26 de Junho de 1949. Neste dia o Sporting estreou-se na 1ª Taça Latina, defrontando e derrotando os italianos do Torino, naquela que foi a 1ª vitória leonina em jogos a contar para competições internacionais de Futebol.
Numa antevisão da 1ª Taça Latina em Futebol o jornal “France Football” afirmava que: “O Sporting, campeão nacional, é seguramente a equipa mais forte de Portugal, ainda que o seu principal adversário interno seja o Benfica, que é um clube muito popular. O Sporting passa por ser um clube aristocrático. A sua fama está solidamente vincada. É há vários anos campeão nacional e tem um certo dom para defrontar equipas estrangeiras, como se tem ultimamente verificado. O Sporting está na vanguarda da evolução operada no futebol em toda a parte. O seu orientador é o antigo selecionador Cândido de Oliveira, redator principal do jornal “A Bola”, que mantém desde longa data uma viva campanha no seu jornal a favor do jogo moderno e do profissionalismo. A grande força do futebol do Sporting reside na sua linha de ataque que pratica um jogo de permutação de lugares dos mais audaciosos e dos mais bem sucedidos. Além disso, é este clube o principal fornecedor de avançados à equipa nacional. Peyroteo, Travassos (o melhor de todos e capitão de equipa), Albano, Vasques e Jesus Correia são todos internacionais. A defesa não tem tantos internacionais, avultando o guarda-redes Azevedo que é ainda o melhor de Portugal. É curioso notar que estes jogadores costumam jogar melhor pelo seu clube que por Portugal, mas como estamos acostumados a julgá-los pelas suas prestações na equipa nacional não se faz uma ideia exata do seu valor…”
Os campeões de Portugal, Espanha, França e Itália foram os participantes na competição. Em sorte, coube aos leões defrontarem na 1/2 final aquilo que restava do Torino (equipa dizimada pelo choque do avião que a transportava após um jogo em Portugal frente ao Benfica, contra a catedral de Superga). No Estádio Metropolitano de Madrid, perante um público hostil, os leões alinharam com: Azevedo; Octávio Barrosa e Juvenal; Canário, Manecas e Veríssimo; Jesus Correia, Vasques, Peyroteo, Travassos e Albano.
Peyroteo marcou todos os golos da vitória sportinguista (aos 15, 26 e 48 minutos) por 3-1. O avançado-centro leonino fez aqui o seu último golo em provas oficiais pelo Sporting e o 1º do clube em competições internacionais de clubes.
Com esta magnífica exibição e consequente vitória mais se adensou a convicção em muitos de que o Sporting seria mesmo a melhor equipa europeia, mas faltava a final…
O jogo decisivo disputou-se em Chamartin a 3 de Julho perante o FC Barcelona. Com 30.000 pessoas a assistir, o Sporting alinhou com a mesma equipa do jogo frente aos italianos. Os espanhóis marcaram logo aos 10 minutos por Cesar. Aos 26 Jesus Correia empatou a passe de Albano e após simulação de Vasques. Foi um remate disparado em corrida que fez a bola entrar como uma flecha pelo ângulo superior da baliza de Velasco. Basora, um jovem de 21 anos, com um talento fantástico, fez o 2-1 para os espanhóis aos 60 minutos. O Sporting só a espaços conseguia atacar, mas na parte final Peyroteo e Jesus Correia falharam golos certos, sobretudo este, que a 1 metro da linha de baliza conseguiu atirar por cima da barra…
Numa partida em que o coletivo não funcionou como normalmente acontecia, Juvenal e Travassos estiveram irreconhecíveis, enquanto Azevedo e Manecas foram do melhor que a equipa teve, bem secundados por Barrosa, Albano e Jesus Correia.
Apesar da derrota foi apoteótica a chegada ao Aeroporto da Portela. Milhares de adeptos esperavam a equipa para a vitoriar por, apesar de não ter ganho, mais uma vez ter elevado bem alto o seu nome e o do país. Em Espanha manteve-se a ideia de o Sporting era um dos grandes da Europa. Para o diário “Madrid”: “O Sporting constituiu uma equipa valiosa e perigosa, mas longe de se revelar o onze sem rival que os portugueses querem fazer crer”. Já para o catalão “El Mundo Deportivo”: “Cândido de Oliveira formou uma grande equipa, atlética no físico e com excelente preparaçâo técnica, cujas linhas atuam com serenidade e precisão, fornecendo constantemente a impressão de uma coisa maciça, bem trabalhada”. Na “Marca” escreveu-se que: “Em Espanha ficaram apenas resquícios duma grande equipa, das melhores do continente europeu, e dum guarda-redes fabuloso: João Azevedo”.
Acrescente-se ainda que este jogo da final foi o último oficial de Peyroteo e, consequentemente, dos famosos “5 violinos”.