9 de Julho de 1982. Nesse dia, em Paris, Fernando Mamede bateu o recorde europeu dos 10.000 metros (que pertencia a Carlos Lopes), ficando pertíssimo do máximo mundial.
Duas semanas antes, em Oslo, Carlos Lopes apoderara-se do recorde europeu, mas desta vez Mamede não deu hipóteses a ninguém. No entanto o feito soube a pouco ao grande campeão leonino: “O que eu queria era o recorde do mundo, e para o alcançar deixei de ir 13 dias antes a uma prova muito importante em Oslo, apostando tudo na tentativa de Paris”.
Para isso contava com o norte-americano (desertado de Cuba) Alberto Salazar, que era um bom rebocador, mas ele decidiu correr em Oslo e chegou à capital francesa cansado… “Aconteceu que a prova de Oslo foi espetacular e o Lopes bateu o recorde, de tal modo que a minha anterior melhor marca passou para 6ª ou 7ª de todos os tempos…”
O recorde do mundo era pois o objetivo de Paris. “A corrida foi bem conduzida. O Alberto Salazar ajudou depois dos 5.000 metros, só que a última parte foi um pouco complicada. É verdade que bati o recorde da Europa com menos 1 segundo e meio que a marca de Oslo, mas fiquei a 45 centésimos de segundo do recorde do mundo, uma diferença inacreditável nesta distância. Voltei a ser recordista da Europa mas soube-me a pouco”.
Perante um estádio a abarrotar de gente batendo palmas de forma sincopada o fantástico atleta leonino fez a marca de 27m22,95s. Curioso o facto de Fernando Mamede ter recebido 1.500 dólares na ocasião, enquanto o norte-americano Alberto Salazar, por ele claramente batido, arrecadou 10.000 – a pouca capacidade de negociação dos atletas portugueses… Curioso também o elogio de Mamede ao seu companheiro e rival: “Devo esta proeza a Carlos Lopes! Foi o seu exemplo e a sua garra que me estimularam. Infelizmente, só me faltou um pouco mais de ajuda nesta corrida, senão teria batido o record do Mundo”.