24 de Junho de 1923. A final do Campeonato de Portugal de Futebol foi marcada para Faro, neste dia, colocando frente a frente Sporting e Académica de Coimbra. A viagem dos leões para a capital algarvia demorou 12 horas, chegando o combóio à estação ao som de foguetes e morteiros num clima de grande festa (apesar das 4 horas de atraso). Recambolesca foi a viagem dos “estudantes”, que só chegaram a Faro 6 horas antes do jogo, e isto porque, sendo a viagem realizada em dia de S. João, os futebolistas da Académica, para desentorpecer as pernas, aproveitaram as longas paragens nas estações para participarem em bailes de capas ao ombro e viras contínuos!

O jogo era aguardado com ansiedade pois qualquer das equipas procurava aquela que era na altura a consagração máxima duma equipa de Futebol em Portugal. Sob a arbitragem de Eduardo Vieira, capitão geral do Sporting Farense, o Sporting (orientado por Augusto Sabbo), alinhou com: Cipriano; Joaquim Ferreira e Jorge Vieira; José Leandro, Filipe dos Santos e Henrique Portela; Torres Pereira, Jaime Gonçalves, Francisco Stromp (cap), João Francisco e Carlos Fernandes.

O Sporting triunfou sem grandes dificuldades apesar da equipa estudantil ter dado uma boa réplica. Ainda assim, aos 5 minutos, na sequência dum canto, um jogador coimbrão atirou ao poste. Os leões responderam, obrigando João Ferreira a belas defesas, até que aos 12 minutos Carlos Fernandes centrou atrasado, Stromp gritou a João Francisco para que deixasse passar a bola (apesar de estar a atar a bota!) e com um pontapé forte fez o 1º golo. 6 minutos depois, de penalty, Joaquim Ferreira aumentou a conta, e com 2-0 se chegaria ao intervalo.

Logo aos 8 minutos da etapa complementar, Joaquim Ferreira, de novo de penalty, fez o 3-0, isto depois dum período em que o Sporting jogou cerca de meia-hora com menos um homem, devido a um ferimento na cara de Francisco Stromp. O domínio leonino seguiu até ao final da partida, podendo o resultado ter sido mais dilatado não fôra uma tarde menos inspirada na concretização, de Jaime Gonçalves.

Segundo o jornal “Sport Lisboa”: “Os médios Filipe dos Santos e Henrique Portela e o avançado Francisco Stromp foram os melhores duma equipa que não teve de se empregar a fundo para vencer um digno adversário”.

Após o jogo, um jantar juntou as comitivas dos 2 grupos, tendo-se vivido momentos de óptima camaradagem. Os leões ofereceram uma taça de champagne aos vencidos. Ribeiro da Costa (capitão da  Académica) brindou ao Sporting, felicitando-o pelo triunfo, e lembrando que o seu clube não se dedicava exlusivamente à prática do desporto, pois a leitura, o monte e a adoração ao Deus Baco eram prioritárias. Francisco Stromp, agradecendo a lealdade dos adversários da final, e fazendo ressaltar a camaradagem antes, durante e depois do jogo, arrancou ao seu estilo e a plenos pulmões o “Manelik”, abrindo uma sessão de desgarrada que se prolongou pela noite dentro…

Na foto, a equipa campeã (de cima para baixo e da esquerda para a direita): Joaquim Ferreira, Cipriano e Jorge Vieira; José Leandro, Filipe dos Santos e Henrique Portela; Torres Pereira, Jaime Gonçalves, Francisco Stromp, João Francisco e Emílio Ramos.

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