8 de Setembro de 1957. Nesse dia começou mais um Campeonato Nacional de Futebol. Para “início de conversa” nada melhor que um grande clássico, Sporting-FC Porto no Alvalade. Os leões apresentaram como principais novidades nesta temporada o médio David Julius (proveniente da África do Sul) e os avançados brasileiros Vadinho e Ivson – mas só o primeiro já teve lugar na estreia.
O treinador leonino era Enrique Fernández, que escolheu o seguinte “onze”: Carlos Gomes; Caldeira e Pacheco; David Julius, Galaz e Osvaldinho; Hugo, Miltinho, Martins, Travassos e Pompeu.
Numa época em que tentava readquirir o prestígio ameaçado por 3 anos sem título nacional, o Sporting arrancou para a principal prova do futebol português da melhor maneira. As coisas até nem começaram bem, pois logo aos 5 minutos de jogo Miltinho, vítima duma distensão muscular, magoou-se com gravidade, mantendo-se estoicamente até final só para “fazer número”.
Durante todo o 1º tempo, jogando contra o vento, o Sporting sentiu imensas dificuldades para se impor, sendo até a equipa portista a criar a grande oportunidade de golo neste período – desperdiçada por Teixeira, que permitiu uma intervenção de recurso de Carlos Gomes.
O intervalo chegou com 0-0, mas o Sporting entrou para o 2º tempo com uma disposição completamente diferente. Os leões abriram o ativo aos 55 minutos por Martins. Hugo, bem servido por Travassos, fugiu para a cabeceira e centrou atrasado para o avançado centro concluir de cabeça.
A partir daí o “filme” mudou completamente. O Sporting começou a manietar o seu adversário exercendo um domínio territorial claro, que deu naturalmente os seus frutos. Apesar disso, só perto do fim os verde e brancos conseguiram ganhar tranquilidade no marcador. Aos 83 minutos surgiu o 2-0 por Pompeu. David Julius, vindo de trás, galgou terreno e disparou fortíssimo, obrigando Pinho a uma defesa incompleta. Embalado, Pompeu foi o primeiro a acorrer, aumentando a contagem.
À passagem dos 85 minutos Martins serviu Pompeu em profundidade, este ganhou em luta com um defesa nortenho e acabou por fazer o golo, que seria mal anulado.
A 2 minutos do final o Sporting estabeleceu o resultado da partida (3-0). Instado a marcar um pontapé de canto sobre a esquerda, Travassos atirou com efeito, e beneficiando do vento, conseguiu um tento belíssimo.
Na exibição leonina mereceu referência a exibição de David Julius, com uma quota parte importante na melhoria do conjunto na 2ª parte. Foi incansável num vai-e-vem constante entre a defesa e o ataque, mostrando uma disponibilidade física impressionante. Também Osvaldinho esteve em grande no 2º tempo, colaborando com mais frequência nas ações atacantes e contribuindo decisivamente para o domínio sportinguista. Carlos Gomes foi muito importante com a sua segurança na pior fase da equipa, mas, segundo o jornal A Bola“: “continuava a abusar dos pontapés altos sem conta, que se perdiam quase invariavelmente nos adversários…”
O Sporting começava de forma brilhante o Campeonato, que viria a terminar na mesma toada.
Foto: Uma imagem da partida, com Galaz a pontapear a bola sob as vistas de Osvaldinho.