Alfredo Trindade

Nasceu a 3 de Janeiro de 1908 em Valada do Ribatejo. Em menino queria ser jogador de futebol e aos 15 anos era um dos melhores futebolistas ribatejanos enquanto exercia a profissão de carpinteiro. Certo dia partiu um braço e o pai disse-lhe que nunca mais jogaria, comprando-lhe então uma bicicleta para que esquecesse os pontapés na bola.

Num domingo foi de passeio a Salvaterra e ocorreu-lhe participar numa prova das festas da vila. Ficou em 3º e satisfeito. Pouco tempo mais tarde o pai acabou por arrepender-se de lhe ter comprado a bicicleta porque ele já não queria outra coisa

Em 1928 falou com Aníbal Firmino da Silva, que corria em Carcavelos, para o ajudar a entrar para o Sporting – o clube com que simpatizava. Entusiasmava-o as vitórias leoninas no futebol apesar de nunca ter visto jogar os seus ídolos. A ideia de vestir a camisola verde e branca deslumbrava-o.

Alfredo de Sousa (um ciclista leonino da altura) acabou por propô-lo para sócio, o que se concretizou em 28 de Maio de 1930, ficando com o número 3.127.

Na 1ª prova de “fortes” em que participou ficaram 16 ciclistas à sua frente… Foi uma desilusão. Depois fez Lisboa-Benavente – ficou em 4º e mais animado. Esteve 1 ano no Sporting, mas a organização da secção de Ciclismo não era a melhor, pelo que se desinteressou e passou para o União Clube Rio de Janeiro onde esteve 2 anos ficando em 2º (1931) e vencendo uma Volta a Portugal (1932), numa altura em que os seus duelos com o benfiquista José Maria Nicolau começavam a arrebatar o país  Entretanto a secção de Ciclismo do Sporting reorganizava-se, no Rio de Janeiro passava-se situações que o desgostavam e tudo se conjugou para que voltasse ao Sporting. Como “bom leão”, regressou.

Nesse ano conseguiu ser o melhor português na 1ª Volta a Pontevedra – alcançando o 10º lugar, para em Julho se sagrar campeão regional (depois seria campeão nacional) de fundo (o seu 1º título significativo de verde e branco vestido). Pouco depois venceu a sua 2ª Volta a Portugal (na 1ª vez que o Sporting conseguiu ter um ciclista vencedor e triunfar coletivamente) dando mais de 43 minutos de avanço ao seu colega de equipa Ezequiel Lino! Ainda no mesmo ano a Federação Ciclista Brasileira convidou-o para correr 3 provas no Rio de Janeiro e em São Paulo. Venceu todas. Segundo os jornais desse tempo, perto de 30.000 emigrantes portugueses vibravam com os triunfos do “corredor lusitano”.

Em 1934 desistiu da Volta a Portugal devido a um acidente com um motociclista da prova, mas ainda assim realizou uma excelente temporada, tendo como vitórias mais significativas o 2º título nacional de fundo e os 100km da União Velocipédica Portuguesa.

Em 1935 mudou de clube passando para Os Leões de Ferreira do Alentejo, coletividade de existência efémera. No ano seguinte ingressou pela 3ª vez no Sporting, sendo o “chefe de fila” a par de Felipe de Melo. Aí voltou a destacar-se ao triunfar no Lisboa-Porto, no 1º Circuito Internacional de UVP e ao alcançar o seu 3º título nacional de fundo.

Em 1937 voltou a brilhar no Brasil onde tornou a vencer tudo, merecendo inclusivamente uma homenagem da direção leonina quando voltou. Em 38 e 39 ainda alinhou pelos leões mas a sua já relativa veterania impediu-o de alcançar triunfos marcantes a nível individual, embora ainda fosse uma peça importante no coletivo verde e branco. Nos anos seguintes correu como independente e depois pelo Belenenses. Em 1942 regressou novamente ao Sporting onde ainda contribuiu para alguns êxitos coletivos.

No treino, Trindade fazia diariamente 40km, e uma vez por semana 100. Completava-o com ginástica respiratória e saltos à corda, para além da massagem (que não dispensava) e assistência médica – fazia exames frequentemente para saber o estado do coração, dos pulmões e dos rins. Depois do Ciclismo preferia a dança e o futebol. Gostava também de nadar e fazer remo. Admirava muito Jorge Vieira, mostrando uma predileção por todos os desportistas do Sporting. Aliás, foi ele que trouxe para o clube um jogador “alto e magricela”, chamado João Martins, que viria a ser uma das principais figuras da História do futebol leonino.

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2 Comments

  1. Caro Amigo José Trindade,
    Possui alguma foto de Alfredo Trindade com o ciclista Eduardo Lopes, da geração subsequente? Ele ainda chegou a correr com Alfredo Trindade com somente 15 anos, por volta de 1932. Agradecia o seu contacto.
    Com os Melhores Cumprimentos,
    Eduardo Cunha Lopes

  2. Desejo eslarecer a saída deA,Trindade do Sporting para os Leões de F. do Alentejo. Foi com acordo do nosso club, que foi para os Leões, é que a proposta financeira era tão atrativa que o Sporting deu toda a liberdade para a aceitar,com o compromisso de no ano seguinte voltar ao Sporting, e assim foi em1936 A.Trindade voltou ao seu club de sempre, e assinou um Contrato em que o seuvencimento era de seiscentos escudos mensais.Guardo esse contracto com muito carinho.

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