15 de Março de 1970. No Estádio do Restelo o Sporting de Fernando Vaz, coadjuvado por Mário Lino e Mário Moniz Pereira, sagrou-se Campeão Nacional (pela 17ª vez) a 4 jornadas do fim. Numa tarde ventosa mas soalheira, e perante muito público, os leões alinharam com: Damas; Pedro Gomes, Caló, José Carlos e Hilário; Gonçalves (Alexandre Baptista) e Peres; Marinho, Lourenço (José Moraes), Nélson e Dinis.
O Sporting não ganhava há 4 épocas no Restelo, e perante um encontro que lhe podia conferir matematicamente o título os leões não conseguiram fazer uma grande exibição (aliás tal como o seu adversário). O vento (absolutamente incrível de intensidade) também não ajudou, e a partida nunca atingiu bitola elevada. O Belenenses aproveitou o fator vento (jogando a favor) para iniciar a partida a todo o “gás”, mas aos poucos o Sporting foi asumindo o controlo.
Jogava-se o minuto 14 quando os leões inauguraram o marcador. Num lançamento em profundidade sobre a esquerda, Marinho recebeu, passou por Rodrigues e Freitas, fletiu para o centro e rematou de surpresa com grande violência, obtendo um golo fantástico. Até ao intervalo o jogo manteve-se equilibrado e sensaborão, salvando-se uma magnifica intervenção de Damas e uma bela assistência de Nélson, para Lourenço falhar.
Esperava-se mais para a 2ª parte mas o jogo acabou por piorar, arrrastando-se monótono, pois se o Sporting ía cumprindo os seus objetivos, os azuis não mostravam talento para virar as coisas. Aos 65 minutos os leões aumentaram a contagem. Nélson, sempre muito batalhador, ganhou um lance que parecia perdido à defesa azul e Dinis (contratado esta época ao ASA de Angola) aproveitou, apossando-se da bola e rematando muito bem para o fundo das malhas. O resultado parecia feito, mas a 11 minutos do fim os locais reduziram por Laurindo – após José Carlos falhar uma interceção.
No final o Sporting ganhou por 2-1 e sagrou-se Campeão à 22ª jornada porque o Benfica venceu na Luz o 2º classificado – Vitória de Setúbal, pelo mesmo resultado. Nunca tão cedo houvera um campeão, que só o ficou 5 minutos depois do jogo terminar quando Eusébio, de penalty, deu a vitória ao Benfica.
Peres, regressado de Coimbra, acabara de conquistar o seu 2º título pelo Sporting: “Sinto uma grande alegria e orgulho por ter ajudado o Sporting a conquistar o título. Por coincidência esta vitória acertou com o meu regresso. No outro campeonato também tinha ingressado no clube, vindo do Belenenses. Orgulho-me de ter dado ao Sporting os meus humildes conhecimentos. Não fomos só a melhor equipa do Campeonato mas também a mais harmoniosa e humilde. Foram estas as nossas principais virtudes. O jogo de hoje foi muito difícil mas ganhámos sem discussão. O nosso adversário jogou com rudeza excessiva o que me surpreendeu. Acho que Mário Wilson, um belíssimo técnico, não os ensinou a jogar assim. Se o Belenenses pensasse mais em futebol talvez colhesse outros frutos”.