31 de Janeiro de 2004. O Sporting-FC Porto da 20ª jornada do Campeonato decidiria se os leões se iriam ou não manter na corrida para o título. A equipa de Fernando Santos necessitava deseperadamente duma vitória para se colocar a apenas 2 pontos do rival, e tudo se tornaria possível.

O Sporting alinhou com: Ricardo; Miguel Garcia (Sá Pinto), Anderson Polga, Beto e Rui Jorge; Custódio; Rochemback, João Pinto (Carlos Martins) e Pedro Barbosa; Silva (Niculae) e Liedson.

O jogo (que começou com uma singela homenagem a Miki Fehér) foi muito competitivo, tendo dado a clara impressão que a equipa do Sporting entrou com um nervosismo demasiado. O FC Porto estava invencível no Campeonato, mas um Estádio Alvalade cheio, que vivia talvez o mais importante jogo da sua curta História, impunha ao Sporting a busca incessante da vitória.

Na 1ª oportunidade de que dispuseram os portistas marcaram, na sequência dum pontapé de canto, por Jorge Costa. O Sporting não se atemorizou e tentou impor o seu futebol perante um recúo estratégico da equipa de José Mourinho, que procurava aproveitar a velocidade dos seus dois atacantes.

Mais ou menos a meio desse 1º tempo Deco teve uma entrada duríssima sobre Rochemback mas Lucílio Baptista perdoou-lhe a amostragem do 2º cartão amarelo…

Aos 35 minutos Liedson foi derrubado na área por Vítor Baía (que viu apenas o amarelo quando deveria ver o vermelho). Na conversão do respetivo penalty Rochemback atirou forte, mas à barra. Os leões perdiam assim uma clamorosa oportunidade para empatarem a contenda ainda no 1º tempo, numa partida em que a tática assumiu grande preponderância.

No início da 2ª parte, após 8 meses de ausência, Marius Niculae regressou à equipa e as bancadas entusiasmaram-se. Logo na 1ª vez em que tocou na bola Niculae poderia ter marcado, mas o seu cabeceamento saiu sem direção perante um Vítor Baía completamente desamparado.

O FC Porto ia reagindo e a baliza de Ricardo também corria, por vezes, algum perigo.

Aos 57 minutos Anderson Polga perdeu bela oportunidade ao cabecear rente ao poste. O Sporting entrava no seu melhor período, e os portistas acusavam algum desnorte. Aos 63 minutos Pedro Barbosa isolou-se mas perdeu o ângulo de remate. Sá Pinto entrou então em cena, e mais se agudizou a pressão leonina.

Aos 67 minutos, em luta com um adversário, João Pinto foi projetado contra o muro que separa o relvado do fosso magoando-se gravemente num braço. Houve algum ajuntamento de futebolistas junto ao nº 25 sportinguista, mas como ele estava fora do campo e a ser assistido, o árbitro mandou prosseguir a partida com um lançamento de linha lateral para o Sporting. Rui Jorge executou-o rapidamente para Liedson que foi carregado (aparentemente) na área portista por Paulo Ferreira (Lucílio Baptista devia ter mostrado cartão vermelho ao defesa portista) dando origem à marcação de uma grande-penalidade que Pedro Barbosa transformou, empatando o jogo.

Até final o Sporting dominou claramente o adversário, faltando só o golo da vitória…  A 8 minutos do fim o regresso de Niculae poderia ter-se tornado perfeito, mas o seu remate de pé direito saiu a milímetros do poste.

No final, completamente fora de si, talvez pelo facto de pela 1ª vez sob o seu comando os portistas terem “perdido o norte”, José Mourinho terá, alegadamente, rasgado no balneário portista a camisola de Rui Jorge (que lá tinha ido parar pela mão do roupeiro Paulinho, que a pretendia trocar com a de Vìtor Baía). Para além disso, José Mourinho terá alegadamente dito que “jogadores destes é que deviam morrer em campo” (estava ainda fresca a morte súbita do benfiquista Miki Feher em pleno Vitória-Benfica).

Na sala de imprensa, José Eduardo Bettencourt, administrador executivo da SAD leonina, mostrou a camisola rasgada de Rui Jorge, fazendo graves acusações ao técnico portista, afirmando que existiam provas daquilo que afirmava…

Fernando Santos declarou que “O resultado é uma injustiça. Devíamos ter ganho o jogo. Os nossos jogadores estão de parabéns porque conseguiram ser melhores que este fortíssimo adversário. Demos a resposta certa, e apesar de não termos começado bem rapidamente assumimos o domínio do jogo. O empate não acaba com a nossa esperança. Esperemos que o FC Porto tenha algum deslize…”

O título, ainda mais com a grave lesão de João Pinto, tornara-se praticamente impossível e a realidade é que nunca surgiu nenhuma prova inequívoca que sustentasse as declarações de José Eduardo Bettencourt. Ainda assim, para sempre, este ficou como “o jogo da camisola rasgada”…

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