13 de Março de 1977. O Sporting-Benfica para os oitavos-de-final da Taça de Portugal era uma espécie de tira-teimas muito interessante, já que o Sporting tinha perdido a liderança que pareceu chegar a ser definitiva (houve 6 pontos de vantagem) do Campeonato Nacional para os encarnados.

Sob a orientação de Jimmy Hagan, o Sporting alinhou com: Matos; Vítor Gomes, Laranjeira (cap), Amândio e Inácio; Fraguito, Zezinho (Da Costa) e Baltazar; Marinho, Manoel e Freire (Palhares).

Pelo andamento das coisas previa-se um Benfica mais dominador e favorito para este jogo – ainda por cima o Sporting  jogava desfalcado de José Mendes, Keita e Manuel Fernandes.

Os visitantes entraram muito bem no jogo. Os sportinguistas quase só “cheiravam” a bola, que corria de pé para pé dos vermelhos, fazendo uso da sua bela técnica individual. De súbito tudo mudou com o 1º golo do Sporting, aos 10 minutos. Freire (que se estreava oficialmente na 1ª equipa leonina) centrou e Manoel (um reforço brasileiro que chegara no final da temporada anterior) rematou em jeito para o melhor sítio.

O Benfica perturbou-se nitidamente e nunca mais se conseguiu recuperar. Os grandes favoritos viram-se em desvantagem e tornaram-see uma equipa amedrontada e nervosa. Ainda por cima, por volta da meia hora, Chalana (o novo menino bonito da Luz) lesionou-se, tendo de sair para dar o lugar a Cavungi.

O intervalo chegou com 1-0, e pouco depois do mesmo Toni desperdiçou, de baliza aberta, uma recarga a defesa de Matos. Logo a seguir Freire falhou um cabeceamento após uma má saída de Bento, e aos 52 minutos o Sporting fez o 2-0 – Alberto cometeu uma falta, Vítor Gomes marcou o livre por alto e Manoel, batendo Eurico no salto, cabeceou para o fundo das redes. 9 minutos depois surgiu o 3-0 final, de novo por Manoel (que teve neste o seu mais inesquecível jogo ao serviço do Sporting). A jogada resultou duma insistência de Vítor Gomes, que ganhou vários ressaltos até que assistiu o goleador brasileiro para o toque fatal.

No final, vitória clara do Sporting, um triunfo que se pensou pudesse fazer muito bem à equipa, sobretudo em termos morais. Por outro lado os leões provaram aqui que possuíam também um bom banco de suplentes, pois a equipa que alinhou nesta partida estava longe de constituir o onze base. De realçar que neste encontro o Sporting utilizou 6 jogadores vindos dos escalões mais jovens (não é de agora o assunto da formação!). Foram eles Matos, Laranjeira, Inácio, Zezinho, Freire e Palhares.

Manoel, o herói do jogo, estava muito feliz: “Acho que o Sporting voltou hoje a lutar como na boa fase que atravessámos anteriormente. Com esta vitória regressa o moral e embora tudo dependa dos resultados do Benfica, nós faremos os possíveis para aproveitar a mínima oportunidade, se ela surgir”.

Apesar de tudo os leões acabariam por nada ganhar na temporada 1976/77. No Campeonato Nacional, depois dum brilhante início com 11 vitórias e 1 empate nos 12 primeiros jogos, os leões acabaram por ceder, quedando-se pelo 2º lugar final a 9 pontos do Benfica. Na Taça de Portugal os sportinguistas foram eliminados nos quartos-de-final com uma derrota nas Antas por 3-0. No final da época foi natural a dispensa do britânico Jimmy Hagan, que “provou”, este ano como nunca, aquela sensação de que os treinadores tanto falam de passarem de “bestiais” a “bestas” de um jogo para o outro…

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