7 de Junho de 2025. Pavilhão Municipal de Santo Tirso. A equipa de Andebol do Sporting Clube de Portugal encerrou a época com o triplete, conquistando a Taça de Portugal frente ao FC Porto (28-27).
Numa final disputadíssima, o conjunto leonino somou o 7º troféu nacional consecutivo, um feito inédito no Andebol português!
Perante bancadas vibrantes e coloridas, os verdes e brancos entraram em desvantagem, pois aos 4 minutos, o FC Porto já vencia por 3-1, demonstrando maior consistência ofensiva e contando com um Diogo Rema inspirado entre os postes.
Num jogo de alta intensidade, os portistas conseguiram manter-se na frente, vencendo por 5-4 aos 10 minutos. Foi então que surgiu Mohamed Aly – o egípcio encheu a baliza e impediu os azuis e brancos de dilatar a vantagem. Ainda assim, do outro lado, também o guardião portista continuava a brilhar – tal como a trave da baliza. A igualdade tardava.
Aos 14 minutos, Diogo Branquinho fez finalmente o 5-5, num minuto fértil em acontecimentos – logo a seguir, Victor Iturriza agrediu Pedro Martínez e foi expulso. 2 minutos depois, o Sporting CP passou para a frente pela primeira vez (6-5), novamente com golo do camisola 22. O equilíbrio, porém, manteve-se, com a liderança a alternar de umas mãos para as outras.
Aos 20 o FC Porto voltou a distanciar-se (9-7), vantagem que os leões tentaram em vão anular – apesar da pontaria afinada de Orri Thorkelsson, os portistas mostravam-se igualmente eficazes e, após uma falha técnica do ataque leonino, chegaram ao 12-9, a 5 minutos do intervalo.
Aos 27, Thorkelsson converteu um novo livre direto e, na jogada seguinte, a defensiva verde e branca superiorizou-se ao ataque portista. Lançado em contra-ataque, Mamadou Gassama não tremeu e reduziu para 13-12. Ainda assim, ao intervalo, o FC Porto vencia mesmo por uma margem de 2 golos (15-13).
Num reinício frenético, Martim Costa abriu as hostilidades da 2ª parte, reduzindo para 15-14. Depois, André Kristensen negou o golo aos dragões, e, na sequência, Francisco Costa igualou a contenda (15-15). Nas jogadas seguintes, contudo, o cenário inverteu-se – o FC Porto concretizou sempre e Diogo Rema, com 3 intervenções de enorme qualidade, negou consecutivamente o golo aos leões (18-15).
Aos 39 minutos os leões responderam com garra – Orri Thorkelsson reduziu para 18-16, André Kristensen somou mais uma boa defesa, Kiko Costa voou para o 18-17 e, após mais uma excelente recuperação de bola a lançar novo contragolpe, Natán Suárez fez o empate.
A igualdade prolongou-se largos minutos e só aos 44 se desfez, quando William Hoghielm surgiu imparável para a reviravolta (19-18), lançado por mais uma defesa monstruosa de André Kristensen.
Com as duas equipas a concretizarem todas as suas posses, só o erro individual ou a divina inspiração pareciam ter poder para desequilibrar a balança, e foi o que aconteceu – o FC Porto aproveitou uma perda de bola do Sporting CP no ataque para agarrar novamente a liderança e, na jogada seguinte, Orri Thorkelsson acertou com estrondo no poste da baliza (22-20).
Com a baliza deserta, os leões desperdiçaram nova oportunidade, mas conseguiram fortalecer-se na zona defensiva. Assim, e numa partida de roubar o fôlego, Francisco Costa, Natán Suárez (por duas vezes) e Salvador Salvador voltaram a virar o jogo aos 23 minutos (24-22).
O Sporting CP agarrou-se à vantagem com unhas e dentes e não mais a perdeu, mas precisou de saber sofrer. Aos 27, e com um 27-24 no marcador, os comandados de Ricardo Costa tinham já mão e meia no troféu, mas, a 1 minuto do fim, o FC Porto ainda reduziu (27-28). Com poucos segundos por jogar, e com a posse nas mãos do Sporting CP, pedia-se cabeça e, apesar do susto, os leões venceram mesmo a 4ª Taça de Portugal consecutiva. Uma época inesquecível, coroada com uma vitória da raça e do querer.
A equipa: André Kristensen [GR] e Mohamed Aly [GR]; Edy Silva, Pedro Portela, Francisco Costa (3), Natán Suárez (6), Jan Gurri (1), Pedro Martínez, William Hoghielm (1), Salvador Salvador [C] (3), Orri Thorkelsson (5), Mamadou Gassama (1), Diogo Branquinho (3), João Gomes, Christian Moga e Martim Costa (5).
As palavras de alguns dos protagonistas:
Ricardo Costa (Treinador) – “Era muito difícil repetir aquilo que fizemos o ano passado. Não digo que superámos as nossas expectativas, porque queremos sempre mais, mas sabíamos que era tremendamente difícil fazer aquilo que fizemos. Agradecido aos nossos atletas, aos nossos adeptos que voltaram a encher um pavilhão… estamos a marcar uma geração e muito felizes por mais uma época de sucesso. É continuar com esta ambição, porque será cada vez mais difícil ganhar. Como diz um amigo meu: é o mais difícil, porque só ganha um. Houve muitas oscilações no resultado, o FC Porto esteve na frente, nós também. Foi um jogo muito disputado, embora nem sempre bem jogado, mas sabe melhor ganhar desta forma, de forma difícil. Na parte final, fomos mais lúcidos, conseguimos gerir a posse de bola e caiu para o nosso lado. Estou muito feliz por isso. É difícil ter palavras para os adeptos. Dar-lhes o devido mérito. Esta vitória também é deles.”
Edy Silva – “É uma loucura. Chegar até aqui, com todas as dificuldades… esta equipa consegue tirar forças não sei de onde. É uma mistura de tudo, dos treinos, da conexão que temos uns com os outros e com os adeptos, que nos faz ressurgir e voltar ao foco em qualquer momento do jogo. 7 títulos é uma honra muito grande, o coração não aguenta, é uma felicidade que não se controla. Estou até emocionado. [lágrimas] É uma sensação muito boa, chegar assim ao final da época é sensacional. E é isso, triplete mais uma vez.”
Mamadou Gassama – “Primeiro de tudo, estou muito contente. Não fizemos o nosso melhor jogo mas ganhámos porque temos este espírito vencedor. O guarda-redes adversário foi decisivo e o melhor jogador da partida. Este ano foi um ano muito difícil, não queríamos terminar a época com um sabor amargo na boca. Conseguimos, foi incrível.”
Pedro Martínez – “Foi uma época perfeita, que superou tudo o que esperava. Acho que dentro do balneário e no campo somos uma família. Sinto-me em casa. Acho que a festa vai ser boa!”
João Gomes – “É um sentimento de dever cumprido, conseguimos ganhar todas as competições internas e estamos a criar uma nova era no Sporting CP. Estamos a montar uma História única e bonita. Não apenas nos momentos bons mas também nos maus, temos todos uma conexão muito. Agora é aproveitar e vamos festejar. Quero agradecer aos Sportinguistas.”
Kiko Costa – “Sabíamos que ia ser um dos títulos mais importantes que tínhamos para conquistar, foi o 7º seguido e entrámos para a História do Andebol e do Sporting CP. É um sentimento de dever cumprido, apesar de não termos feito o nosso melhor. Agora vamos festejar com os adeptos, descansar, carregar baterias e regressar para a próxima época. Nos primeiros 2 anos não conquistámos praticamente nada, sabíamos que tínhamos de trabalhar o dobro para fazer aquilo que estamos a fazer agora, e nunca desistimos. Ganhámos muita coisa, mas quero sair daqui lembrado por fazer parte da melhor equipa da História do Sporting CP. Neste jogo, e a perder por 3 golos, notámos muito a presença dos nossos adeptos. Fizeram disto o Pavilhão João Rocha, a nossa fortaleza, e eles foram o 8º jogador num momento onde as forças já não eram muitas. Dar-lhes também os parabéns porque fizeram parte da nossa história.”
Christian Moga – “Foi difícil, mas estamos satisfeitos. Conseguimos ganhar, atingir os nossos objetivos e fechar em grande a época, o que era importante para nós. O segredo é sermos mais do que uma família, é esta nossa união.”
Pedro Portela – “É mais um momento de orgulho para nós, para este grupo de trabalho que não se cansa de ganhar e luta sempre por mais um título. Temos de estar orgulhosos daquilo que temos vindo a fazer. É continuar neste ritmo e com esta vontade de ganhar mais e mais para o Sporting CP. Esta união e a qualidade do plantel fazem a diferença. Todos entram e fazem muito bem o seu trabalho, temos de estar de parabéns por esta família que temos aqui. Há que agradecer aos Sportinguistas, que são fundamentais, por esta bancada cheia que nos apoiou durante toda a época. Foram incansáveis e nós vamos também continuar, certamente, a conquistar títulos.”
Martim Costa – “Conseguimos alcançar todos os objetivos que tínhamos e a que nos propusemos. Fizemos uma grande época europeia, que queremos melhorar na próxima, mas agora precisamos de esquecer um pouco o Andebol e descansar depois de uma época longa. Estamos super felizes e com um sentimento de dever cumprido porque fizemos uma temporada espetacular. Foi sempre o meu objetivo desde que cheguei ao Sporting CP – somos de longe a melhor equipa, jogamos melhor Andebol e agora o desafio é mantermo-nos lá em cima. Destronar uma equipa como o FC Porto foi supercomplicado, mas mais difícil é ser constantes e consistentes. Como eu disse, vamos descansar e daqui a 1 mês pensamos na próxima época. Já disse tudo sobre os sportinguistas – apoiaram-nos do início ao fim, mesmo quando o FC Porto estava por cima não nos deixaram ir abaixo e puxaram por nós. Estou muito agradecido.”
Salvador Salvador – “Estou completamente realizado, tenho um grupo fantástico, uma família autêntica, e é esse um dos fatores fundamentais para o sucesso que temos vindo a atingir. Há um marco a partir do momento em que o Ricardo [Costa] e esta estrutura entram no Sporting CP e se propõe a marcar uma era no Andebol português. Estamos apenas a desfrutar de todo o trabalho e esforço realizados por este grupo. Estou extremamente feliz – de rastos, porque esta época foi muito dura, mas este grupo merece tudo aquilo que está a viver. Fizemos história na EHF Champions League, voltámos a conquistar a Supertaça, um Bicampeonato que não era conquistado há imenso tempo, e hoje batemos novamente o pé, conquistámos o ‘Bitriplete’ – expressão que nem sei se se usa em português. São 7 títulos consecutivos, mas tenho a certeza de que com a mentalidade que o Ricardo consegue incutir-nos vamos querer sempre mais, fazer do Sporting CP um clube maior no dia de amanhã. Aqui continuaremos para fazer mais História. Uma palavra final, uma vez mais, para os nossos adeptos, que esgotaram novamente o pavilhão em mais uma final no norte do país. Já vi aqui rostos que vejo sempre no João Rocha, são pessoas especiais que vivem o Clube e acompanham este grupo porque gostam daquilo que fizemos. Quero muito festejar com eles mais uma vez.”
Texto baseado em sporting.pt