11 de Outubro de 2025. Pavilhão Multiusos de Odivelas. A equipa de Hóquei em Patins do Sporting conquistou a Supertaça António Livramento ao ter vencido o FC Porto por 4-3, após prolongamento, este sábado, e menos de uma semana depois de se ter sagrado Campeã do Mundo!
Há 10 anos que os leões não levantavam este troféu e foi de forma heróica que conseguiram voltar a vencê-lo (pela 3ª vez). Obrigados a recuperar de um 2-0 e depois de um 3-1 ainda na 1ª parte, os recém-coroados Campeões do Mundo puxaram dos galões e contaram com um Facundo Navarro absolutamente decisivo (hat-trick) para chegar ao título: o argentino forçou o prolongamento a 3 minutos do fim e, a seguir, apontou também o golo da vitória.
Perante o Bicampeão nacional em título, o FC Porto, o Sporting CP chegou à Supertaça como detentor da Taça de Portugal e entrou em pista com Xano Edo, Gonzalo Romero, Alessandro Verona, Facundo Navarro e Rafa Bessa no 5 inicial. E foi a equipa mais ofensiva desde o arranque, com o capitão Nolito a assustar através de stickadas em zona frontal, embora na resposta azul e branca o capitão Gonçalo Alves tenha colocado Xano Edo à prova.
De seguida, o clássico abriu-se mais e os dragões – bem fechados na defesa e confortáveis a sair em transição – obrigaram o guardião verde e branco a aplicar-se a fundo até que aos 10 minutos um desvio de Ezequiel Mena acabou mesmo no fundo das redes. 3 minutos depois, Hélder Nunes ampliou o marcador para 2-0, complicando a tarefa verde e branca.
De imediato, os leões ainda sobreviveram a um período de inferioridade numérica – cartão azul a Navarro – durante a qual dispuseram da sua ocasião mais clara até então, mas se não foi à primeira para Verona, foi à segunda. Servido por Romero, o italiano – em grande neste arranque em 2025/2026, apareceu na área para empurrar a bola e reduzir para 2-1.
Escassos segundos depois, Hélder Nunes ainda castigou uma perda em zona proibida com o 3-1, mas a reacção verde e branca foi, também, imediata. Navarro interceptou um passe em zona defensiva, acelerou a solo para a meia-pista adversária e com um ‘tiraço’ cruzado fez balançar as redes na fase mais frenética do clássico.
Já o 3-2 não se alterou até ao intervalo, apesar das várias investidas do Sporting CP e do FC Porto, que até beneficiou de um penálti, travado por Xano Edo.
No 2º tempo, os leões, em busca do empate, reentraram claramente por cima, empurrando e mantendo o jogo nas imediações da área adversária, mas nem Rafa Bessa, nem Danilo Rampulla – nas mais claras – conseguiram bater Xavi Malián e o tempo continuou a correr contra o Sporting CP, que ainda deixou de contar com Verona devido a lesão.
Perante um conjunto azul e branco cada vez mais fechado e que pouco arriscou no ataque, os leões não pararam de insistir, porém o 3-3 e até a 10ª falta portista tardavam em chegar. Mas quando esta última foi assinalada, com recurso ao Sistema de Revisão Vídeo, o guardião do FC Porto levou a melhor sobre Nolito e, a 7 minutos do fim, tudo ficou na mesma em Odivelas.
Não se alterou também a postura do Sporting CP, que continuou a carregar: Romero, em força, atirou para nova defesa de Malián, que negou o golo também a Rampulla e, pelo meio, Bessa ainda acertou no poste.
A busca verde e branca foi incessante e foi recompensada, finalmente, aos 47 minutos. Na sequência de mais uma bola devolvida pelo ferro, desta vez Navarro estava lá para o desvio decisivo que concretizou o empate e acabou por levar a decisão da Supertaça para prolongamento.
Aí os leões voltaram a ter no camisola 33 o principal protagonista. Com uma stickada certeira em zona frontal, Facundo Navarro assinou o hat-trick na final e adiantou o Sporting CP no clássico pela 1ª vez. E o argentino até podia ter aumentado de imediato a vantagem, porém desperdiçou um penálti ganho também por si.
Foi na 2ª parte do prolongamento que os papéis, naturalmente, se inverteram, e foi o momento de a equipa verde e branca conter o tudo por tudo dos dragões, que ainda arriscaram com o 5×4 sem guarda-redes, mas emergiu, de novo, Xano Edo para garantir a vitória e soltar a festa Sportinguista dentro e fora de pista.
A equipa: Xano Edo [GR], Rafa Bessa, Diogo Barata, Danilo Rampulla, Alessandro Verona, Roc Pujadas, Facundo Navarro, Henrique Magalhães, Gonzalo Romero [C], Zé Diogo [GR].
Confirmada a conquista da Supertaça, o treinador Edo Bosch esteve em conferência de imprensa para abordar o triunfo, a resposta extraordinária dada pelos seus jogadores e a importância de mais um título:
“Primeiro, muitos parabéns ao FC Porto, porque foi um grandíssimo jogo, como tinha sido há 15 dias. Chegamos aqui um bocado cansados, mas só as grandes equipas conseguem fazer o que estes rapazes fizeram. Não sei quantos jogos em 12 dias, duas viagens de mais de 10 mil quilómetros, estar a perder por dois golos duas vezes contra uma excelente equipa e procurar forças onde não as havia e unir-se ainda mais… Fomos em busca de algo muito difícil, mas conseguimos e acho que o merecemos (…) Chegámos na terça-feira, muito cansados, mas muito felizes pela conquistado Mundial. O staff trabalhou muito bem nestes dias para recuperar a equipa e treinamos um dia e pouco mais na sexta-feira. Focámo-nos em recuperar os jogadores e acho que isso foi chave. No início, o FC Porto colocou um ritmo muito alto, nós aguentámos, mas sofremos 2 golos. Mesmo assim, estes jogadores não baixam os braços, nunca. O segredo deste jogo não foi táctico, nem individual, foi coletivo. Esta equipa tem uma alma… É de lembrar que temos 4 jogadores novos há 2 meses e por culpa do Europeu e de algumas lesões não levam esses 2 meses a trabalhar juntos, mas parece que já o fazem há 2 ou 3 anos (…) Nós trabalhamos, lutamos e morremos em pista pelos adeptos. Acreditem nesta equipa, porque vão dar muitas alegrias. Isto é só o início, cada vez vamos crescer e ser mais fortes. Vamos tentar conquistar sempre o máximo de títulos para eles. No ano passado, as coisas não começaram bem, fomos logo eliminados na WSE Champions League. Às vezes não é fácil recuperar de golpes fortes. Há 15 dias perdemos a final da Elite Cup e conseguimos, uma semana depois, estar na máxima força, e hoje também. Trabalhar sobre vitórias é muito mais fácil. Podia ter perdido, mas o orgulho que sinto nestes jogadores faz-me pensar que, ainda assim, continuava a acreditar a 200% neles. A cada dia mostram-me que têm muita ‘fome’. Vão querer muito mais durante todo o ano (…) Estamos cansados, mas também temos feito muitos jogos de alta intensidade. Acho que o FC Porto entrou forte para tentar desgastar-nos para na 2ª parte poder dilatar a vantagem ou ganhar o jogo, mas acho que nós, mesmo cansados, habituámo-nos a jogar jogos de grande intensidade. Na 2ª parte tivemos uma ‘botija’ de oxigénio extra que nos serviu muito bem, impulsionou-nos para o empate e continuar no prolongamento. Em menos de uma semana levamos 2 jogos de 60 minutos contra duas grandíssimas equipas. Um dos segredos era ter o coração forte, como lhes disse antes de começar o jogo. O controlo emocional neste tipo de jogos é fundamental e conseguiram-no durante 60 minutos (…) Eu gosto de falar os primeiros 15 ou 20 segundos [do desconto de tempo], mas depois os jogadores mais experientes gostam [de falar], por vezes o ‘Nolito’, o Verona ou o Henrique, como hoje, mais por uma questão de ir procurar uns movimentos. Não gosto de dar muita ‘letra’ nos momentos de tensão, digo as minhas quatro coisas e, depois, se algum jogador acha que pode acrescentar algo para o bem da equipa, tem ‘carta’ verde – e branca (risos) – da minha parte.”