Novembro de 1991. As bancadas do Estádio Alvalade foram pintadas de verde e branco. O associado José Cruz foi o grande obreiro da iniciativa com mais 14 voluntários e a ajuda preciosa da Torcida Verde. Um trabalho de monta, mas que deu um excelente resultado visual. Alvalade ficou mais bonito. Meses antes José Cruz abordara a Torcida Verde no sentido de conhecer a disponibilidade da claque para a realização dum sonho que possuía – a pintura de todas as bancadas do Estádio José Alvalade com as cores verde e branca. A vastidão da área a trabalhar era imensa o que tornava a obra quase megalómana. No clube não existiam condições materiais nem humanas para concretizar tal tarefa. Falta de mão-de-obra disponível e o forte investimento em tintas especiais eram fatores condicionantes. Os dirigentes do clube estavam céticos em relação à viabilização da obra… José Cruz teria “luz verde” no caso de encontrar mão-de-obra gratuita e tintas. Conhecendo o amor da Torcida ao Sporting não foi difícil convencer a claque a aderir ao sonho. Resolvido o problema da mão-de-obra logo foi encontrada uma solução para a aquisição das tintas. A tarefa consistia em duas fases: 1ª Raspar os degraus das bancadas com uma escova para tirar o pó, o musgo e outras impurezas que inviabilizassem a aderência da tinta – foi uma função de grande sacrifício, cerca de 12.000 metros quadrados de bancada raspada. O pó constituía um obstáculo enorme. A tarefa foi cumprida diariamente pelo fim do dia após os afazeres de cada um, prolongando-se por vezes pela noite dentro. Esta fase durou cerca de 2 meses. 2ª Pintura de todos...
1 de Novembro de 2001. Dezasseis-avos de final da Taça UEFA, Alvalade. O Sporting já tinha ganho na Suécia por 1-0 (golo de Niculae) e agora havia que confirmar a passagem à próxima eliminatória da competição. A equipa de Laszlo Bölöni parecia finalmente encarreirar para uma grande temporada. Jardel já tinha chegado e marcava golos a uma cadência impressionante. Nessa noite, na receção ao Halmstad, a equipa: Tiago; César Prates, Beto (Hugo Viana 72), Phil Babb e Rui Jorge (Rodrigo Tello 72); Paulo Bento e André Cruz; Sá Pinto (Pedro Barbosa 60) e João Pinto; Niculae e Jardel. Os leões apresentaram-se duma forma extremamente ofensiva, com César Prates e Rui Jorge a subirem muito no terreno – fazendo as alas, André Cruz a meio-campo, Sá Pinto e João Pinto no apoio aos 2 pontas-de-lança Niculae e Jardel. Um penalty do goleador brasileiro abriu o ativo aos 29 minutos. João Pinto aumentou a contagem aos 38 (com uma cabeçada fantástica a cruzamento de André Cruz), mas, ainda antes do intervalo, os suecos reduziram. Na 2ª parte o Sporting realizou uma grande partida, encurralando os nórdicos na sua defesa. Aos 60 minutos Sá Pinto voltou a lesionar-se gravemente (vivia uma fase problemática na sua carreira, com lesões contínuas). Pedro Barbosa entrou em jogo e Niculae marcou pouco depois o 3-1. Aos 68 Paulo Bento fez o seu 1º golo de verde e branco – com um remate magnífico de efeito, era o 4-1. Aos 72 minutos entraram na equipa Hugo Viana e Tello, passando o Sporting a jogar num mais convencional 4-4-2. Logo a seguir Jardel marcou o 5-1 para repetir o feito...
1 de Novembro de 1976. 7ª jornada do Campeonato Nacional, hora de receção ao FC Porto. Jimmy Hagan (o treinador) e Keita (o principal reforço) eram por esses dias idolatrados pela falange leonina. O Sporting era 1º classificado com 3 pontos de avanço de Varzim e FC Porto, mas vinha de ceder os primeiros pontos com um empate surpreendente no Montijo. O jogo com os portistas revestia-se, assim, da maior importância. Hagan contra Pedroto era um confronto muito curioso. À 7ª jornada perguntava-se quem seria capaz de marcar em Alvalade. Realmente, no seu campo, os leões haviam conseguido 12-0. A verdade é que o Porto também foi impotente para o bom momento verde e branco. O 3-0 final acabou por ser exagerado para aquilo que se passou em campo. A grande diferença esteve na eficácia e pragmatismo da equipa leonina. A “crítica” apontou que: “Com uma defesa assim os portistas não vão longe”. Mas as coisas para Pedroto não tinham sido tão lineares: “Escolhido a dedo o árbitro (Inácio de Almeida) deste jogo” A equipa: Conhé; Inácio, Laranjeira (cap), José Mendes e Da Costa; Valter, Fraguito e Baltazar; Manoel, Manuel Fernandes (Marinho) e Keita. O jogo começou equilibrado, mas pouco a pouco os portistas foram ganhando algum controlo. Apesar disso, Manuel Fernandes criou a 1ª grande situação de perigo ao rematar à trave. O Sporting inaugurou o marcador aos 29 minutos. Baltazar marcou um canto da esquerda, Manuel Fernandes deu um pequeno desvio na bola e Keita surgiu livre, na meia esquerda, a tocá-la para fora do alcance de Tibi. 8 minutos depois os leões aumentaram o ativo por...
28 de Outubro de 1997. O jornal “Sporting” anunciava que o clube de Alvalade contratou Raymond Ceulemans para a sua equipa de Bilhar. Aos 60 anos, tratava-se do maior “fenómeno” desportivo de todos os tempos, com o palmarés mais rico de todos os atletas do mundo seja em que modalidade fôr. Foi 81 vezes Campeão da Bélgica (partida livre, quadro 47/2, 47/1 e 71/2, uma tabela, pentatlo e 3 tabelas – 23 vezes), 69 vezes campeão da Europa (quadro 71/2, uma tabela, pentatlo e 3 tabelas – 21 vezes), 34 vezes Campeão do Mundo (partida livre-1, quadro 47/1 – 1, uma tabela-5, pentatlo-4 e 3 tabelas-23), 5 vezes Campeão da Europa por equipas, considerado por uma vez o Desportista do Ano na Bélgica e condecorado com a Medalha de Mérito Desportivo. Um espanto! No final da temporada, Raymond Ceulemans despediu-se do Sporting (após contribuir para os triunfos em mais um Campeonato Nacional e outra Taça de Portugal) com a mesma amabilidade e simplicidade com que chegou: “Tive muita honra em representar este clube. O Egídio Vieira e o Jorge Theriaga perguntaram-me há uns meses se eu estaria disposto a integrar o quarteto do Sporting na Taça dos Campeões Europeus. Disse-lhes que sim, mas que primeiro teria de pedir autorização à Federação Mundial e ao meu clube, que não me puseram qualquer problema. Eles são meus amigos de longa data e tive grande honra em representar um clube com estes pregaminhos e inaugurando uma nova sala (com a Taça dos Campeões Europeus, onde o Sporting teve uma excelente organização mas foi infeliz no campo...
26 de Outubro de 1996. A equipa de futebol do Sporting, sob o comando do belga Robert Waseige, começou razoavelmente a temporada eliminando o Montpellier da Taça UEFA e ganhando a maioria dos jogos para o Campeonato. No entanto, à 6ª jornada, a derrota no Alvalade com o FC Porto, logo seguida de outra em Metz por 2-0, vieram complicar as coisas. Ainda assim o grupo continuou unido e esperançado em dar a volta à situação. Nesse dia, à 8ª jornada do Campeonato Nacional, belo espetáculo de futebol no Alvalade entre Sporting e Benfica, que colocou os leões no 2º lugar da competição a apenas 1 ponto do FC Porto. A equipa: De Wilde; Gil Baiano, Beto, Marco Aurélio e Pedrosa; Oceano (cap) e Pedro Martins; Sá Pinto, Hadji e Dominguez; Ouattara (Paulo Alves). Essa foi uma noite de futebol viril, de jogo muito bem disputado. Logo nos primeiros minutos Sá Pinto esteve muito perto de marcar por duas vezes – primeiro a centro de Dominguez e depois com assistência de Pedro Martins, mas de ambas as vezes não o conseguiu. O Benfica, por Donizete e João Pinto, procurava também chegar às redes leoninas, mas a defensiva sportinguista ía chegando para as encomendas, destacando-se uma bela defesa de De Wilde a remate de Tahar aos 18 minutos. Aos 26 Pedrosa (de livre direto) e aos 39 Oceano (a centro de Dominguez) tiveram o golo à sua mercê, mas o intervalo chegou com uma igualdade sem golos. O início da 2ª parte foi animado, e aos 51 minutos surgiu o 1º e único golo da partida que valeu a preciosa...
25 de Outubro de 1960. Numa temporada na qual a nível interno as coisas não correram nada bem, foi nos confrontos internacionais que a equipa de futebol do Sporting mais se destacou. Géo e Figueiredo eram as principais novidades num conjunto que prometia muito, mas que não passaria do 2º lugar no Campeonato Nacional e das meias-finais da Taça de Portugal. A receção à equipa campeã brasileira do EC Bahía gerou grande expetativa, e todos aqueles que se deslocaram a Alvalade nessa noite deram o seu tempo por muito bem empregue. Orientados por Alfredo González, os leões alinharam com: Aníbal; Lino e Hilário; Ferreira Pinto, Morato e David Julius; Géo, Fernando, Figueiredo, Casaca e Seminário. O Bahía entrou muito bem no jogo e logo aos 3 minutos abriu o ativo. Hilário hesitou e o avançado “canarinho” Alencar avançou, rematando sem hipóteses para Aníbal. O mesmo jogador agrediu Seminário aos 23 minutos, fazendo a sua equipa jogar em inferioridade numérica mais de uma hora. O Sporting aproveitou para tomar conta da partida, e chegou à igualdade aos 35 minutos. Seminário passou alguns adversários e da extrema-direita centrou para a cabeça de Fernando, que não perdoou. O intervalo chegou com 1-1. Na 2ª parte o Sporting “apertou o cerco” aos brasileiros, conseguindo aumentar a contagem para números inimagináveis perante o seu categorizadíssimo adversário. Logo no 1º minuto, Fernando fez o 2-1, mas o melhor estava para vir. O último quarto-de-hora leonino foi arrasador. Aos 79 minutos, Fernando fez o hat-trick, muito motivado por defrontar compatriotas. Depois foi Figueiredo, um dos novos recrutas leoninos para esta temporada, a marcar o 4-1 aos...
25 de Outubro de 1916. Nesse dia o jornal “O Século” anunciava que com a aproximação da época futebolística o trabalho das equipas começava a ser intenso. No Sporting, cuja direção era constituída por homens com o desejo de ver o seu clube progredir continuamente, procurava-se sempre motivo para que as suas diversas equipas disputassem os campeonatos com a preparação devida. Assim, “A direção leonina organizou um campeonato por handicap entre os seus quatro teams, coisa nova em Portugal, e de efeitos seguros para a questão de treinos”, segundo o mesmo periódico. Para se ter ideia da “engenharia” regulamentar presente nesta competição, poder-se-à dizer que a equipa de honra defrontava a de segundas categorias com 3 golos de “handicap”, enquanto a terceira equipa defrontava a quarta com 2 golos de “handicap”. A vitória era adquirida à melhor de 3 desafios, havendo um 4º jogo em caso de empate. “Para premiar os vencedores a direção instituiu onze medalhas de vermeil para os primeiro e segundo grupos e onze medalhas de prata para as terceira e quarta categorias”. Refira-se, já agora, que foram os primeiro e terceiro grupos os vencedores do certame. No Sporting pensava-se futebol “a seria”. Foto (arquivo): António Stromp – esta temporada (1916-17) foi a sua última como...
25 de Outubro de 2015. Era enorme a expetativa para o Benfica-Sporting para o Campeonato, sobretudo com o regresso de Jorge Jesus ao Estádio da Luz para enfrentar a equipa (agora) de Rui Vitória. Perante perto de 65.000 pessoas o treinador leonino apostou na equipa esperada: Rui Patrício; João Pereira, Paulo Oliveira, Naldo e Jefferson; William Carvalho; João Mário, Adrien (Aquilani 77) e Bryan Ruiz; Teo Gutíerrez e Slimani (Gelson Martins 85). O Benfica entrou com alguma prevalência em jogo. Aos 8 minutos, após um canto, Bryan Ruiz foi pouco prudente a agarrou Luisão. Foi daqueles lances que acontecem dezenas de vezes num jogo e depende sempre do critério do árbitro assinalar ou não falta – Carlos Xistra achou que não havia motivos para isso. Logo a seguir após uma excelente recuperação de Adrien, este abriu muito bem em Teo que permitiu a intervenção de Júlio César mas impôs logo o corpo e marcou! O Benfica intranquilizou-se, o Sporting começou a trocar a bola com grande categoria e marcou o 2º golo aos 21 minutos numa excelente cabeçada de Slimani depois dum ótimo cruzamento de Jefferson. Aos 36 minutos veio o 3-0 por Bryan Ruiz na recarga a um belíssimo remate de Slimani para boa defesa de Júlio César. Quem esperasse uma 2ª parte de grande reação benfiquista enganou-se redondamente. O Sporting no 2º tempo não marcou mas jogou ainda melhor, com uma posse de bola magnífica fruto da excelente qualidade do seu meio-campo. Jefferson aos 57 minutos quase marcou. O Benfica também esteve perto de reduzir aos 68 após erro de Naldo (mas Rui Patrício opôs-se de forma...
24 de Outubro de 2019. 3ª jornada da Liga Europa. Com a época praticamente perdida em todas as outras frentes, o Sporting tinha nas competições europeias a oportunidade de conseguir algo esta temporada, embora se soubesse o quão difícil seria esse percurso, ainda mais com a falta de qualidade patenteada jogo após jogo pela nossa equipa. Perante estes modestos dinamarqueses, Silas apresentou a seguinte equipa: Renan; Rosier, Coates, Mathieu e Acuña; Doumbia, Wendel (Eduardo 88) e Bruno Fernandes; Bolasie, Luiz Phellype (Pedro Mendes 64) e Vietto (Borja 85) O Sporting não entrou bem no jogo, mas, mais ou menos dos 15 minutos até ao intervalo conseguiu “encostar” por vezes o adversário “às cordas”, criando algumas situações para marcar – numa delas o árbitro não viu um claríssimo braço na bola na área de um defesa dinamarquês após cabeceamento de Luiz Phellype. Uma bola na barra após a conversão de um livre por Bruno Fernandes também se destacou. Na 2ª parte os leões estiveram a um nível bastante baixo, acabando por conseguir um golo esquisito – Vietto rematou, a bola bateu num adversário, subiu muito e depois Bolasie conseguiu cabeceá-la, tabelou num defesa e enganou o guarda-redes. A nossa equipa não conseguiu escapar a alguns calafrios até final numa partida muito, muito sofrível… Ainda assim conseguimos o principal, ganhar, e ficámos relativamente bem colocados para seguir em frente nesta...
24 de Outubro de 1990. 1/16 final da Taça UEFA. Após ter eliminado meritoriamente os belgas do Malines (de Michel Preud`homme), calhou em sorte ao Sporting o Timisoara, da Roménia (e de Timofte – brilhou uns anos mais tarde no Porto e no Boavista), que eliminara na ronda anterior os espanhóis do Atlético de Madrid de Paulo Futre. Nada fazia supor aquilo que aconteceu em Alvalade (apesar do Sporting estar num excelente momento com 9 vitórias e 1 empate nos 10 jogos oficiais que a época levava) perante cerca de 50.000 pessoas numa noite agradável. Marinho Peres fez alinhar a seguinte equipa: Ivkovic; Carlos Xavier, Luizinho, Venâncio (cap) (Bozinowski) e Leal; Oceano; Litos, Careca e Filipe; Gomes e Cadete (Lima). O Sporting, sem conhecer bem o adversário, entrou com algumas cautelas no jogo, até porque Marinho Peres dissera que o mais importante de tudo seria não sofrer golos nesta 1ª partida da eliminatória em casa. Ainda assim, Cadete desperdiçou a 1ª grande oportunidade aos 12 minutos, após um bom centro de Oceano. Na primeira meia-hora os romenos mostraram algum atrevimento, e a partida foi equilibrada. Tudo mudou no entanto com o 1º golo. Aos 31 minutos Leal centrou muito bem da esquerda e Cadete chegou com a cabeça onde Jipa não o conseguiu fazer com as mãos. 5 minutos depois, e já embalado para uma exibição memorável, o Sporting chegou ao 2-0 numa jogada soberba, na qual Carlos Xavier centrou da direita para a entrada da área e Oceano tocou de calcanhar desmarcando Gomes, que na passada não perdoou. Antes do intervalo, Litos ainda teve uma excelente iniciativa que...