Carlos António do Carmo Costa Gomes nasceu a 18 de Janeiro de 1932 no Barreiro  e constituiu uma das figuras mais carismáticas e curiosas da história do Sporting Clube de Portugal.

Mostrando uma vocação fantástica para o posto de guarda-redes, chegou ao Sporting aos 18 anos, oriundo do Barreirense. Quando os dirigentes leoninos foram a sua casa contratá-lo falou das injustiças sociais, da falta de dignidade e do desrespeito com que os futebolistas eram tratados. Mandaram-no calar mas não o fez. Aos 10 contos propostos pelo Sporting contrapropôs 50 só para si, e o presidente Ribeiro Fereira, sabendo do valor do miúdo e da necessidade que tinha de arranjar um guardião de qualidade, cedeu.

Na sua 1ª época foi suplente do “enorme” Azevedo. Entre eles existia uma rivalidade bem vincada, pois enquanto o jovem Carlos afirmava que “o velho já nem vê as bolas”, o experiente João dizia que o concorrente era “um doido com a mania”!

Estreou-se oficialmente a 19 de Novembro de 1950 num Estoril-Sporting (1-2) para o Campeonato e na temporada seguinte já era o “dono” da baliza leonina. Equipava-se sempre de preto. Quando lhe perguntaram o motivo respondeu que “enquanto o futebol português estiver nas mãos dos doutores está de luto.”

Sempre teve grandes problemas com os dirigentes leoninos da altura (alguns ligados ao regime salazarista) mas rapidamente se tornou um ídolo como houve poucos no coração dos sportinguistas. Era apaixonado por automóveis e uma vez levou uma amiga estrangeira à PIDE para que lhe ratificassem um atestado de residência. Estacionou ostensivamente o descapotável no parque reservado aos torcionários. Exigiram-lhe que o tirasse, chamou-lhes porcos sanguinários. Foi espancado e preso e só se salvou por ser guarda-redes do Sporting. Outras situações do género repetiram-se frequentemente.

Permaneceu em Alvalade até 1958 (8 épocas) conquistando 5 Campeonatos Nacionais e uma Taça de Portugal. Após o título desse ano, e descontente com o que ganhava, foi para Espanha auferir 8 vezes mais enquanto o Sporting faturou 1 milhão de pesetas.

O seu último jogo ao serviço do Sporting foi uma receção ao FC Porto para a Taça de Portugal a 11 de Maio de 1958 (2-2). Realizou 219 jogos pelos leões sofrendo 247 golos.

Em 1961 esteve muito perto de regressar mas exigiu o salário mais alto da equipa e a transferência não se concretizou. Aos 29 anos, já no Atlético, foi acusado de violação mas afirmou ter sido vítima duma cilada montada pela PIDE. Num jogo frente ao Vitória de Guimarães simulou uma lesão logo após o intervalo e escapou-se para Espanha. Daí foi para Marrocos onde conseguiu o estatuto de refugiado político. As suas exibições foram de tal monta que o rei marroquino o convidou a fazer-se muçulmano e a mudar de nome e nacionalidade, o que não aceitou.

Depois foi treinador bem sucedido na Argélia e na Tunísia voltando a Portugal nos anos oitenta. Pouco mais tarde radicou-se em Espanha onde possuiu negócios de hotelaria.

Foi 18 vezes internacional A por Portugal.

Morreu a 17 de Outubro de 2005 de doença prolongada.

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