3 de Novembro de 1971. Depois de ter ultrapassado com facilidade a 1ª eliminatória da Taça das Taças frente aos noruegueses do Lyn Oslo, a equipa do Sporting teve pela frente os escoceses do Glasgow Rangers. Depois de sairem derrotados da Escócia por um escasso 3-2, todas as ambições eram legítimas.

Essa noite ficou para sempre na memória dos sportinguistas que viveram ao vivo ou pela rádio os acontecimentos. As coisas começaram bem, e o Sporting marcou primeiro, por Yazalde (uma grande contratação aos argentinos do Independiente por mais de 3.500 contos), aos 24 minutos, em recarga a um livre direto de Peres. No minuto seguinte os escoceses empataram, por Stein, sem hipóteses para Damas. Os verde e brancos não esmoreceram e aos 37 minutos voltaram a ganhar vantagem. Livre rasteiro apontado com força por Lourenço, McCloy voltou a largar e Tomé recargou bem, de cabeça.

O “teimoso” Stein voltou a empatar a contenda no 1º minuto da 2ª parte, na sequência dum livre. O Sporting não desistiu e porfiou, até que a 8 minutos do fim igualou completamente a eliminatória num vôo espectacular de Pedro Gomes concluindo um centro da direita.

Com a eliminatória empatada houve que recorrer ao prolongamento, no qual os escoceses voltaram a empatar o jogo, aos 100 minutos, após um centro sobre a linha de cabeceira (deu a impressão que a bola já estaria fora), na sequência do qual houve um desvio infeliz de Laranjeira. A 4 minutos do fim Peres, de penalty fez o 4-3 final.

A confusão que depois se instalou teve a ver com o facto de o árbitro, Van Ravens (da Holanda), estar convencido que no prolongamento o campo era considerado neutro (pelo que a nova regra dos “golos fora” não se aplicava), facto aceite pelos intervenientes do jogo, que ainda assim ficaram com algumas dúvidas. Posto isto, foi ordenado o desempate por pontapés da marca de grande penalidade perante um Estádio Alvalade em verdadeira ebulição.

Caló e Yazalde marcaram para os leões. Damas defendeu as 3 primeiras tentativas dos escoceses (a 2ª das quais na repetição, por alegadamente se ter mexido primeiro). Depois Peres falhou, mas Stein também falhou. O Sporting julgou-se vencedor e fez a festa, mas pela madrugada dentro outra decisão se tomou…

Só quando o delegado da UEFA correu ao campo para avisar o árbitro de que os escoceses estavam apurados por terem apontado 3 golos fora de casa (independentemente do prolongamento) se descobriu o engano. Os dirigentes sportinguistas ainda contestaram alegando danos morais e desportivos, mas em vão…

Vítor Damas foi assim um herói duma noite sem glória: “Deu-me um grande gozo defender aqueles penaltis todos, mas tudo acabou por não passar dum episódio bizarro e triste.”

Muitos dos que assistiram ao jogo em Alvalade, só ouvindo as notícias no dia seguinte ficaram a saber da tremenda deceção, naquele que terá sido talvez o episódio mais bizarro de sempre nas Competições Europeias de clubes em futebol.

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