1 de Junho de 1980. Este foi um dos dias mais gloriosos de sempre para o Sporting. Em singelas 24 horas (em rigor bem menos que isso), o Sporting sagrou-se Campeão Nacional de Futebol, Andebol e Ténis de Mesa, triunfando ainda na Taça de Portugal de Basquetebol. Na última jornada do Campeonato Nacional de Futebol o Estádio Alvalade registou uma das maiores enchentes de sempre, com 60.000 pessoas a render 6.500 contos ao cofres do clube. A vitória significava o título nacional, 6 anos depois, após acesa luta com o FC Porto.

Fernando Mendes era o treinador do Sporting, que alinhou com: Fidalgo (Vaz); José Eduardo, Bastos, Menezes e Barão; Eurico; Ademar e Fraguito; Manuel Fernandes (cap), Manoel e Jordão.

O ambiente era o de um autêntico vulcão prestes a explodir em Alvalade. Talvez pelo clima criado, o Sporting entrou nervoso em campo, com lentidão, sem querer arriscar nada. A União de Leiria foi um adversário incómodo, muito bem organizado, que dificultou imenso a tarefa.

Aos 6 minutos Jordão criou um lance de perigo para a baliza leiriense, mas o tão ansiado 1º golo só aconteceu aos 28 numa jogada de insistência do ataque leonino. Jordão desmarcou muito bem Ademar sobre a esquerda. De ângulo difícil o jovem médio rematou, Padrão defendeu para o poste, surgindo então Manuel Fernandes, quase sobre a linha de golo, a rematar para a baliza deserta. O tento teve um efeito tranquilizador na equipa, e Jordão, José Eduardo e Manoel tiveram clamorosas oportunidades para aumentar o score até ao intervalo, que, no entanto, desperdiçaram.

Na 2ª parte foram 10 leões a tentarem dar o título de melhor marcador a Jordão, apesar do resultado ainda não ser seguro. No entanto, o avançado sportinguista não estava nos seus melhores dias, desperdiçando algumas boas chances que tiveram sobretudo em Manuel Fernandes (portentosa exibição) o grande protagonista. Só aos 73 minutos aconteceu o 2-0. Resultou de mais uma bela jogada de Manuel Fernandes pela direita a que se seguiu um centro largo para uma cabeçada imparável de Jordão, que pareceu ganhar uma “alma nova” com o golo. A 3 minutos do fim o ponta-de-lança angolano garantiu o título de melhor marcador do Campeonato. Fraguito solicitou de forma excelente, em profundidade, Jordão, que ultrapassou Figueiredo e bateu Padrão. Alvalade expodiu de alegria.

No final o ambiente no balneário leonino era de uma festa indiscritível. Jordão afirmou: “Senti um raio de um nervoso que nunca tinha sentido. Acusei demasiado a responsabilidade da partida e o 1º falhanço afetou-me bastante.”

Para o técnico Fernando Mendes: “A alegria é enorme. Fizemos um Campeonato sem especulações, o que constituiu o nosso maior trunfo. Demonstrámos que somos a melhor equipa e a nossa vitória não foi mais clara porque não foi possível controlar tantos nervos”.

Curioso também o depoimento de Fernando Mamede, um grande atleta : “ É o futebol que sustenta as modalidades amadoras. Se o futebol anda bem as modalidades amadoras também andam. O Sporting é campeão porque não é com quezílias que se ganham os campeonatos. Durante a prova feriram-se mutuamente colegas da mesma profissão…”

Alguns dias depois foi marcante a entrevista de Jordão ao jornal “A Bola” onde referia: “Agradeço a conquista da Bola de Prata (título atríbuido pelo jornal ao melhor marcador do campeonato) a todos os meus colegas, mas queria dizer um obrigado muito especial ao Manuel Fernandes que chegou a sacrificar-se por mim”. Era uma das melhor duplas de sempre do futebol em Portugal a funcionar!

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