Torcato Ferreira

Nasceu a 24 de Janeiro de 1922 em Lisboa. Homem ponderado e sereno, solidário e humanista, é considerado o mestre do Hóquei em Patins, verdadeiro “expert” da modalidade pela qual trabalhou incansavelmente. Acumulou títulos, lançou e formou grandes jogadores, com destaque para António Livramento (que optou pelo Hóquei em vez do Futebol por insistência de Torcato Ferreira aquando da sua passagem pelo Futebol Benfica). Começou por impor-se no Benfica, chegando ao Sporting (o seu clube de coração) em 1974. Em Alvalade realizou um trabalho extraordinário conquistando 4 Campeonatos Nacionais consecutivos, de 1974/75 a 1977/78 (que acabaram com um jejum de 33 anos), e duas Taças de Portugal (1976/77 e 1977/78). No entanto, o seu triunfo mais grandioso foi o da Taça dos Campeões Europeus de 1977 com uma equipa, considerada por muitos, a melhor de sempre na modalidade. Torcato Ferreira foi também selecionador nacional, vencendo 1 Campeonato do Mundo, 3 Europeus e uma Taça das Nações. Inúmeros entendidos na modalidade consideram-no o melhor treinador de sempre a nível mundial e o seu desaparecimento (a 2 de Agosto de 1985 devido a um AVC) deixou um vazio muito grande, não só no Hóquei em Patins como em todo o desporto...

Jimmy Hagan – Um “duro” que adorava a Costa do Sol

James Hagan nasceu a 21 de Janeiro de 1918 em Washington – Inglaterra. Futebolista de bom nível no seu país (onde se destacou no Derby County e Sheffield United), passou 6 anos incorporado no exército britânico na 2ª Guerra Mundial onde presenciou as mais incríveis atrocidades. Aos 26 anos regressou ao futebol que apenas deixou como praticante aos 40. Foi 48 vezes internacional. Como treinador começou no Peterborough, passando depois pelo West Bromwich Albion (em ambos os casos com grande sucesso). Em 1970 chegou a Portugal para treinar o Benfica e continuou a alcançar sucessos. Depois esteve no Estoril (onde fez um grande trabalho levando a equipa da 3ª à 1ª divisão) até que no Verão de 1976 o presidente João Rocha o contratou para o Sporting. O início do seu trabalho em Alvalade foi auspicioso com um triunfo por 3-0 frente ao Benfica na 1ª jornada do Campeonato. Nos primeiros 12 jogos da competição os leões venceram 11 e o título parecia entregue com um avanço que chegou a ser de 6 pontos sobre o 2º classificado (Benfica). Hagan e o novo recruta Keita eram por essa altura idolatrados em Alvalade. Subitamente a equipa baixou de produção, começou a perder pontos atrás de pontos e terminou a prova a 9 pontos dos campeões, sendo também afastada da Taça de Portugal. Hagan acabou dispensado no final. João Rocha afirmou mesmo que o inglês só poderia continuar se fosse como preparador físico do novo treinador (Paulo Emílio)… Passou depois, até ao final da carreira, por Boavista, Vitória de Setúbal, Belenenses e Estoril (terra que adorava pelo clima, pelo azul do mar, pelo...

Ronnie Allen – O treinador que queria “homens e não meninos” na equipa

Ronald Allen nasceu a 15 de Janeiro de 1929 em Fenton – Inglaterra. Teve uma longa carreira como futebolista profissional (19 anos), passando por clubes de média dimensão como o Port Vale, West Bromwich Albion e Crystal Palace. Ainda assim marcou 276 golos em 638 presenças e conseguiu ser 5 vezes internacional pela Inglaterra. Começou o percurso de treinador em 1966 no Wolverhampton, passando depois para o Atlético de Bilbau onde venceu a Taça do Rei e esteve perto de se sagrar campeão. Depois duma temporada sem títulos sob o comando de Fernando Vaz e posteriormente Mário Lino, o Sporting contratou-o (outro inglês, Jimmy Hagan, estava a ter sucesso no Benfica) para tentar devolver o clube às conquistas no início da época 1972/73. Estreou-se oficialmente no “banco” leonino a 10 de Setembro de 1972 nas Antas frente ao FC Porto para a 1ª Jornada do Campeonato. O início foi auspicioso com um triunfo por 1-0 (golo de Yazalde). Os primeiros jogos correram bem mas a eliminação da Taça das Taças com uma derrota por 6-1 (!) na Escócia frente ao Hibernian começou a complicar as coisas. Ainda por cima o técnico inglês não teve pejo em acusar Vítor Damas de culpas diretas em 3 dos golos, afirmando que queria “homens e não meninos” na sua equipa e que iria tomar medidas. Ronnie Allen era um técnico extremamente disciplinador mas mostrava-se inábil na gestão no balneário. Pouco a pouco os maus resultados foram-se acumulando e a situação tornou-se insustentável com um empate em Aveiro frente ao Beira-Mar (0-0) que fez os leões baixarem para a 5ª posição à 25ª jornada. Na partida...

Carlos Manuel – A experiência como jogador e a falta dela como técnico

Carlos Manuel Correia dos Santos nasceu a 15 de Janeiro de 1958 na Moita. Em criança era sportinguista, os seus ídolos chamavam-se Damas e Peres. Começou muito cedo a paixão pelo futebol iniciando-se na CUF e passando depois pelo Barreirense. Em 1978 foi contratado pelo Benfica e atingiu o pico da carreira. Era um centrocampista de muita garra, com boa técnica e excelente remate de meia distância. Autor do golo que possibilitou à Seleção Nacional marcar presença no Mundial de 1986 no México (por isso ficou para sempre como o “herói de Estugarda”) acabou “escorraçado” do Benfica e encetou aventura no estrangeiro pelo Sion da Suiça. Chegou a Alvalade no defeso de 1988 como uma das “unhas” de Jorge Gonçalves. Estreou-se oficialmente a 21 de Agosto num Leixões-Sporting (0-2) para a 1ª jornada do Campeonato e marcou pela 1ª vez na receção ao Sporting de Espinho (3-1) a 30 de Outubro. Nessa 1ª temporada (sob o comando de Pedro Rocha, Vítor Damas e Manuel José) foi um dos jogadores mais utilizados da equipa realizando 37 jogos e apontando 4 golos, mas o sucesso coletivo não aconteceu… No ano seguinte até foi um dos capitães, mas com a substituição de Manuel José por Raúl Águas no comando técnico perdeu protagonismo acabando por rescindir ainda antes do final da época. Acabou acusando este último técnico de que “com ele só jogam os amigos”. A sua última partida foi realizada a 18 de Março de 1990 – Sporting-Desp. Chaves (1-1) No total esteve duas épocas no Sporting realizando 56 jogos e marcando 5 golos. Em Alvalade ganhou um Prémio Stromp, que confessou ter sido uma das...

Álvaro Cardoso

Álvaro Cardoso da Silva nasceu a 14 de Janeiro de 1914 em Setúbal. Começou muito cedo a jogar Futebol e muito cedo também chegou à principal categoria do Vitória onde desde logo mostrou um grande espírito de liderança. O Benfica tentou contratá-lo mas foi o Sporting que o conseguiu, por 5 contos, após demoradas negociações.  A 14 de Fevereiro de 1939 assinou finalmente pelos leões (curiosamente no mesmo dia que o ciclista José Albuquerque, o popular “Faísca”). Estreou-se oficialmente de leão ao peito no dia 2 de Abril de 1939 num Sporting-Casa Pia (5-1) a contar para uma competição que tinha aí a sua 1ª temporada – o Campeonato Nacional da 1ª divisão. Era um homem de grande carisma e a liderança estava-lhe nos genes. Ainda assim, só em 1942/43 chegou a capitão da equipa porque quem lá estava até aí era o não menos carismático Rui de Araújo. A sua prevalência era tal sobre os colegas que chegou, numa ou outra ocasião, a esbofetear companheiros por erros cometidos em jogo que ele considerava inadmissíveis! Era por isso conhecido por ser muito “rabujento” em campo, sobretudo com o guarda-redes Azevedo a quem chegava a insultar com o objetivo de lhe dar incentivo! No final das partidas tudo terminava em pedidos de desculpas e cumprimentos. Autoritário, tinha uma entrega sem limites ao jogo mas todos os adversários lhe reconheciam lealdade e correção. Ficou para sempre com o epíteto de “suporte dos violinos”, pois a sua forte presença na defesa era essencial para libertar os “artistas” para as missões ofensivas. Nos primeiros anos de Sporting foi defesa-esquerdo (ao lado de Mário Galvão, Rui de...

Juca

Júlio Cernadas Pereira nasceu a 13 de Janeiro de 1929 em Lourenço Marques. Começou a jogar no Sporting local a guarda-redes, mas com a falta de médios na equipa acabou por ser empurrado para esse lugar, de onde nunca mais saiu . Chegou à metrópole em 1949 (juntamente com Wilson) e quando assinou contrato com os leões disse-se que o Sporting tinha descoberto uma “cabeça de ouro”. Estreou-se oficialmente (e logo marcando 1 golo) no dia 29 de Janeiro de 1950 num Sporting-Estoril (5-1) para a 15ª jornada do Campeonato Nacional. Por Alvalade ficou como futebolista durante 9 temporadas (178 presenças – 9 golos marcados) conquistando 5 Campeonatos Nacionais e uma Taça de Portugal. Em 1958/59 e 1959/60 ainda fez parte do plantel mas nunca jogou devido a problemas físicos, Nas primeiras épocas foi entrando na equipa esporadicamente (o lugar de médio esquerdo ainda “pertencia” a Veríssimo), mas  de 1952/53 a 1955/56 foi “dono do lugar”. Nas últimas duas temporadas era habitual suplente do brasileiro Osvaldinho. A sua última presença aconteceu a 5 de Janeiro de 1958 no Sporting-Belenenses (3-2) para o Campeonato. Como curiosidade refira-se que marcou o 1º golo no jogo de inauguração do Estádio Alvalade de 2ª geração, a 10 de Junho de 1956, mas na própria baliza (2-3 frente ao Vasco da Gama). A 8 de Setembro de 1960 foi homenageado em Alvalade num jogo frente à CUF, no qual o Sporting triunfou por 5-0 e em que se estreou o goleador Figueiredo. Jogou por 6 vezes na Seleção Nacional. Pouco depois do abandono como futebolista (cedo, devido a lesões), Juca (que entretanto passou pelos juniores) substituiu Otto...

Mário Lino

Mário Goulart Lino nasceu a 9 de Janeiro de 1937 na Horta – Ilha do Faial – Açores e no Lusitânia local se começou a destacar como futebolista. O Sporting foi buscá-lo na temporada 1958/59 para fazer concorrência no lado direito da sua defesa a Caldeira, e logo na época seguinte Mário Lino “tomou conta” do lugar devido à sua enorme regularidade e entrega ao jogo. Só a partir de 1963/64 começou a ver o seu posto em causa, primeiro face a Pedro Gomes e depois a Morais. Estreou-se oficialmente a 14 de Setembro de 1958 num Barreirense-Sporting (0-1). No seu percurso como jogador leonino conseguiu vencer uma Taça das Taças, 2 Campeonatos Nacionais e uma Taça de Portugal ao longo de 9 temporadas, com 184 presenças e 6 golos. Despediu-se a 11 de Dezembro de 1966 num Varzim-Sporting (2-2) para a 10ª jornada do Campeonato Nacional. Foi 6 vezes internacional A. Relativamente jovem resolveu dedicar-se à carreira de treinador. Regressou ao Sporting em 1968/69, substituindo Fernando Caiado no comando técnico da equipa, não alcançando grande notoriedade. Na época seguinte foi adjunto de Fernando Vaz (na equipa campeã nacional) a quem substituiu já a época 1971/72 caminhava para o seu final. No ano seguinte regressou na parte final da temporada, agora para o lugar de Ronnie Allen. Em poucos jogos construiu uma equipa consistente e venceu a Taça de Portugal. Com justiça tomou conta da equipa desde o início da temporada seguinte, a gloriosa época de 1973/74, arquitetando uma equipa de futebol avassalador que marcou 119 golos em 43 jogos (!). Ganhou o Campeonato Nacional, chegou às meias-finais da Taça das Taças...

Otto Glória – Treinador vencedor com “dupla personalidade”

Otto Martins Glória nasceu a 9 de Janeiro de 1917 no Rio de Janeiro. Abandonou cedo a prática do futebol depois de ter passado por clubes como o Vasco da Gama ou o Botafogo e de ter estudado Ciências e Direito. Encetou depois uma longa carreira de treinador, primeiro no Brasil onde conquistou alguns títulos e depois em Portugal. Por cá começou no Benfica (onde também treinava o Basquetebol!), esteve mais tarde no Belenenses e chegou ao Sporting na parte final da temporada 1960/61 para substituir Alfredo González. O Campeonato já estava praticamente perdido e na Taça de Portugal também não conseguiu ter sucesso. Iniciou a temporada seguinte e logo proferiu a célebre frase “não posso fazer omeletas sem ovos”. Saiu logo a seguir (contestado por adeptos – que dele diziam ser como uma melancia – verde por fora e vermelho por dentro – e pelo próprio Jornal do Sporting) e a verdade é que o seu substituto, Juca, conseguiu nessa época o título nacional com os “ovos” que teve ao seu dispôr! Foi depois para França, regressando posteriormente ao Brasil e a seguir a Portugal (para o FC Porto). Em 1965/66 voltou ao Sporting na parte inicial da temporada (substituindo Anselmo Fernández) e conseguiu o 12º título nacional para o clube (coadjuvado por Juca – de quem dizia ser “o irmão mais novo descoberto em Portugal”) numa reta final muito renhida. Surpreendentemente foi dispensado no final da temporada e voltou a dizer algo que ficou para a História: “No Sporting nunca mais…”. Assim foi. Esteve depois ao serviço da Seleção Nacional (no memorável Mundial de 1966), do Atlético de...

Giuseppe Materazzi – Com responsabilidades na festa de 2000

Giuseppe Materazzi nasceu a 5 de Janeiro de 1946 em Arborea, província de Oristano, na Sardenha – Itália. Nunca foi um grande jogador de futebol mas ficou conhecido como um dos símbolos do Lecce, clube que representou 7 anos. Passou ainda pelo Tempio, Reggina e Bari. Começou a carreira de treinador em 1979 no Carretese. O seu trabalho mais vistoso antes de chegar a Alvalade foi ao serviço do Pisa, em 1987/88, onde conseguiu um 13º lugar da Série A. Depois esteve na Lazio, Messina, Bari, Padova, Brescia e Piacenza. Em Junho de 1999 chegou ao comando técnico do Sporting, contratado por José Roquette. Na pré-temporada as cargas de trabalho foram enormes e em termos de resultados as coisas não correram pelo melhor… Todos os sportinguistas esperavam que com o início da época oficial a equipa estabilizasse, mas a estreia, a 20 de Agosto de 1999, não trouxe mais que um empate a duas bolas nos Açores frente ao Santa Clara. A seguir vieram 2 triunfos, mas a escandalosa derrota na Noruega por 3-0 frente ao Viking Stavanger criou um mau estar enorme entre os adeptos. Os 2 empates que se seguiram precipitaram definitivamente a saída do italiano que sempre foi homem para enfrentar os adeptos contestatários olhos nos olhos à porta do Estádio Alvalade. Assim, após 6 jogos oficiais, Giuseppe Materazzi foi demitido do comando técnico da equipa que viria a ser campeã nacional, 18 anos depois, sob o comando de Augusto Inácio. Da sua passagem pelo Sporting ficou a sensação de que a equipa acabou por colher os frutos da sua exigente pré-temporada. Há mesmo muitos que são da...

António Morais – Missão cumprida num contexto muito delicado

António da Rocha Morais nasceu a 30 de Dezembro de 1934 em Vila Nova de Gaia. Esteve em grande parte do seu percurso de futebolista no FC Porto, passando depois por Sp. Braga e Tirsense. Acabada a carreira passou a ser o adjunto de Pedroto. Em 1984 fez parte do grupo de treinadores que dirigiu a seleção nacional no Europeu de França. Após a morte do seu “mestre” passou a técnico principal com trabalhos bem sucedidos no Vitória de Guimarães e Rio Ave. Em 1987/88, sob a presidência de Amado de Freitas, a equipa do Sporting estava verdadeiramente “em cacos” vegetando pelo 8º lugar da classificação do Campeonato Nacional quando António Morais foi chamado ao comando técnico para substituir Keith Burkinshaw. Estreou-se no banco leonino no dia 7 de Fevereiro de 1988 com uma vitória em Vila do Conde por 2-1 e ficou como técnico verde e branco até ao final da temporada. O Sporting acabou no 4º lugar na classificação no Campeonato garantindo o apuramento (que chegou a estar em risco) para as Competições Europeias. O seu melhor momento enquanto técnico sportinguista terá sido a quebra de invencibilidade do FC Porto, no Alvalade, a 9 de Abril de 1988 (2-1). No plano negativo ficou a eliminação da Taça das Taças perante os italianos da Atalanta. Orientou pela última vez a equipa na derradeira jornada do Campeonato Nacional, a 5 de Junho de 1988, na receção ao FC Penafiel (7-0). O defeso seguinte teve que ver com a eleição de Jorge Gonçalves para a presidência e um verdadeiro turbilhão de acontecimentos do qual António Morais acabou por ser mais uma vítima. Apesar...
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