14 de Setembro de 1947. Nesse dia foi inaugurado oficialmente o 1º Estádio José Alvalade, fruto duma remodelação profunda no velhinho Estádio do Lumiar. Para defrontar o Sporting (que pela 1ª vez tinha um campo relvado) foi escolhida a fortíssima equipa espanhola do Atlético de Bilbau, uma das mais credenciadas do país vizinho, e que veio a Lisboa com 9 internacionais! Comandada por Cândido de Oliveira, a equipa leonina: Azevedo (cap); Juvenal e Manecas; Canário, Octávio Barrosa e Veríssimo; Jesus Correia, Vasques, Peyroteo, Travassos e Albano.

O Sporting perdeu nesta partida uma excelente oportunidade de deixar boquiaberta toda a Espanha. Revelando uma tendência que já vinha, aliás, da época anterior, os leões tiveram um período de grande brilhantismo (durou 50 minutos) a que se seguiu um abaixamento súbito que redundou na perda duma vitória que parecia mais do que certa.

Logo aos 10 minutos, a passe de Veríssimo, Peyroteo inaugurou o marcador, e passados apenas 5 minutos Albano teve uma jogada genial, ultrapassou vários adversários e assistiu Jesus Correia, que com um remate fantástico fez o 2-0. O Sporting mostrava-se claramente superior, e um tiraço de Albano à passagem da meia-hora aumentou a conta para 3-0, resultado com que se chegou ao intervalo.

Peyroteo fez o 4-0 aos 55 minutos e tudo parecia decidido, mas um abaixamento claríssimo de produção entre os leões possibilitou a uma abnegada equipa visitante chegar à igualdade em 14 minutos (!) por Celaya, Panizo e Zarra (2). A partir daí a partida entrou numa fase de inusitada violência com a complacência do árbitro e perdeu todo o interesse. Segundo o jornal “A Bola”: “Jesus Correia foi o grande jogador da equipa leonina, que com um pouco mais de nervo poderia ter ganho tranquilamente a partida frente a este colosso espanhol…”

De referir que praticamente 2 meses antes (a 13 de Julho) o Estádio já tinha sido “simbolicamente” (como referiu na altura o Jornal do Sporting) inaugurado, com a grandiosidade que merecia, acontecimento que envolveu toda a população de Lisboa, ansiosa por ver até que ponto tinha sido remodelado o velho Estádio do Lumiar.

Em rápida visão do novo estádio, pôde-se verificar o seu aspeto imponente e muito agradável, “resultando num encantamento a sobriedade e harmonia do conjunto”. Ao invés de muitos outros, era um Estádio completamente fechado, com entradas em túnel largas e funcionais, que facilitavam o ingresso e permitiam a saída rápida e sem atropelos.

Segundo o mesmo Jornal do Sporting: “O terreno de jogo feio e duro que conhecíamos transformou-se num magnífico tapete relvado que deleita a vista e provoca um frémito de emoção. As pistas de ciclismo e atletismo (ainda não acabadas) são simplesmente maravilhosas e deslumbram pela sua amplitude. Como não podia deixar de ser num estádio moderno, nos extremos do terreno de jogo já estão abertas as entradas subterrâneas pelas quais os jogadores de cada grupo têm aceso ao campo, vindos diretamente dos balneários (…) Eis aqui, prezados consócios, a traços largos, o que se nos oferece dizer do nosso estádio, que a vontade indómita da nossa direção, presidida pelo incansável Dr. António Ribeiro Ferreira, soube transformar de sonho em realidade, com a ajuda do distinto Engº Mário Themudo Barata e o proficiente técnico de obras Manuel Nunes Henriques, como representante da direção, bem como do competente e diligente empreiteiro, Tomaz de Oliveira” (…) No remate final das solenidades da inauguração, foi entregue à Exmª Sobrinha do saudoso José Alvalade um bonito ramo de flores, preiro de sincera gratidão ao “leão de raça” que dotou o Sporting com o primeiro Estádio, e cuja dedicação ficará perpetuada no novo imóvel, que foi batizado com o seu nome”.

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