Joaquim Guerreiro de Oliveira Duarte nasceu em 1891. Era um homem muito discreto, médico dentista, que sorria pouco e gostava que o apelidassem de “leão de pedra”. Admitido como sócio do Sporting em 20 de Maio de 1921, fez parte da equipa de Polo-Aquático (onde chegou a internacional) do clube que se sagrou pela 1ª vez Campeã Nacional, em 1922, feito que repetiu em 1926, conquistando ainda 2 Campeonatos Regionais. Dirigiu o posto náutico do clube em 1926 e 1927. Foi presidente da Federação Portuguesa de Natação e da Associação de Futebol de Lisboa. Foi um dos mais brilhantes e profícuos presidentes do Sporting e o 2º que mais tempo seguido permaneceu no cargo (só superado por João Rocha), entre 1932 e 1942 (já estivera na presidência entre 1928 e 1929). Nesse período a coletividade floresceu em ecletismo, com destaque para o Futebol, Ciclismo, Andebol de Onze, Hóquei em Patins e Atletismo. Também em termos estruturais o Sporting ganhou muito com a sua presença pois, entre outros aspetos, foi ele a tornar possível o arrendamento do Stadium de Lisboa em 1937, que permitiu ao clube dispor de muito melhores condições. Deveu-se também a ele a instalação da sede do clube no fantástico Palácio Foz onde numerosas festas fizeram as delícias da “melhor” sociedade lisboeta. Realizou o 1º Congresso Leonino com a participação de todas as filiais e delegações do clube. Desenvolveu enormemente a prática da Ginástica no Sporting dando-lhe as bases para o futuro brilhante que ela veio a alcançar. Gostava de repetir a frase “Não devemos nada a ninguém a não ser favores”. A gestão financeira da sua gerência, baseada...
26 de Janeiro de 1980. Analisando para a comunicação social de forma profunda o momento atual do Sporting, o presidente João Rocha afirmava que o passivo do clube andava pelos 89.000 contos mas que o seu ativo era superior a 300.000, pelo que não havia motivos para grandes apreensões. O líder sportinguista declarou ainda que o Sporting era vítima de grande incompreensão oficial, por oposição ao Benfica, para quem tudo era facilitado. Disse ele que “Para o Benfica é tudo deferido em 2 meses e para o Sporting, ao fim de 16 meses, nem um caracol!” Fazendo um auto-elogio, Rocha referiu que quando assumiu a presidência do clube ninguém o queria fazer, e que no clube de Alvalade arriscou o seu esforço, a sua vida e o seu dinheiro. Apesar dos êxitos ecléticos do clube serem uma constante, o Futebol (que até acabaria esse ano por conseguir o título) não ía propriamente de vento em popa, pois os sucessos escasseavam. Talvez por isso João Rocha estivesse ligeiramente desencantado e procurasse encontrar uma sucessão para o seu “reinado”. Tudo mudou 8 meses depois após um conjunto impressionante de êxitos para a coletividade. Numa Assembleia Geral apoteótica João Rocha foi reconduzido no seu cargo, voltando a “sonhar” com a Sociedade de Construções e Planeamento, que pretendia criar no Sporting uma verdadeira cidade...
24 de Novembro de 1944. O Sporting havia ganho mais um Regional lisboeta de Futebol há pouco tempo. Foi oportuna a entrevista de Barreira de Campos (na foto), o presidente da coletividade, ao jornal “Os Sports”. Segundo a opinão do líder sportinguista: “Esta foi uma vitória com valor e brilho, alcançada em luta nobre e leal com os nossos mais fortes rivais no campo desportivo. No Campeonato Nacional tentaremos vencer e tenho esperanças que isso aconteça”. Cerca de 1 mês antes o Sporting tinha jogado em Espanha com o Atlético Aviación: “A última viagem a Madrid foi gloriosa por todos os motivos para o desporto nacional e sportinguista. O ambiente que encontrámos em Espanha excedeu as nossas melhores expetativas. Fomos mensageiros do reatamento de relações luso-espanholas, tendo esta constituído uma ação positiva do clube em favor do desporto nacional. Merecemos inequívocas manifestações de simpatia, deixando também a melhor impressão entre os dirigentes do futebol espanhol”. No que diz respeito ao desenrolar das outras modalidades: “No Atletismo, em 1944, só não vencemos os campeonatos de seniores e temos uma equipa com uma ótima perspetiva de futuro (seria campeã nacional na época de 45). No Ciclismo, apesar da fraca atividade nacional, obtivemos alguns bons triunfos, realçando também a prestação de João Lourenço por terras de Espanha. No Andebol, Basquetebol e Natação, sem vitórias relevantes, prosseguimos o rumo certo. No Ténis mantemos magnífica atividade. Inaugurámos um novo court que tem a particularidade de o terreno ser permeável, absorvendo com facilidade a água das chuvas, o que permite jogar-se no Inverno”. Partindo para uma perspetiva mais global: “A situação geral do clube, em...
José Salazar Carreira nasceu a 2 de Novembro de 1894 em Lisboa. Foi um dos mais carismáticos e eclécticos atletas e dirigentes do Sporting, atingindo prestígio nacional e internacional. Como atleta iniciou a sua atividade no Ginásio Clube Português, ingressando no Sporting em 1912, e para sempre. Durante 25 anos competiu em Atletismo, Esgrima, Andebol, Natação, Raguêbi e Ténis, sempre com as cores verde e branca. Foi ele que introduziu o Râguebi em Portugal em 1922, e foi com ele que o Sporting se sagrou tetra-Campeão Regional entre 1927 e 1930. Também a ele se deveu o aparecimento das camisolas listadas a verde e branco, que começaram a ser utilizadas no Râguebi e mais tarde se estenderiam ao Futebol e a todas as modalidades do clube. O modelo foi inspirado no equipamento do Racing Clube de France (listado a azul e branco) que Carreira trouxera duma visita a Paris. Como atleta começou, no entanto, a dar nas vistas no Atletismo. Em 1913 já participara na equipa vencedora na estafeta 3X300 metros dos Jogos Olímpicos Nacionais, mas no ano seguinte arrasou ao triunfar, na mesma competição, nos 100, 200, 400 e 800 metros. Após o período conturbado da 1ª Guerra Mundial, na qual o desporto português viveu um período de grande marasmo, Salazar Carreira foi Campeão Nacional dos 400 metros barreiras do Pentatlo, em 1922. Até 1924, última época no Atletismo, conseguiu somar 3 títulos nacionais de 400 metros barreiras (batendo nesse ano o recorde nacional da distância com 1m04,6s) e 2 de 4X400 metros. No Andebol de 11 fez parte da equipa que ganhou o 1º Regional disputado no nosso...
José de Sousa Cintra nasceu a 26 de Outubro de 1944 em Raposeira – Algarve numa família humilde. Desde muito cedo mostrou uma “queda” fantástica para o negócio. Vendeu caracóis, aguarelas, foi ascensorista no Hotel Tivoli em Lisboa. Depois voluntariou-se para a Marinha onde esteve 4 anos. Após o 25 de Abril viu-se sem alguns bens mas rapidamente recuperou e tornou-se um empresário de grande sucesso no ramo das águas. Chegou a presidente do Sporting em Julho de 1989 (eleições participadíssimas) numa altura em que os leões viviam uma das suas maiores crises de sempre na sequência da presidência de Jorge Gonçalves, e por lá permaneceu até Junho de 1995. Construiu grandes equipas de futebol mas nunca conseguiu ganhar um único título oficial – mesmo a Taça de Portugal conquistada em 1995 aconteceu alguns dias depois de ter saído da presidência – para onde entrou Pedro Santana Lopes. Nas outras modalidades o clube teve grandes sucessos. Com ele o Sporting ganhou 5 Taças dos Campeões Europeus de Crosse, uma Taça das Taças de Hóquei em Patins, começou a pontificar no Futsal, teve o seu melhor período de sempre no Voleibol e consolidou o domínio no Ténis de Mesa, entre outros cometimentos. Muito ambicioso, e focando-nos no Futebol. começou por ter um papel decisivo em segurar “as jóias da coroa” – Figo e Peixe, que, ao que constava, estariam a caminho do Benfica. Depois, durante os seus mandatos, contratou para o Sporting nomes com algum “peso” nacional e internacional (Ivkovic, Gomes, Luizinho, Balakov, Yordanov, Valckx, Juskowiak, Paulo Sousa, Pacheco, Vujacic, Marco Aurélio, Naybet e Amunike – entre outros) e também...
José Holtreman Roquette (Alvalade) nasceu a 10 de Outubro de 1885. Foi o grande mentor do Sporting e aquele que mais fez o clube “andar para a frente” nos seus primeiros anos de existência. A sua influência junto do avô, Visconde de Alvalade, permitiu dotar o clube de instalações ímpares em Portugal. Por sua convicção o Sporting assumiu-se desde o início como uma coletividade de “boa sociedade e boas famílias” onde não faltava espaço para acontecimentos sociais de relevo para além da prática desportiva. Foram suas as célebres palavras: “Queremos que o Sporting seja um grande clube, tão grande como os maiores da Europa”. Como desportista foi sempre vulgar, mas soube rodear-se de alguns dos melhores atletas do seu tempo que fizeram o clube alcançar triunfos importantes. Foi vice-presidente da 1ª organização oficial do futebol português – a Liga Football Association, e no Sporting foi presidente (entre 1910 e 1912), vice-presidente e sócio número 1. Em 1914 concretizou o sonho de edificar o melhor parque desportivo do país da altura, o Stadium de Lisboa, que não pertencendo ao Sporting (e inclusivamente provocando a demolição da tribuna do parque de jogos dos leões…) causou-lhe dissabores com a restante família leonina. Por isso, 2 anos depois, afastou-se do clube numa altura em que Mário Pistacchini, Júlio de Araújo e Carlos Basílio de Oliveira lideravam um processo de renovação do mesmo. Morreu a 19 de Outubro de 1918 no Hospital do Rego com apenas 33 anos vítima da epidemia que ficou conhecida como a “pneumónica”. Como homenagem o Sporting decidiu batizar o seu estádio no Campo Grande com o nome de José Alvalade,...
António Ribeiro Ferreira nasceu a 17 de Setembro de 1905 em Alvaiázere. Oriundo de uma família “de posses”, licenciou-se em Direito em Lisboa (1926), destacando-se desde logo pelo dom da palavra. Foi vice-presidente da Comissão Concelhia da União Nacional durante 6 anos, vereador na Câmara Municipal de Lisboa em 1934 e Governador Civil de Évora em 1938 e 1939. Foi admitido como sócio do Sporting em 1935. 3 anos depois orientou o Congresso leonino e de Agosto de 1943 a Março de 1951 dirigiu o Boletim (Jornal) do clube. Tomou posse como presidente a 19 de Janeiro de 1946 numa altura em que o Futebol verde e branco não vivia os seus melhores dias. Tomou então a decisão de contratar Cândido de Oliveira e os leões melhoraram muito, arrebatando a Taça de Portugal com 4-2 ao Atlético CP, na 1ª final realizada no Jamor. No ano seguinte ficaria intimamente ligado à nova sede do Clube (a 10ª), na Rua do Passadiço, onde abundaram os eventos sociais que tantas receitas geraram ao clube. Para essa temporada, contratou Robert Kelly para trabalhar com Cândido de Oliveira, e aí começou a série imparável de 7 títulos nacionais em 8 anos. A 14 de Setembro de 1947, muito por ação do incansável presidente, foi inaugurado o 1º Estádio José Alvalade (que pouco depois foi relvado), fruto de remodelação profunda no velho Estádio do Lumiar. Com ele o ecletismo leonino floresceu. O Ténis de Mesa e o Andebol de sete iniciaram a sua cavalgada de títulos nacionais, a secção de Motorismo foi reorganizada, os saraus de Ginástica e os festivais atléticos mostravam a vitalidade...
Daniel Augusto Queiroz dos Santos nasceu a 15 de Julho de 1879. Foi educado na Real Casa Pia de Lisboa, onde adquiriu a paixão pelo desporto, tendo começado a jogar futebol em 1894. Mais tarde passou pelo Grupo Sport Lisboa (que mais tarde viria a resultar no Benfica), que por alturas de 1907 não conseguia resolver o incómodo problema de falta de campo próprio. Os jogadores, quase todos de nível e estatuto social elevados, fartaram-se da instabilidade e decidiram abandonar o clube. Em Maio de 1907, numa Assembleia Geral, vários dos melhores jogadores foram autorizados a transferirem-se para o “abastado” Sporting Clube de Portugal, fundado 1 ano antes. A lista dos dissidentes incluía Daniel Queiroz dos Santos. Estreou-se oficialmente no 1º jogo “a sério” da História do Sporting (como defesa-direito), frente ao Grupo Sport Lisboa (a 1 de Dezembro de 1907), para a 1ª jornada do Campeonato Regional, que os leões venceram por 2-1. Depois ainda jogou algumas vezes nessa temporada e na seguinte, sem conseguir títulos (os leões ainda davam os primeiros passos em competição). Desde logo foi visto como um líder, e por isso rapidamente se tornou capitão-geral da equipa, para além de membro do Conselho Técnico e instrutor do futebol leonino. Desportista multifacetado, fez parte da 1ª equipa de Criquete do Sporting, que defrontou a do CIF a 24 de Maio de 1908. A partir de 1910 fez também parte das equipas do Sporting de Luta de Tração que dominaram inapelavelmente o panorama nacional durante vários anos. Nesse mesmo ano (a 23 de Setembro) foi um dos fundadores da Associação de Futebol de Lisboa). No ano...
António Augusto Serra Campos Dias da Cunha nasceu a 13 de Julho de 1933 na cidade da Beira – Moçambique. A sua família instalou-se em Portugal quando tinha apenas 9 anos. Licenciou-se em Direito e praticou muito desporto na juventude – do Futebol ao Basquetebol, do Andebol ao Râguebi. A sua ligação a Moçambique foi-se mantendo e lá estabeleceu negócios e apoiou instituições sociais. Pela “mão” de Emídio Pinheiro (um antigo presidente da Assembleia Geral), associou-se ao Sporting, clube ao qual chegou aos corpos diretivos por influência dum amigo de longa data – José Roquette. Em Agosto de 2000 assumiu mesmo a presidência do clube e da SGPS leonina, sucedendo precisamente a José Roquette, que transformara o futebol do Sporting numa SAD. Na altura já era visto com uma voz algo incómoda, por vezes para o próprio clube, não se coibindo de criticar mesmo em alturas inoportunas. Sob a sua presidência foram construídas e inauguradas as obras mais marcantes do chamado “Projeto Roquette” – a Academia Sporting e o novo Estádio Alvalade. Também sob o seu comando os leões foram Campeões Nacionais e vencedores da Taça de Portugal de Futebol em 2002 e conquistaram a Supertaça na temporada seguinte, para além de outros êxitos em diferentes modalidades. O seu mandanto como presidente do Sporting ficou ainda marcado pelo facto de nunca se ter cansado de falar do malfadado sistema que controla(va) o nosso Futebol, nomeando mesmo as “caras” desse sistema (Pinto da Costa e Valentim Loureiro). A sua ação ajudou a abrir consciências e a, indiretamente, despoletar processos como o “Apito Dourado”. Julgou-se então que o Futebol nacional pudesse...
Júlio Barreiros Cardoso de Araújo nasceu a 11 de Julho de 1891. Começou muito cedo a praticar os mais variados desportos como Hóquei em Campo, Atletismo, Ténis, Natação e Futebol (onde nunca chegou à equipa principal mas foi capitão das 3ªs categorias). Presidente do Sporting por duas vezes (entre Julho de 1922 e Julho de 1923, e entre Julho de 1924 e Janeiro de 1925), foi um trabalhador incansável que figura hoje-em-dia como um dos mais brilhantes dirigentes com que o clube pôde contar (apesar do pouco tempo em funções efetivas). Em 1916 já fazia parte dum núcleo duro de personalidades que se opunha a José Alvalade quando este, no cumprimento do sonho de construir o Stadium de Lisboa, prejudicava as instalações leoninas. Alguns anos mais tarde, quando se vivia uma fase de algum marasmo no clube pós-guerra 14-18, foi ele que deitou mãos a um elaborado trabalho que continha estatutos assentes em novas bases e regulamentos que marcaram o efetivo ressurgimento do Sporting Clube de Portugal. Já em 1922 Júlio de Araújo teve a ideia de criar um Boletim do Sporting com a ideia de “bater e rebater”, nas próprias palavras do seu ideólogo, uma imprensa lisboeta dominada pelo “Sport Lisboa” – um jornal que na prática era do Benfica, mas com informações gerais e que se arrogava de ser para todos os desportistas. A sua presidência foi decisiva no aumento da massa associativa leonina, que passou de 300 sócios a mais de 3.000, o que consolidou marcadamente o clube. A ele também se deveu a construção do Posto Náutico na doca de Alcântara a partir duma ideia...