15 de Outubro de 1989. Nesse dia o Sporting recebeu o FC Porto na 5ª jornada do Campeonato Nacional. Os leões, orientados por Manuel José, tinham a hipótese de passar para a frente da classificação com uma vitória. O público presente no Alvalade foi muito, mas longe de registar uma enchente. A equipa: Ivkovic; Oceano, Luizinho, Venâncio e Leal (Cadete); Valtinho; Marlon, Douglas, Carlos Manuel (cap) e Lima (Paulinho Cascavel); Gomes.
O Sporting entrou em jogo com a nítida ambição de o vencer perante um FC Porto (tímido e preocupado em fechar os caminhos para a sua baliza), comandado por Artur Jorge, que levou um verdadeiro “banho de futebol”. Os leões atuaram com uma tática em que os flancos ofensivos eram constantemente utilizados por Marlon e Lima. Foi aliás o extremo-esquerdo do Sporting a desperdiçar de forma inacreditável duas oportunidades de golo no 1º tempo – com a baliza à sua mercê e a poucos metros dela, Lima “conseguiu” atirar a bola para fora nas duas ocasiões… (diga-se que estes falhanços marcaram o futuro do extremo-esquerdo como futebolista verde e branco). Gomes (que defrontava pela 1ª vez o “seu” FC Porto) também desperdiçou isolado perante Vítor Baía – mas houve ainda várias outras situações.
Para a 2ª parte o sistema e os objetivos das equipas não mudaram, mas o domínio sportinguista acentuou-se, conseguindo desenhar ótimas jogadas sobre o “tapete verde” do Alvalade mas sem eficácia. Finalmente, e quando muitos adeptos leoninos já desesperavam, o único golo da partida surgiu aos 82 minutos. Marlon subiu pelo lado esquerdo, e depois de se libertar de alguns adversários tocou para o meio na direção de Paulinho Cascavel, que muito rápido centrou para Gomes. Na ânsia de impedir a desmarcação do veterano ponta-de-lança, o portista André intercetou o esférico, acabando por desviá-lo para a sua própria baliza, fora do alcance de Vítor Baía.
Até final o FC Porto ainda tentou uma ténue resposta, mas sem quaisquer resultados práticos. Diga-se, de resto, que os portistas remataram apenas duas vezes durante os 90 minutos, criando raríssimas situações de real perigo.
Num vai-e-vém constante entre a defesa e o ataque, o brasileiro Douglas foi a grande figura da equipa e do jogo, tendo também avultado a grande segurança defensiva dos leões, com exibições sem mácula de Ivkovic, Venâncio e Luizinho.
No final o capitão Carlos Manuel era um homem satisfeito. “Fizemos uma 1ª parte espetacular frente a uma equipa muito difícil. Fomos muito melhores, e se tivéssemos marcado mais cedo teríamos conseguido uma vitória mais clara. Criámos uma série de oportunidades de golo, provando que somos uma equipa de índole ofensiva”.
Também o presidente Sousa Cintra estava feliz, e como habitualmente era um dos mais efusivos: “Estou muito contente. Fomos a equipa que jogou ao ataque. Na 1ª parte tivemos várias oportunidades, pelo Lima, duas, pelo Gomes e num penalty que Veiga Trigo não viu (causou dúvidas a situação). Na 2ª continuámos e jogar ao ataque e lá conseguimos marcar. Merecíamos ganhar por mais golos, mas paciência. Esta é uma equipa com grande futuro, mas ainda há um longo caminho por percorrer”.