27 de Março de 1938. Em jogo a contar para a 10ª jornada do 4º e último Campeonato da Liga, o Sporting recebeu no Lumiar o FC Porto (também em acesa luta pelo título). O treinador leonino era Jozef Szabo, que escalou a seguinte equipa: Azevedo; Jurado e Mário Galvão; Rui de Araújo, Paciência e Manecas; Mourão, Soeiro, Peyroteo, Pireza e João Cruz.

Passados os primeiros 10 minutos de alguma indefinição, o Sporting tomou conta do jogo ganhando um predomínio acentuado que manteve até ao descanso. A linha média do Sporting assenhoriou-se do jogo, com destaque para a ação de Paciência (na foto – arquivo), o pêndulo da equipa.

Após diversas oportunidades, onde avultou um tiro de Pireza ao poste, o Sporting abriu o ativo aos 27 minutos. Mourão cruzou, Pireza recolheu e desmarcou João Cruz na esquerda. Este centrou e Peyroteo emendou com mestria para dentro da baliza. Logo a seguir surgiu o 2-0. A jogada foi de novo entre Mourão e Pireza. O centro era também destinado a Peyroteo, mas Soares dos Reis intercetou, surgindo João Cruz, oportunissimo a marcar. Até ao intervalo o Sporting criou variadíssimas oportunidades para aumentar a marca.

Na 2ª parte os verde e brancos entraram com a mesma energia, embora os portistas parecessem mais aptos à luta. Aos 57 minutos Mourão assistiu Peyroteo que correu desalmadamente por entre a defesa portista e rematou cruzado obtendo o 3-0. A partir daí as equipas parecerem algo conformadas com a sua sorte, mas os últimos 10 minutos foram fenomenais. Aos 80, muito rápido a acorrer a um ressalto, João Cruz fez 4-0. Na resposta, Ângelo, em recarga a uma defesa incompleta de Azevedo, fez o “ponto de honra” dos nortenhos, mas o Sporting queria acabar em beleza e Mourão foi dono dum tento extraordinário. Segundo o jornal “Os Sports”: “Peyroteo aproximou-se da baliza de Soares dos Reis e perdeu o momento. Mourão, porém, entrou ao lance com o pé direito de viés e voltando as costas à baliza deu uma volta sobre si para com o pé esquerdo na queda rematar um dos mais lindos golos da sua carreira”. Antes do fim, Mourão foi à linha e centrou atrasado para Peyroteo, sempre pronto “transformar colossalmente”. Antes do final Costuras ainda atirou à trave.

A exibição do Sporting teve vontade e ligação. A equipa brilhou “tanto em garra como em pormenores técnicos”. Paciência e Peyroteo foram os melhores num coletivo em magnífica tarde de 6-1 ao FC Porto!

Embora batesse o recorde de golos marcados (67) e tivesse o melhor marcador destacadíssimo (Peyroteo com 34), o Sporting voltou a não conseguir o título no último Campeonato da Liga, uma competição experimental (embora oficial) que não sagrava o campeão nacional. Esse continuou a vir, até esse ano (1938), do Campeonato de Portugal.

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