Em meados da década de 10 do século passado o Futebol vivia ainda (com excepções raríssimas) no mais profundo amadorismo. Eram sobretudo os mais pobres que o praticavam. A generalidade dos futebolistas era de baixa índole social, jovens com muitas privações e grande parte deles analfabetos, que procuravam na prática desportiva um refúgio, uma esperança, talvez a salvação.

Daqueles que íam aos clubes prestar provas, os que se mostravam mais talentosos ficavam, e as coletividades desportivas procuravam arranjar-lhes um emprego, o que por vezes era difícil, sobretudo devido à sua má preparação e falta de jeito para qualquer ofício. Não eram assim tão raros os casos de adeptos que “aqueciam” as mãos de um ou outro futebolista com algumas notas.

Paulatinamente o Futebol foi ganhando adeptos. As entradas pagas proporcionaram receitas para os clubes. Ao domingo era ver milhares de pessoas (na sua esmagadora maioria homens) a acorrer aos campos de Futebol, e pouco a pouco foi-se arranjando dinheiro para pagar alguma coisa aos jogadores. Um muito ténue profissionalismo começava a eclodir.

Curiosos eram também os treinos, se comparados com aquilo que se faz atualmente. Duas ou três vezes por semana, das 6 às 8 horas da manhã, não raras vezes com inúmeros faltosos, as equipas preparavam o jogo do domingo seguinte, quase só com bola. Aliás, os jogadores de Futebol só queriam bola nos treinos. Corridas, saltos, exercícios de ginástica, preparação física na sua expressão mais simples, eram quase inexistentes…

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