23 de Março de 1941. Neste dia disputou-se no Estádio do Lumiar uma partida que poderia ser decisiva (e foi-o) para o Campeonato Nacional. O Sporting levava 3 pontos de avanço do Benfica e para os encarnados (que jogavam “em casa”) era imperioso vencer. Arbitrou (muito mal) António Palhinhas de Setúbal, que além de marcar mal um penalty contra o Sporting perdoou duas grandes penalidades a cada equipa e invalidou mal um golo ao Benfica.

A equipa: Azevedo; Rui de Araújo e Álvaro Cardoso; Paciência, Gregório e Manecas; Mourão, Armando Ferreira, Peyroteo, Soeiro e João Cruz.

Segundo o jornal “Os Sports”, a chuva caiu torrencialmente, ensopando os jogadores e alagando o terreno. Os choques e as quedas sucederam-se, e a equipa do Sporting, mais forte fisicamente, levou vantagem”.

Os leões entraram ao ataque, e Martins (guardião encarnado) teve 3 intervenções difíceis logo de início. Aos 12 minutos o árbitro apitou mão de Rui de Araújo na área leonina (o jogador levou as mãos à cabeça contrafeito) e no penalty Francisco Ferreira fez 1-0, apesar de Azevedo ainda ter tocado na bola.

O Sporting demorou um pouco a recompor-se, mas quando o fez criou diversas situações de perigo, “apesar de alguma inoperância de Soeiro (algo individualista)”. Finalmente, aos 20 minutos, surgiu o empate. Soeiro centrou e Mourão cabeceou, Martins defendeu, mas um benfiquista chutou contra Mourão tendo a bola resvalado para as redes! Antes deste golo Rodrigues tinha marcado, mas o árbitro anulou por fora-de-jogo (aparentemente inexistente).

O Sporting, após a igualdade, manteve o domínio do jogo. Armando Ferreira exibia-se em crescendo e a chuvada começou. Com o terreno pesado os verde e brancos aumentaram o ascendente e antes do intervalo Peyroteo foi agarrado na área sem o árbitro assinalar nada. Pouco depois Soeiro ainda obrigou Martins a grande defesa.

No “charco” do Lumiar brilhou nos primeiros minutos da 2ª parte o guardião benfiquista a negar golos certos a Armando Ferreira e Soeiro. O Benfica contra-atacava e acabou por marcar por Teixeira (mas o árbitro anulou bem por infração do marcador). Aos 55 minutos Mourão fez o 2-1 para o Sporting – Soeiro rematou forte, Martins defendeu para a trave, a bola subiu e quando baixou foi impelida pela cabeça de Mourão para o fundo das malhas (o extremo lesionou-se no lance). O Sporting continuou a “massacrar” e Martins a brilhar mas foi paradoxalmente o guardião benfiquista a ajudar à festa ao contribuir para o 3-1 num canto direto de João Cruz…

Julgou-se então que o Sporting iria golear tal era a sua superioridade, mas Martins continuava a ser um “super-homem”. Ele foi bolas salvas sobre o risco, outras na trave, mas de golos… nada. Contra todas as espetativas foi o Benfica a reduzir, por Rui de Araújo na própria baliza, num piparote que enganou Azevedo após remate inofensivo de Lourenço. O Sporting continuou a criar e falhar oportunidades e a verdade é que o empate esteve à vista, mas Azevedo fez uma defesa seguríssima a remate de Teixeira. O Benfica passou a utilizar um jogo muito direto e o Sporting teve dificuldades, mandando muitas bolas para fora.

Finalmente, a 2 minutos do fim, Paciência marcou um livre e Peyroteo marcou de cabeça um belo golo (4-2). Antes do fim Gaspar meteu a mão à bola dentro da área sem que o árbitro marcasse o respetivo penalty e Mourão, em frente às redes contrárias, atirou por cima…

Para “Os Sports”: “O Sporting ganhou bem porque foi muito superior. Mourão – foto de arquivo (com 2 golos e uma magnífica exibição) e Soeiro foram os melhores da equipa”, que estava à beira de ser pela 5ª vez campeã nacional, facto que viria a confirmar na semana seguinte com uma vitória por 9-0 frente ao Boavista!

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