Cipriano Nunes dos Santos nasceu a 13 de Outubro de 1901 em Almada no seio duma família humilde. Estreou-se muito jovem nas categorias inferiores do Sporting.

Nos primeiros tempos do Futebol em Portugal, os guarda-redes eram escolhidos pela sua “falta de jeito” para jogar à frente. Até ao início dos anos 20 eram raras as exceções a essa regra, mas uma delas foi claramente Cipriano, o primeiro grande guarda-redes do Sporting, o primeiro a conseguir, em muitas ocasiões, fazer realmente a diferença devido ao seu talento inato para a função. Ele foi o verdadeiro antecessor de homens como Azevedo, Carlos Gomes, Vítor Damas ou Rui Patrício, “enchendo” a baliza leonina.

A 11 de Março de 1923 estreou-se oficialmente pelo Sporting (saltou num ápice da 4ª para a 1ª categoria) numa deslocação ao terreno do CIF para o Campeonato de Lisboa da qual os leões sairam vencedores por 2-0. A partir daí ganhou o lugar, não dando mais hipóteses a Amadeu Cruz ou Francisco Quintela. Durante 10 anos esteve na equipa leonina, e só na última dessas épocas passou o testemunho a Dyson, 11 anos mais novo, e entretanto contratado ao Benfica.

Durante a sua permanência no Sporting, Cipriano jogou mais de 120 jogos oficiais. Venceu 4 Regionais lisboetas e 1 Campeonato de Portugal, o 1º do clube e na sua 1ª temporada de verde e branco, com apenas 21 anos.

Em diversos jogos internacionais, como frente ao Sparta de Praga ou ao Szombathely AC, Cipriano brilhou a grande altura. Tinha um enorme caráter e espírito de sacrifício. Chegou a jogar doente e mesmo assim a destacar-se. Era dos jogadores mais assíduos aos treinos e jogava sempre.

Foi internacional lisboeta várias vezes, e nos Jogos Olímpicos de 1928, em Amesterdão, foi suplente do consagrado António Roquete. Jogou pela Selecção A em duas ocasiões (com empates frente a Checoslováquia e Espanha – neste caso a 1ª vez que a equipa lusitana não foi derrotada por “nuestros hermanos”).

Em 1928 o Sporting foi em digressão ao Brasil e Cipriano viveu uma aventura engraçada. Com o Fluminense estreou uma camisola nova que o seu companheiro, amigo e padrinho Jorge Vieira lhe trouxera de Espanha (igual à do famosíssimo guardião espanhol Zamora). A certa altura da partida ouviu uma voz rouca gritar-lhe: “Óh Cipriano! Eu sou teu amigo”. Surpreendido, e aproveitando um momento em que a sua equipa atacava, olhou para trás e deu com um velho conhecido que tinha a alcunha de Rato, o “Filho da Noite”. “Tu estás cá?”, disse-lhe o guarda-redes leão, “Salva-me. Estou à rasca. Matei um homem e fugi para o Brasil. Não como há muitos dias!…”

Mas não foi só no Futebol que Cipriano se destacou. Era peça importante da equipa de Andebol de 11 (modalidade para a qual também demonstrava grande talento) leonina que venceu o 1º Campeonato Regional, a 7 de Agosto de 1932.

Dele disse um dia o cronista Ruy da Cunha que era “um modelo de desportista” pois “não inchava com os aplausos”

Depois do Sporting, ainda alinhou no Boavista e Académica.

Recebeu a Medalha de Mérito e Dedicação, condecoração atribuída por altura das comemorações das Bodas de Prata do Sporting.

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