João Mendonça Azevedo nasceu a 10 de Julho de 1915 no Barreiro, e mais de 70 anos após ter abandonado o futebol é considerado por muitos o melhor guarda-redes português de todos os tempos.

Tinha fama de ter mau feitio. Entrava em campo arrastando os pés numa aparente insolência mas, de boné na cabeça, a sua coragem e dom natural para a função de guarda-redes despertava enormes paixões. Antes dos grandes jogos fumava um cigarro para descontrair. Era capaz de fazer defesas impossíveis e de se sacrificar pela equipa em situações de grande debilidade física (aconteceu-lhe ficar em campo com uma duzia de pontos na cabeça, com um pé partido ou com a clavícula fraturada). Também lhe acontecia dar grandes “frangos”, e foi por ele que se criou a frase chavão de “os grandes frangos são dados pelos grandes guarda-redes”.

Chegou ao Sporting, proveniente do Luso do Barreiro, no Verão de 1935. Estreou-se oficialmente (com o técnico Wilhelm Possak) a 16 de Fevereiro de 1936 num Boavista-Sporting (2-2) para o Campeonato da Liga. Nessa 1ª temporada ainda alternou com Dyson, mas a partir da época seguinte tomou conta do lugar na baliza leonina. Só na última temporada em Alvalade não foi o habitual titular (despontava “um tal” de Carlos Gomes). A 30 de Setembro de 1951 alinhou pela última vez, oficialmente, de verde e branco, numa receção à Académica (4-0) para o Campeonato Nacional.

É o futebolista da História do Sporting que mais títulos venceu – 22 (9 Campeonatos Nacionais, 4 Taças de Portugal e 9 Campeonatos Regionais de Lisboa) em 17 épocas ao mais alto nível – de 1935/36 a 1951/52 (o 2º nessa tabela, apenas superado por Jorge Vieira). Fez 412 jogos oficiais pelos leões e sofreu 594 golos. Capitaneou a equipa após o abandono de Álvaro Cardoso.

Nos seus melhores tempos ganhava 1.200 escudos por mês. Com 23 anos, em Abril de 1938, surpreendeu a Europa num jogo em que Portugal conseguiu um inesperado e brilhante empate a uma bola frente à poderosa Alemanha. A sua exibição foi de tal categoria que conquistou para sempre a alcunha de “gato de Frankfurt”. Ainda em termos internacionais esteve presente em 2 momentos marcantes para Portugal – o 1º triunfo sobre a Espanha, no jogo de estreia, em 1937, realizado em Vigo, e ainda outra vitória fora de portas, perante a Irlanda, em Dublin, 10 anos depois, numa década em que a baliza da Seleção Nacional quase sempre lhe pertenceu. Foi 19 vezes internacional.

Acabou a carreira no Oriental depois de algumas desinteligências com o Sporting. Após ter abandonado o futebol foi para Inglaterra onde se tornou motorista dum colégio britânico. Regressou a Portugal em 1982 com uma boa reforma que lhe permitiu viver os últimos anos de vida com tranquilidade. Morreu em 2 de Janeiro de 1991.

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