José Alfredo Buco Luzia nasceu a 18 de Agosto de 1963. Iniciou a carreira em 1976 na Académica da Amadora. Foi um dos melhores andebolistas portugueses de sempre (talvez o mais marcante da geração que antecedeu a de Carlos Resende). Atleta de vastos recursos, polivalente (era central, pivô ou lateral-esquerdo), algo temperamental, nunca escondeu o seu amor ao Sporting.

Jogou cerca de 20 anos, passando pelos principais clubes portugueses (Sporting, Porto, ABC, Benfica, Académica de Coimbra, Belenenses e Almada). Em Alvalade, enquanto jogador, foi Campeão Nacional de Juvenis em 1980, ganhou a Taça de Portugal em 1983 e o Campeonato Nacional em 1984. 3 anos depois foi campeão pelo ABC. Alinhou cerca de uma centena de vezes pela Seleção Nacional e marcou 168 golos.

Morreu a 6 Junho 2004 vítima de doença prolongada numa altura em que era técnico-adjunto do Sporting (desde a temporada anterior – e já o tinha sido também em períodos passados). Após a conquista da Taça de Portugal (17 dias depois), o treinador Fran Teixeira homenageou-o, exibindo na camisola uma foto sua com o falecido adjunto estimado por todos.

Atletas brilhantes e de diferentes gerações como, por exemplo, João Gonçalves e Ricardo Andorinho, expressaram publicamente o seu apreço por Luzia e o facto de terem sido fortemente marcados por ele, tanto ao nível humano como desportivo.

Poucos dias após a sua morte, João Gonçalves publicou um texto no jornal “Correio da Manhã” referindo-se ao amigo perdido. Vale a pena recordá-lo: “Extrovertido, sempre com um sorriso, o Zé era amigo do seu amigo e dispunha bem quem o rodeava. Como ele costumava dizer, estava sempre pronto para algo que desse cor à vida. Ao mesmo tempo, era implacável para quem não gostava. Para mim, mais velho quase uma década e que lhe dera o ‘baptismo’ na seleção, o Zé Luzia era um daqueles amigos, poucos, que o andebol me trouxe e que ficaram para a vida. Não me perguntem porquê. Coisas superiores do espírito raramente têm explicação terrena. Só sei dizer que havia uma química que funcionava com perfeição nos dois sentidos, numa cumplicidade de quem se fala ou se encontra para mutuamente se animar e viver melhor. Foi por isso que, nunca o esquecerei, um dia, de repente, percebi que qualquer coisa não estava bem. A saudação telefónica foi diferente do habitual e, rapidamente, me confessou que lhe tinham diagnosticado um linfoma. Palavra maldita…

Passado o choque, veio a luta. E, quem não assistiu, não imagina a dignidade com que esta foi travada. Raramente existia um queixume público e, na sua boca, até para os mais próximos, havia sempre registo de melhoras, mesmo que os nossos olhos percebessem que não era assim. Apenas por uma vez, com lágrimas nos olhos, me confessou que sentia pena de se ir embora tão novo, por não poder, junto da Paula, a sua companheira de todas as horas, desfrutar e conduzir a vida do seu filho, o pequeno André, com somente 5 anos de idade.
Os últimos tempos foram penosos, desgraçados, numa crueldade que a doença traz e que nos é difícil encarar. Na minha confessa e triste cobardia, perante os aspetos terríveis do mal físico que afectou o Zé Luzia nos últimos meses, quero esforçadamente guardar para sempre a imagem do atleta de eleição que passeava a sua classe natural e aquele sorriso de olhos grandes a saudar com ternura os amigos. É isso que ele merece. A preservação do seu estatuto humano. O Zé Luzia partiu, mas ficam a vida e a memória dum homem de quem o seu filho e a sua família se poderão para sempre orgulhar”.

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