, Pireza e João Cruz. O ambiente era entusiasta e mais emocionante ficou a tarde com o 1º golo da partida a ser obtido pelos locais (Ramos). A partida estava difícil mas os leões davam tudo por tudo. Pireza fez o empate (o seu último de 126 golos oficiais pelo clube) e entusiasmou a falange leonina, que mais empolgada ficou com o 1-2, por Peyroteo aos 60 minutos. Com o 3º golo, de Soeiro, aos 78 minutos, a questão ficou definitivamente arrumada e os leões conquistavam o seu 16º título regional (uma grande vantagem já sobre todos os rivais de Lisboa), 3º consecutivo! Foto (arquivo) – Pireza marcou o último golo oficial da sua carreira nesta partida...

1936 – Tetra-Campeões de Lisboa, um novo recorde

13 de Dezembro de 1936. Jogava-se a última jornada do Campeonato Regional de Lisboa. Com 1 ponto de atraso para o Benfica, o Sporting recebia o temível Belenenses (a 2 pontos dos benfiquistas e ainda com hipóteses de conquistar o título), enquanto o Benfica se deslocava à Tapadinha para defrontar o Carcavelinhos. Teoricamente o Benfica tinha tudo para ser campeão, mas… No Campo Grande, sob o comando de Wilhelm Possak, o Sporting alinhou com: Azevedo; Jurado e Joaquim Serrano; Alcobia, Rui de Araújo e Faustino; Mourão, Pireza, Soeiro, Francisco Lopes e João Cruz. O Sporting entrou muito bem fazendo o golo solitário da partida logo no 1º minuto. Em contra-ataque João Cruz fugiu pela esquerda e centrou. Uma amálgama de jogadores saltou à bola, que acabou por bater no poste e ser rechaçada para a frente. Surgiu então o inevitável Soeiro a empurrá-la para a baliza. O Sporting dominou todo o 1º tempo, criando as principais oportunidades de golo, com destaque para as situações perdidas pelo seu avançado-centro. Na 2ª parte os leões mantiveram o ritmo. Com Soeiro em grande destaque, os verde e brancos criaram diversas chances para aumentar a contagem, mas sem sucesso. No último minuto, na sequência dum canto de João Cruz, Alcobia marcou mais um golo, anulado pelo árbitro José António Deniz sem razão aparente. No final, vitória por 1-0. Nos leões a defesa chegou e sobrou para o ataque belenense. Os 3 médios estiveram em grande plano tanto em termos defensivos como atacantes. O ataque esteve a um nível somente razoável com exceção de Soeiro (apesar dos vários golos perdidos na 1ª parte), que...

Solidariedade para com um “oficial” do mesmo “ofício”

5 de Dezembro de 1915. O Sporting defrontou o CIF naquela que seria a sua vitória mais “gorda” da temporada. Esta partida teve a curiosidade de marcar o regresso de 2 dos melhores futebolistas lisboetas, que há algum tempo estavam ausentes por doença – António Stromp e Picão Caldeira (do CIF – que 2 anos mais tarde, curiosamente, viria a jogar no Sporting). O desafio não teve grande interesse face à superioridade do Sporting. No “Sport Lisboa” disse-se que: “Os jogadores do Sporting tomaram uma resolução que achámos altamente cortez e desportiva (…) resolveram não carregar Picão Caldeira (na foto), fraco ainda da recente doença, a fim de não o magoar, ainda que lealmente (…) A determinada altura, num momento em que um jogador do Sporting apontou à rede, Picão defendeu mas não segurou a bola. Os jogadores do Sporting acorreram, mas quando chegaram perto da baliza pararam. Picão viu-se rodeado de jogadores contrários, mas como nenhum carrega, fica sem saber o que se passa e supõe que o juíz parou o jogo. Esta atitude mantém-se até que alguém lhe grita e Picão resolve enviar a bola para meio do campo”. Quanto ao jogo propriamente dito, o jornal “Sport Lisboa” referiu: “Dos avançados do Sporting estiveram em destaque Francisco Stromp e Jaime Gonçalves. António Stromp mostrou-se naturalmente destreinado, Perdigão inoportuno e Armour pouco diligente – como de resto é seu hábito. Artur José Pereira e Jorge Vieira estiveram bem tal como Paiva Simões, que apenas fez uma defesa”. O Sporting ganhou facilmente por...

1º jogo oficial de Futebol, frente ao Grupo Sport Lisboa

1 de Dezembro de 1907. Este foi um jogo que iniciou uma rivalidade com mais de 1 século de existência. Era a 1ª partida dos leões no 2º Campeonato de Lisboa, 1º no qual os sportinguistas participaram. Disputou-se na Quinta Nova, em Carcavelos, sob muita tensão devido à polémica que meses atrás causara a mudança de vários jogadores do Grupo Sport Lisboa (futuro Benfica) para o Sporting. A equipa de Belém recorreu a diversos elementos provenientes da 2ª categoria, campeões da época anterior, promovidos à equipa principal. O Sporting jogou com: Emílio de Carvalho; Daniel Queirós dos Santos e José Bello; Albano dos Santos, António Couto e Fritz; António Rosa Rodrigues, Cândido Rosa Rodrigues, James Eagleson, Viegas e Henrique Costa. A equipa sportinguista apresentou 6 jogadores que pouco tempo antes pertenciam ao seu adversário, mais um ex-CIF, José Bello. O jogo começou sob muitos nervos, num clima de conflito e muita rijidez. Dominados pela emotividade, os jogadores não conseguiram explanar um bom futebol, principalmente os do Grupo Sport Lisboa, que acusaram muito o facto de defrontarem ex-colegas, que há bem pouco tempo eram as suas referências no futebol, e com quem haviam aprendido quase tudo o que sabiam. Foi o ambiente gerado em torno deste jogo que “acendeu a chama” da rivalidade que o tempo exponenciaria. O Sporting fez-se valer da superior estatura e condição física dos seus elementos, pois no seu futebol notou-se alguma falta de ligação. Num embate renhidíssimo, os leões marcaram 1 golo na 1ª parte por Cândido Rosa Rodrigues (1º golo em provas oficiais da História do Futebol do Sporting) e depois veio uma chuva torrencial,...
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