27 de Junho de 1933. Sporting e FC Porto protagonizaram confrontos magníficos de emoção nas meias-finais do Campeonato de Portugal. O 1º jogo realizou-se em Lisboa a 18 de Junho, tendo-se verificado um empate a uma bola. Apesar do domínio leonino os portistas conseguiram chegar à igualdade no último minuto beneficiando dum erro de Dyson. Logo a seguir, no Porto, novo empate, agora sem golos, numa partida renhidíssima.
Foi portanto necessária a realização dum jogo de desempate. O desafio disputou-se em Coimbra, no campo do Arnado, a 27 de Junho. Por entre uma assistência inflamada os leões, orientados por Rudolf Jeny, alinharam com: Dyson; Jurado e Joaquim Serrano; Varela, Rui de Araújo e Faustino; Mourão, Abrantes Mendes, Gralho, Abelhinha e Valadas.
Os portistas abriram o ativo por Pinga ainda na 1ª parte (em que alinharam com o vento e o sol a favor), num remate no qual Dyson ainda tocou na bola, mas com pouca convicção, deixando-a escapar para dentro das redes… Nesta 1ª parte Siska – o guardião portuense, teve mais trabalho que o seu homólogo sportinguista, mas a única verdadeira oportunidade foi desperdiçada por Valadas.
No 2º tempo os leões deram a volta ao jogo. Logo no início um fantástico golpe de cabeça de Mourão restabeleceu a igualdade. A meio deste período Valadas com um excelente pontapé fez o 2-1 que desmotivou seriamente os nortenhos. Pinga entrou então num período de alguma violência e o jogo perdeu interesse. Pouco antes do final Abrantes Mendes vislumbrou um “furo” na defesa portista e atirou com força. Inteligente, ao aperceber-se que Siska ía bem lançado para a defesa, Gralho emendou com mestria fazendo o 3-1 e “acabando” com o jogo.
Nos leões, Jurado e Serrano estiveram impecáveis. O meio-campo defendeu bem e nunca se esqueceu de “alimentar” o ataque onde Valadas e Abrantes Mendes se destacaram. A revista “Stadium” referiu que: “Os sportinguistas utilizaram grande dureza. O árbitro viu-se obrigado a assinalar imensas faltas contra o Sporting”. Já no jornal “Os Sports” disse-se que: “Foi um jogo rude e duro, de campeonato, toada imposta pelos leões mas sem atitudes antipáticas”.
De qualquer forma, devido a esta forma “leonina” de jogar, os portistas protestaram o jogo o que naturalmente não teve quaisquer consequências. No final do encontro o jovem avançado Valadas afirmou ao jornal “Os Sports”: “O melhor resultado que o Sporting podia desejar está adquirido – eliminar o Porto e seguir para a final com outra equipa de Lisboa. Para nós o resultado da meia-final era tudo. A vitória obtida em Coimbra tem para nós e para Lisboa um alto significado. O futebol lisboeta volta à sua posição de destaque (…) Encaramos o jogo do próximo domingo com confiança. Todos temos fé em vencer, mas o Belenenses é um grande team e para nós é sobremaneira honroso defrontá-lo na final. Faremos tudo para ganhar mas se tal não fôr possível, paciência, o título ficará de qualquer forma em Lisboa” – um Valadas muito bairrista sem dúvida!