17 de Outubro de 1965, 6ª jornada do Campeonato Nacional. O Sporting já ía em 11 jogos sem vencer na Luz para a principal competição portuguesa. O ínicio de época estava a ser razoável para ambos os contendores. Sob o comando de Otto Glória, a equipa verde e branca: Carvalho; Morais, Alexandre Baptista, José Carlos e Hilário; Ferreira Pinto, Dani e Peres; Lourenço, Figueiredo e Oliveira Duarte.

O Sporting entrou muito bem no jogo, com um futebol de pé para pé, surgindo o passe a “rasgar” quando uma boa desmarcação o exigia. Abriu o marcador logo aos 15 minutos. Lourenço, já dentro da área benfiquista, recebeu um passe de Figueiredo, parou, olhou e rematou rasteiro e colocado, sem hipóteses de defesa.

2 minutos apenas se passaram e o Benfica já empatava a contenda. A centro de José Augusto, Eusébio surgiu como um relâmpago e marcou por entre um “cacho” de jogadores. Houve então um período em que o Sporting abusou do passe comprido, quase sempre de Peres, e que inevitavelmente morria nos defesas locais. No entanto, a 5 minutos do intervalo, já “senhor” do meio-campo por ação de Dani e Peres, o Sporting voltou a adiantar-se num chapéu magnífico de Lourenço a Melo, aproveitando uma bola vinda diretamente da defesa leonina, que ninguém conseguiu cortar.

No primeiro quarto-de-hora da 2ª parte o Sporting entrou numa toada mais defensiva, atuando com mais cautelas, mas um tiro de Simões à trave teve o condão de fazer a equipa voltar a ganhar ambição, sentindo que o ataque seria a melhor defesa. Aos 67 minutos ampliou a contagem. Figueiredo, após falhanço de Germano, tocou para Lourenço, que completamente só em frente da baliza encarnada limitou-se a encostar. 10 minutos depois o avançado sportinguista completou o seu “poker” pessoal, aproveitando um mau passe de Raúl, num remate decidido e preciso, que bateu sem remissão o desamparado guardião Melo.

Daí até final, devido a algum individualismo, sobretudo de Oliveira Duarte, o Sporting perdeu ocasiões para somar um resultado verdadeiramente histórico. Do outro lado Carvalho também brilhou, mas, para amenizar as coisas, o Benfica ainda reduziu, por Torres, mesmo “em cima da hora”.

Em suma, a equipa leonina fez uma exibição sensacional, mostrando o valor do seu coletivo. A verdade é que o resultado foi tudo menos exagerado, tendo dado sempre a impressão de que, se preciso fosse, os leões marcariam mais golos.

Muito satisfeitos no final da partida, na cabina (depois de um recorde nacional de golos no Estádio da Luz), os jogadores leoninos estavam orgulhosos da superioridade patenteada perante um Benfica que tentava o tetra-campeonato. O “herói” Lourenço referiu: “Vínhamos mentalizados para ganhar, embora com os receios naturais duma deslocação à Luz, onde o Benfica é sempre adversário temível. Esperávamos a vitória, não contava era logo com 4 golos e todos meus, mas poderiam ter sido dos meus companheiros, que a alegria era a mesma. Foi a equipa que fez os golos e não eu, e Figueiredo foi um magnífico auxiliar. Esta vitória tem para mim um sabor especial, e dedico-a ao meu pai como presente de aniversário. O Benfica foi a grande equipa que conhecemos, mas pareceu-me desmoralizada, desmentalizada e hoje inferiorizada perante um Sporting superior. Fomos fortes demais para eles nesta bela tarde de futebol”.

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