8 de Julho de 1934. O Campeonato de Portugal de futebol teve como finalistas o Sporting e o FC Barreirense. Nos quartos-de-final o Sporting eliminara com classe o Belenenses, enquanto nas meias-finais os leões afastaram o Benfica, naqueles que foram os jogos mais mediáticos de sempre (até então) entre os 2 rivais, e nos quais os sportinguistas se superiorizaram à tangente.
Afastado o Benfica, o treinador/jogador húngaro do Sporting – Rudolf Jeny, anunciou antes da partida da final, tal como havia acontecido na do ano anterior, que não iria alinhar: “Não devo jogar. Num campeonato nacional entendo que não deve jogar um jogador que não é português. No meu posto deve jogar o Cervantes”, e assim foi na realidade.
Os sportinguistas partiram para esse jogo com grande favoritismo o que causou um menor entusiasmo do público pelo desafio (por exemplo em relação à época anterior). Em despique estavam 2 tipos de futebol bem diferentes. Dum lado o Sporting, com grande sentido prático, ótimos índices físicos e uma forma muito pragmática de atacar o adversário. Do outro o Barreirense, com jogadores muito dotados tecnicamente que praticavam um estilo de jogo muito bonito à vista, mas algo lento. Na partida, disputada no Estádio do Lumiar, o Sporting alinhou com: Jóia; Jurado e Joaquim Serrano; Abelhinha, Rui Araújo (cap) e Faustino; Mourão, Vasco Nunes, Soeiro, Reynolds e Cervantes.
Deste “cocktail” de estilos resultou um jogo muito interessante. Os leões entraram com algum excesso de confiança, tendo os barreirenses inaugurado o marcador por Nunes. O Sporting tremeu e bem podia ter sofrido o 2º em algumas ocasiões. Inclusivamente, muitos dos que assistiram à partida afirmaram que o árbitro portuense perdoou um penalty aos leões. Pouco depois desse lance polémico Soeiro empatou a contenda a passe de Mourão, bisando ainda antes do intervalo, pelo que o descanso chegou com a vantagem dos lisboetas por 2-1.
No 2º tempo, Soeiro (naquele que foi talvez o jogo da sua vida) aumentou a diferença para 3-1, para Pedro Pireza (um futuro leão) reduzir pouco depois. Já a 2ª parte “amadurecia” quando Jurado, em lance infeliz, empatou o jogo. Até ao fim dos 90 minutos foram os barreirenses (muito bem animicamente) a estar mais perto do triunfo – como máxima expressão deste facto relembra-se um remate à trave da baliza de Jóia a 2 minutos do fim.
No prolongamento o inevitável Soeiro marcou o seu 4º golo logo aos 5 minutos, conferindo uma tão saborosa quanto difícil vitória para as suas cores. Além de Soeiro foram Rui Araújo e Mourão as grande figuras da equipa leonina nesta importante vitória. O capitão e médio-centro sportinguista afirmou no final: “Estou satisfeito com a vitória. Ganhámos merecidamente apesar da reação do Barreirense no último quarto de hora da 2ª parte que teve origem no lance infeliz de Jurado, causador involuntário do 2º golo dos nossos adversários. O trabalho do árbitro satisfez-me”.
O investimento (produtivo) no Futebol, fez com que as despesas superassem as receitas em cerca de 14 contos… Joaquim de Oliveira Duarte (o presidente) afirmou na altura: “Não nos foi possível, ainda este ano, apresentar saldo positivo como era nosso desejo, mas se atendermos às obras que no prazo apertadíssimo de 1 ano realizámos constata-se que o défice apresentado (cerca de 39 contos) não é caso para alarme. O saldo apresentado quase nada representa na vida do clube.”
Talvez por vir dum conjunto alargado de temporadas em que os sucessos não abundaram, o Sporting possuía em finais de 1933 2.789 sócios, contra 4.644 do Benfica e 4.565 do FC Porto.