Otto Martins Glória nasceu a 9 de Janeiro de 1917 no Rio de Janeiro. Abandonou cedo a prática do futebol depois de ter passado por clubes como o Vasco da Gama ou o Botafogo e de ter estudado Ciências e Direito.

Encetou depois uma longa carreira de treinador, primeiro no Brasil onde conquistou alguns títulos e depois em Portugal. Por cá começou no Benfica (onde também treinava o Basquetebol!), esteve mais tarde no Belenenses e chegou ao Sporting na parte final da temporada 1960/61 para substituir Alfredo González. O Campeonato já estava praticamente perdido e na Taça de Portugal também não conseguiu ter sucesso. Iniciou a temporada seguinte e logo proferiu a célebre frase “não posso fazer omeletas sem ovos”. Saiu logo a seguir (contestado por adeptos – que dele diziam ser como uma melancia – verde por fora e vermelho por dentro – e pelo próprio Jornal do Sporting) e a verdade é que o seu substituto, Juca, conseguiu nessa época o título nacional com os “ovos” que teve ao seu dispôr!

Foi depois para França, regressando posteriormente ao Brasil e a seguir a Portugal (para o FC Porto). Em 1965/66 voltou ao Sporting na parte inicial da temporada (substituindo Anselmo Fernández) e conseguiu o 12º título nacional para o clube (coadjuvado por Juca – de quem dizia ser “o irmão mais novo descoberto em Portugal”) numa reta final muito renhida. Surpreendentemente foi dispensado no final da temporada e voltou a dizer algo que ficou para a História: “No Sporting nunca mais…”. Assim foi.

Esteve depois ao serviço da Seleção Nacional (no memorável Mundial de 1966), do Atlético de Madrid, Benfica, etc… Voltou à Seleção em 1982 sem sucesso.

Dele diziam os seus jogadores que era uma espécie de personalidade dupla. Se as coisas estivessem a correr mal entrava no balneário ao intervalo completamente desvairado e ameaçador (ao bom estilo dum D.Quixote). No entanto, no final dos jogos, mesmo após as derrotas, nunca culpava os seus (encorajando e confortando-os) e encontrava sempre outras razões para o insucesso (aí era mais filósofo e “amigo do peito”).

O que ninguém duvida é que foi alguém muito importante para o desenvolvimento do futebol português, um “revolucionário” nos hábitos, disciplinador e com grande conhecimento do jogo. Não é para qualquer um a conquista de 6 Campeonatos Nacionais e 5 Taças de Portugal ao serviço de 3 clubes diferentes!

Morreu a 4 de Setembro de 1986.

OTTO GLÓRIA como treinador do SPORTING
ÉPOCA J V E D GM GS % TÍTULOS
1960/61 11 7 2 2 31 11 72,7%
1961/62 3 0 2 1 1 3 33,3% CN
1965/66 37 24 7 6 86 31 74,3% CN
Total 51 31 11 9 118 45 71,6% 2CN

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