10 de Junho de 1944. Dia de festa. Inaugurava-se finalmente o Estádio Nacional. Portugal passava a ter, enfim, um Estádio que era mais um símbolo do Estado Novo, construído, inclusivamente, à imagem e semelhança de algumas construções hitlerianas.

Os leões decidiram nomear sócio honorário do clube o general Óscar Carmona com a justificação de que: “O Estado prometera ao Desporto Nacional o seu estádio. A promessa cumpriu-se. E o Sporting paga a sua quota-parte na dívida de gratidão do Desporto Nacional, permitindo-se reconhecer seu sócio honorário a figura veneranda do nosso Chefe do Estado”…

Em compita (no “prato-forte” da festa) o Sporting (Campeão Nacional) e o Benfica (vencedor da Taça de Portugal). Orientados por Jozef Szabo, os leões apresentaram: Azevedo; Álvaro Cardoso e Manecas; Canário, Barrosa e Eliseu; Mourão, João Cruz, Peyroteo, António Marques (na impossibilidade de ser substituído à última hora jogou, apesar do falecimento da mãe, e com uma “direta nas costas”) e Albano.

O Benfica começou abertamente ao ataque, mas foi o Sporting, por João Cruz, a criar a 1ª sensação de golo. O Sporting ia tapando os caminhos da baliza com Azevedo em bom plano. A certa altura Albano fugiu como uma seta pela esquerda obrigando Martins à defesa da tarde. O Sporting animou-se com este lance e começou a adiantar-se no terreno. Albano e Mourão estiveram depois pertíssimo de marcar. No último quarto-de hora do 1º tempo os benfiquistas retomaram o comando do jogo e podiam ter inaugurado o marcador.

Para a 2ª parte o Benfica voltou a entrar melhor, mas sem criar perigo. Azevedo saía muitas vezes da baliza a cortar ofensivas adversárias. Aos 60 minutos lá surgiu a festa. Concluindo jogada entre Canário e Mourão, Peyroteo não teve dificuldades em fazer o 1º golo da História do Estádio Nacional. Logo a seguir Albano falhou novo golo por pouco, e durante 10 minutos o Sporting podia ter resolvido a partida (Albano, por exemplo, atirou à trave) tal foi o seu domínio. Só que não o fez e aos 79 minutos aconteceu o empate por Espírito Santo a concluir um livre ao estilo de “canto mais curto” apontado por Albino.

Até final o Benfica poderia ter marcado de novo mas a defesa do Sporting respondeu bem, verificando-se também alguma imperícia dos encarnados. Houve então que recorrer a um prolongamento de meia-hora, e logo no 1º minuto Peyroteo, fazendo uso da sua força natural, rompeu pela defesa adversária e rematou sem hipóteses para Martins. Ambas as equipas estavam fatigadas, mas foi naturalmente a do Benfica a tentar lançar-se ao ataque. Apesar disso, Eliseu “arrumou” o jogo logo no início da 2ª parte do tempo extra. Apesar de magoado (e por isso lançado para extremo-esquerdo) o médio sportinguista avançou sem oposição e rematou para o fundo das malhas. Até final Julinho ainda reduziu, mas já sem hipóteses de discutir a vitória.

A partida terminou quase de noite, merecendo o Sporting pelo seu coletivo consistente a vitória nessas Taças Império (entre vencedor de Campeonato e Taça) e Estádio (instituída pelo governo de Salazar), tendo sido o trio defensivo e Canário os jogadores mais em foco na equipa leonina.

O jogo marcou também a despedida, em glória, de duas das figuras maiores da História futebolística leonina e nacional – Adolfo Mourão e Manuel Soeiro (este ainda faria, inesperadamente, 1 jogo na época seguinte).

Nas provas de Atletismo que também fizeram parte da festa, Abrunhosa e Manuel Núncio (nos 100 metros), e João Jacinto nos 800, fizeram com que o Sporting ganhasse tudo o que havia para ganhar nessa tarde.

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