Rui Bento – Um “relógio” tático

Rui Fernando Silva Calapez Bento nasceu a 14 de Janeiro de 1972 em Silves. Foi no clube da sua terra que se iniciou na prática do Futebol, passando ainda como juvenil para o Benfica. Depois de ganhar o Mundial de sub-20 por Portugal (1991) chegou aos seniores dos encarnados onde permaneceu apenas uma temporada transitando para o Boavista. Considerado um líbero de grande categoria, foi sendo pouco a pouco mais utilizado como médio defensivo e aí exponenciou todas as suas capacidades. Pelos boavisteiros consolidou o seu potencial e foi como campeão (no único título dos axadrezados) que chegou ao Sporting no Verão de 2001. Estreou-se pelos leões logo no 1º jogo oficial da temporada frente ao FC Porto (1-0). Fez um dupla de sucesso com Paulo Bento no “miolo” do terreno, que proporcionava aos mais dotados tecnicamente (como Pedro Barbosa, João Pinto ou Quaresma) jogarem sem grandes preocupações defensivas. Realizou 33 jogos oficiais e ajudou a ganhar o Campeonato e a Taça. Não sendo jogador para “grandes correrias”, destacava-se pelo rigor tático que emprestava ao jogo, aliado a um bom posicionamento e razoável capacidade técnica. O momento mais curioso da sua 1ª época em Alvalade foi o “golaço” que marcou na final da Taça frente ao Leixões que a equipa de arbitragem (chefiada por Olegário Benquerença) não considerou por não se aperceber que a bola tinha ultrapassado (e fê-lo claramente) a linha de golo. A temporada seguinte não foi tão feliz, mas Laszlo Bölöni raramente abdicou do rigor tático de Rui Bento. Voltou a realizar 33 jogos e apontou o seu único golo em todo o percurso no Sporting a 24 de...

Juca

Júlio Cernadas Pereira nasceu a 13 de Janeiro de 1929 em Lourenço Marques. Começou a jogar no Sporting local a guarda-redes, mas com a falta de médios na equipa acabou por ser empurrado para esse lugar, de onde nunca mais saiu . Chegou à metrópole em 1949 (juntamente com Wilson) e quando assinou contrato com os leões disse-se que o Sporting tinha descoberto uma “cabeça de ouro”. Estreou-se oficialmente (e logo marcando 1 golo) no dia 29 de Janeiro de 1950 num Sporting-Estoril (5-1) para a 15ª jornada do Campeonato Nacional. Por Alvalade ficou como futebolista durante 9 temporadas (178 presenças – 9 golos marcados) conquistando 5 Campeonatos Nacionais e uma Taça de Portugal. Em 1958/59 e 1959/60 ainda fez parte do plantel mas nunca jogou devido a problemas físicos, Nas primeiras épocas foi entrando na equipa esporadicamente (o lugar de médio esquerdo ainda “pertencia” a Veríssimo), mas  de 1952/53 a 1955/56 foi “dono do lugar”. Nas últimas duas temporadas era habitual suplente do brasileiro Osvaldinho. A sua última presença aconteceu a 5 de Janeiro de 1958 no Sporting-Belenenses (3-2) para o Campeonato. Como curiosidade refira-se que marcou o 1º golo no jogo de inauguração do Estádio Alvalade de 2ª geração, a 10 de Junho de 1956, mas na própria baliza (2-3 frente ao Vasco da Gama). A 8 de Setembro de 1960 foi homenageado em Alvalade num jogo frente à CUF, no qual o Sporting triunfou por 5-0 e em que se estreou o goleador Figueiredo. Jogou por 6 vezes na Seleção Nacional. Pouco depois do abandono como futebolista (cedo, devido a lesões), Juca (que entretanto passou pelos juniores) substituiu Otto...

Peres – Médio ofensivo com futebol “perfumado”

Fernando Peres da Silva nasceu a 8 de Janeiro de 1942 em Algés. Formado no Belenenses cedo deu nas vistas com internacionalizações nas camadas jovens. Mais tarde foi internacional militar e ainda militando no clube do Restelo foi integrado na seleção principal portuguesa. Chegou ao Sporting no Verão de 1965 como principal aposta para reverter a tendência após 3 anos sem títulos nacionais. Para adquirir o seu passe o Sporting pagou 100 contos ao Belenenses e 800 ao jogador, que foi ganhar 4 contos por mês. Logo na estreia oficial, a 12 de Setembro, marcou o seu 1º golo na deslocação a Évora para defrontar o Lusitano na 1ª jornada do Campeonato (5-2). O seu futebol tecnicista (com um pé esquerdo magnífico) e ótima qualidade de passe conquistaram rapidamente a “plateia” de Alvalade. Fez 40 jogos e marcou 13 golos contribuindo em boa escala para o 12º título nacional dos leões, apontando até o golo decisivo na Póvoa de Varzim. As duas temporadas seguintes não foram tão felizes e acabou por sair para a Académica no defeso de 1968. Em Coimbra permaneceu apenas 1 ano pois em Alvalade sentiu-se rapidamente saudades do “perfume” do seu futebol. No início da época 1969/70 regressou ao Sporting e mais uma vez provou toda a sua qualidade ao contribuir para mais um título com 37 presenças e 14 golos em partidas oficiais. Nas duas temporadas seguintes voltou a estar em grande plano mas conflitos com a direção fizeram-no sair do clube numa altura em que ainda possuía grandes recursos… A 23 de Maio de 1971 contribuiu de forma decisiva (com 7 golos) para o jogo que está...

David Julius – Luso-sul-africano com “enorme pulmão”

David Abraam Julius nasceu a 8 de Janeiro de 1932 em Joanesburgo – África do Sul. Médio bem dotado fisicamente, tanto atuava pela meia direita como pela meia esquerda. Algumas vezes foi ainda defesa e outras médio ofensivo – a polivalência era um dos seus trunfos. Em Julho e Agosto de 1954 o Sporting fez uma longa digressão por África que incluiu um jogo na África do Sul. A partir daí David Julius ficou “apaixonado” pelas cores verde e branca e não descansou enquanto não deixou a profissão de motorista e o futebol (que estava dividido entre associações brancas, mestiças, negras e indianas e todas proibidas de jogar entre si) no seu país e partiu para Portugal… Chegou ao Sporting (foi um dos 2 primeiros futebolistas sul-africanos a jogar oficialmente em clubes doutros continentes – a par de Steve Mokone no Cardiff City) no Verão de 1957 e logo mereceu a confiança do técnico Enrique Fernández. Estreou-se oficialmente no dia 8 de Setembro num Sporting-FC Porto (3-0) a contar para a 1ª jornada do Campeonato Nacional. Marcou pela 1ª vez a 26 de Janeiro de 1958 no Sporting-Torreense (6-1) para a mesma competição. Nessa 1ª época atuou preferencialmente como médio-direito, mas a partir da temporada seguinte, com a ascensão de Fernando Mendes, passou a ocupar um lugar sobre a esquerda. Até 1960/61 foi sempre titular, mas a partir daí, com o surgimento de Péridis e José Carlos, passou a jogar menos vezes. Alinhou pela última vez numa deslocação à CUF (0-4) a 10 de Novembro de 1963. Nessa sua última temporada pelo clube marcou presença, sempre como titular, na eliminatória a...

Litos – Um grande talento que poderia ter chegado mais longe

Luís Filipe Vieira Carvalha nasceu a 6 de Janeiro de 1967 em S. João da Madeira e foi na Sanjoanense que começou a jogar futebol. Estava ainda no escalão de iniciados quando foi “descoberto” pelo Sporting (o clube “de coração” desde muito novo). O seu talento logo deu nas vistas e nas camadas jovens foi sempre internacional. No defeso de 1984 o Sporting perdeu Futre para o FC Porto, mas em Alvalade havia a crença de que Litos (também aliciado pelos portistas mas que acabou por permanecer de verde e branco) não ficaria nada a dever em termos de potencial ao ex-companheiro. John Toshack, o técnico contratado para orientar o futebol do Sporting na altura, apostou forte no jovem centrocampista e promoveu a sua estreia logo no 1º jogo oficial da época, o Sporting-Vitória de Guimarães realizado a 26 de Agosto de 1984 (3-0). A 3 de Outubro Litos estreou-se a marcar oficialmente ajudando a resolver uma eliminatória da Taça UEFA que estava muito complicada em Auxerre (2-2 ap). Nessa 1ª temporada realizou 37 jogos oficiais apontando 8 golos. Dono de uma capacidade técnica muito acima da média, dizia-se que o seu potencial não tinha limites e havia quem lhe chamasse o “Platini português”. Entretanto John Toshack foi despedido e a partir da temporada seguinte, com Manuel José (e Keith Burkinshaw), Litos foi perdendo protagonismo na equipa embora continuasse a jogar com alguma assiduidade. O mesmo foi acontecendo com António Morais, Pedro Rocha e Raúl Águas. Com o tempo foi sendo utilizado quase sempre como médio ala direito, posição que desempenhava com eficácia mas sem brilhantismos. Era na posição 10 que conseguia...

De Franceschi – Extremo à moda antiga

Ivone De Franceschi nasceu a 1 de Janeiro de 1974 em Padova – Itália. Começou no clube da sua terra onde permaneceu vários anos. Chegou em 1998/99 ao Veneza, na Série A, onde deu boas indicações, suficientes para despertar o interesse de Giuseppe Materazzi, novo técnico do Sporting para 99/2000. Curiosamente, não foi com o seu compatriota que se estreou. Só com a chegada de Inácio ao comando técnico o extremo-esquerdo italiano se apresentou pela 1ª vez numa receção ao Boavista a 4 de Outubro de 1999 (2-0). Duas semanas depois marcou num Sporting-Sp. Braga (2-0). Acabou por ser uma peça importante na equipa sportinguista que conquistou o histórico título nacional desse ano, num conjunto onde Augusto Inácio privilegiava o uso de flanqueadores, o que o beneficiou. Tinha boa técnica e era sobretudo muito incisivo na acções ofensivas – nas quais chegava com certa facilidade à linha de fundo centrando depois, quase sempre, de forma certeira. Da sua passagem pelo Alvalade recorda-se uma empatia enorme entre De Franceschi e os adeptos. Ainda hoje o italiano afirma: “Foram só 8 meses, mas intensos. Joguei bem, as pessoas aceitaram-me e conquistei aquele campeonato. Hoje as pessoas olham para mim e lembram-se disso. Sempre fui discreto, só queria jogar futebol e não parecer mais do que sou. Sinceramente não sei porque recebo tanto afecto, recebi mais do que dei, mas a vida tem estes mistérios. Nem tudo o que é belo se explica.” Foi utilizado em 30 jogos oficiais, marcando 3 golos. Deixou uma óptima imagem no Alvalade mas os responsáveis pelo Futebol leonino na altura acharam excessivo o preço do seu passe....

Amunike – O melhor africano de 1994 e Campeão Olímpico em 1996

Emmanuel Amunike nasceu a 25 de Dezembro de 1970 em Eze Obodo – Nigéria. Chegou ao Sporting em Outubro de 1994 após negociações dificílimas encetadas pelo então presidente Sousa Cintra (a pedido de Carlos Queiroz) com o Zamalek (clube de origem – onde conquistou vários títulos) e o Duisburgo (onde se encontrava emprestado). Só a excelente capacidade negocial e o poder de antecipação de Cintra permitiu um desfecho favorável da contenda. A aposta revelou-se profícua. Actuando como médio ala esquerdo o nigeriano destacava-se pelo notável empenho no jogo, atacando e defendendo com igual eficácia. Tratava-se de um verdadeiro jogador de equipa que muitas vezes resolvia jogos porque também possuía atributos técnicos assinaláveis. Participou com grande destaque no Mundial de Futebol de 1994 nos EUA (num ano em que ganhou a Taça das Nações Africanas – marcando na final) e estreou-se de “leão ao peito” a 30 de Outubro num Sporting-Beira Mar (2-0). Apontou o seu 1º golo no dia 1 de Dezembro e com ele resolveu o derby frente Benfica para o Campeonato (1-0) – melhor momento para se estrear a marcar era difícil! No final desse ano foi eleito o Melhor Jogador Africano. Esteve 3 temporadas em Alvalade (de 1994/95 a 1996/97 – Dezembro), marcando presença em 70 jogos oficiais e apontando 21 golos. Ganhou uma Taça de Portugal (1994/95) e uma Supertaça (1995/96). No Sporting atingiu indubitavelmente o pico das suas aptidões como futebolista. No Verão de 1996 foi medalha de ouro pela Nigéria nos Jogos Olímpicos de Atlanta, marcando na final à Argentina. O seu último jogo foi realizado a 8 de Dezembro de 1996 num Rio...

Martinho de Oliveira

Martinho Andrade de Oliveira nasceu em Lisboa. Começou por dar nas vistas no Sporting na Natação. Em Setembro de 1923 sagrou-se mesmo Campeão de Portugal na estafeta de 4X200 metros livres ao lado de Francisco Leote, Sebastião Herédia Jr. e Emile Renou. No futebol, estreou-se oficialmente (com o treinador Julius Lelovitch) a 21 de Junho de 1925 em jogo da meia-final do Campeonato de Portugal ganho ao Olhanense por 1-0. Depois jogou a final, perdida para o Porto por 2-1, numa época em que os leões se sagraram Campeões Regionais. Na temporada seguinte já foi totalista, realizando todos os 14 jogos oficiais da equipa como médio-esquerdo, o mesmo acontecendo em 26/27, época na qual apontou o seu 1º golo, a 30 de Janeiro de 1927, num empate (2-2) com o União Lisboa para o Regional. Futebolista polivalente, jogou em 27/28 (época em que chegou a internacional português) como médio-direito numa temporada em que os leões comemoraram o seu 6º título regional. No ano seguinte uma mudança ainda mais radical – Charles Bell colocou-o a defesa-esquerdo numa época em que Jorge Vieira praticamente não jogou. Em 29/30 o grande capitão leonino voltou a ser regularmente utilizado, pelo que Martinho derivou para o lado direito da defesa, onde continuou a produzir excelentes prestações. Em 1930/31, sob a orientação de Joaquim Filipe dos Santos, o Sporting foi Campeão Regional pela 7ª vez. Martinho de Oliveira esteve em grande plano como defesa-direito, chegando inclusivamente ao posto de capitão de equipa e realizando todos os jogos. Em 1932 e 33, com Arthur John e Rudolf Jeny, jogou muito pouco (e como defesa-esquerdo), realizando a...

Nani

Luís Carlos Almeida da Cunha (conhecido no mundo do futebol por Nani) nasceu a 17 de Novembro de 1986 na Cidade da Praia – Cabo Verde. Iniciou-se nas lides futebolísticas na sua cidade natal, mas ainda criança veio com a família para a Amadora, começando a jogar no Real Massamá, clube onde o Sporting o foi buscar com 15 anos. Estreou-se oficialmente na equipa principal no 1º jogo da temporada 2005/06 (a 10 de Agosto), sob o comando do treinador José Peseiro – derrota no Alvalade por 1-0 frente à Udinese para a 1ª mão da pré-eliminatória de acesso à Liga dos Campeões. Nos primeiros tempos jogou a espaços, mas com a chegada de Paulo Bento (que com ele tinha sido Campeão Nacional de juniores na época anterior) passou a alinhar com grande regularidade. Marcou pela 1ª vez a 30 de Outubro de 2005 num empate a duas bolas no Bessa e acabou, na época de estreia, por somar um número significativo de presenças (36) apontando 6 golos e mostrando todo um virtuosismo que encantou os adeptos verde e brancos. Na temporada seguinte conseguiu evoluir enormemente em termos táticos e tornou-se um indiscutível na equipa (40 jogos e 6 golos) ajudando a ganhar a Taça de Portugal  – vitória por 1-0 frente ao Belenenses a 27 de Maio de 2007, naquele que foi o seu último jogo pelo Sporting – e a ficar a apenas a 1 ponto da conquista do Campeonato… No final da época o Manchester United “abriu os cordões à bolsa” e pagou 25,5 milhões de euros pelo seu passe ao Sporting (a maior “venda” da...

Hadji – Um talento magrebino

Mustapha Hadji nasceu a 16 de Novembro de 1971 em Ifrene – Meknès-Tafilalet – Marrocos. Emigrou ainda muito jovem para França e lá começou a jogar futebol no Nancy. O seu talento não passou despercebido a ninguém, e apesar de convidado para alinhar pelas seleções mais jovens gaulesas, optou pelo país de onde é natural, e ao serviço de Marrocos começou a ser frequentemente internacional. Esteve presente no Mundial de 1994 e 2 anos depois foi contratado pelo Sporting por indicação do novo técnico, o belga Robert Waseige. Estreou-se oficialmente a 23 de Agosto de 1996 na 1ª jornada do Campeonato Nacional (triunfo na Maia frente ao Sporting Espinho por 3-1) e na ocasião marcou também pela 1ª vez. Nessa 1ª temporada jogou com grande regularidade (36 presenças), normalmente na esquerda do meio campo. No ano seguinte baixou de rendimento, sobretudo após a saída do treinador Octávio Machado. Acabou por alinhar pela última vez a 1 de Dezembro de 1997 numa derrota frente ao Leça por 1-0, rescindindo logo a seguir (de forma litigiosa) alegando razões psicológicas. Assim, acabou por totalizar apenas duas épocas no Sporting, tendo realizado 52 jogos oficiais e marcado 8 golos, o último dos quais numa derrota em Leverkusen por 4-1 para a Liga dos Campeões (5 de Novembro de 1997). Deixou a imagem dum futebolista com classe, boa técnica e capacidade para fazer assistências, mas algo frágil a nível mental. De Alvalade rumou à Corunha (o Deportivo viria depois a ser obrigado a indemnizar o Sporting em cerca de 1 milhão de contos) onde voltou a demonstrar o seu valor (em 1998 voltou a estar...
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